Não, não é. Pelo menos não principalmente.
Nós vivemos em um momento de enorme dificuldade, no qual, há poucos meses, nenhum de nós imaginava que ia viver. Ter um neo-fascista com tendências supremacistas brancas no Governo Federal já era péssimo. Mas, o surgimento de uma pandemia levou essa situação ao limite.
O coronavírus precipitou uma crise econômica que já vinha sendo gestada há anos e era, dia após dia, agravada pelos devaneios pseudo liberais das elites herdeiras dos escravocratas. Tentaram transformar precarização em empreendedorismo e retirada de direitos em progresso. Não ia dar certo, é óbvio, mas o corona acelerou tudo isso.
Com a sua entrada avassaladora de país em país, as respostas ao mesmo demonstraram que a política no seu combate fariam toda a diferença. No Brasil, a combinação da gana da elite racista, da hipocrisia neoliberal e a degeneração moral que gerou o neo-fascismo, produziu um dos piores, se não o pior, cenário mundial.
Esse texto está longe de ter como objetivo de passar pano pro “tiozão do churrasco” sem noção, que por que acha que é muito homem, não precisa de quarentena. Ao contrário. Mas a ideia é debater quem são os principais responsáveis por esse cenário de filme de apocalipse.
Jair Bolsonaro defendeu que tratássemos o anormal, o inaceitável, com tranquilidade. Fez isso por que aprendeu nos porões da ditadura e nas mansões da Barra da Tijuca a esconder corpos e a disfarçar os óbitos. Acenou para os escravagistas mais desavergonhados do Brasil, dizendo: Confie em mim, sou cria dos mais habilidosos genocidas de nossa história.
O descaramento do presidente foi tamanho, que fez com que figuras sinistras como João Dória e Wilson Witzel parecerem razoáveis. Aqui em BH, para a extrema direita, Kalil em quatro semanas passou de empresário anti-política a Comunista com C maiúsculo.
Mas Jair tem requintes de crueldade, aprendeu com seus mestres. Foi contra o auxílio emergencial até o fim, nada fez pelos pequenos empresários, pelos donos de bares, pelos donos de banca de jornal. Por que sabia, se a única alternativa que tiverem for ficar em casa e passar fome, ou lutar pelo seu sustento, vão escolher a segunda.
Bolsonaro fez mais, incitou suas hordas nas ruas, os neofascistas raivosas vociferam: “Comunista”, para qualquer um que anda de máscara na rua. Todo mundo aqui já foi na padaria e passou pela desagradável situação de ter um homem branco de meia idade quase babando ao seu lado, sem máscara, de propósito, quase que dizendo: “Eu não ligo de morrer, diferente de você, seu covarde”. Nós ligamos sim de morrer, nossas vidas importam.
Não se enganem, cedo ou tarde, e nós temos que lutar para que seja cedo, Bolsonaro e sua política frente à pandemia irão entrar para a história da humanidade. Vai estar junto com os ditadores, genocidas obscurantistas, dos inimigos da liberdade, do conhecimento, dos inimigos do povo.
Bolsonaro é culpado por cada vida a mais que for perdida nessa pandemia. No entanto Jair tem cúmplices, Romeu Zema, apesar de usar sapatênis e não botina militar, vai para o mesmo lugar na história, talvez com a única diferença de ser ainda mais covarde.
Eles nos colocaram entre o vírus e a doença. Está todo mundo liberado para ficar com raiva e até xingar o vizinho sem noção. Mas nunca tirem da cabeça que os responsáveis pelo desastre que ocorre no Brasil, é Bolsonaro, seu governo e a elite escravocrata e racista que o apoia. O encontro deles está marcado com a história.
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