No dia de ontem, 06 de julho, terminou novamente sem acordo a audiência de conciliação no Tribunal entre o Sindicato dos Metroviários e o Metrô de São Paulo. O Metrô negou-se novamente a pagar o salário integral dos funcionários da categoria, que foi cortado de maneira totalmente intransigente por parte da empresa no último dia 30 de junho.
Os cortes são referentes à redução de benefícios conquistados com muita luta ao longo dos últimos anos, como periculosidade, adicional noturno, vale transporte, entre outros. A justificativa para o ataque seria a diminuição no caixa do Metrô devido à redução no número de passageiros imposta pela pandemia. No entanto, durante todo esse período difícil, os metroviários seguiram trabalhando e arriscando suas vidas para garantir a circulação da população, especialmente dos trabalhadores de serviços essenciais e de pessoas em busca de atendimento médico.
Sindicato dos Metroviários SP
Já são mais de 200 metroviários e metroviárias afastados do trabalho pela contaminação por Covid-19 e, infelizmente, um óbito de um metroviário, Armandinho, que era um ativista que dedicou sua vida na luta por melhores condições de trabalho para a categoria. Em contrapartida, o Metrô não disponibilizou EPI’s, convocou todos os funcionários pertencentes ao grupo de risco para trabalhar, não fez testes em toda a categoria e, agora, corta salários numa clara demonstração de desrespeito a esses trabalhadores.
Já não seria razoável caso assim fosse, mas a medida arbitrária do Metrô não tem uma implicação momentânea, válida somente para equilibrar os gastos da empresa, como é argumentado. Ela é ainda mais grave: o que está sendo feito é a imposição de um novo acordo coletivo desfavorável aos trabalhadores aproveitando-se do cenário da pandemia.
Embora Doria tenha tentado se diferenciar de Bolsonaro nos últimos meses, a verdade é que, no que diz respeito à economia e aos interesses da elite econômica do país, ambos disputam para se mostrarem os melhores na aplicação de ataques aos trabalhadores que garantam lucros astronômicos para os empresários. Ambos querem retirar direitos, privatizar as empresas públicas e governar para os mais ricos. Mais uma prova disso é a sanção feita por Bolsonaro da MP 936, publicada em Diário Oficial hoje pela manhã. Além de permitir a redução salarial, sem garantir a estabilidade de emprego e enfraquecer a organização coletiva dos trabalhadores, Bolsonaro vetou o artigo que impedia a negociação de novos acordos coletivos durante o período de quarentena.
Frente à intransigência do Metrô e de Dória e ao esgotamento das negociações no Tribunal, os metroviários têm uma assembleia virtual nesta terça, 07, às 18h para definir o que fazer.
A greve parece ser a melhor saída para mostrar a força e a unidade da categoria e impor uma derrota ao governo do estado.
Essa greve não é uma greve por salário, a categoria não está reivindicando aumento salarial. Se o interesse do Metrô é reduzir custos, deve começar acabando com as nomeações sem concurso na cúpula da empresa e com a gratificação de função, um adicional pago apenas à chefia. Essa é uma greve por direitos, pela dignidade dos trabalhadores e deve ser apoiada por toda a sociedade paulista.
Sem resistência, um ataque dessas dimensões deve facilmente ser replicado em outras categorias do funcionalismo público e transformar-se num ataque a toda classe trabalhadora. Convidamos a todos a fazer publicações com #EuApoioOsMetroviarios e a se manifestarem ao lado dos metroviários e metroviárias.
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