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EDITORIAL

Quarta de luta: breque dos APPs e greve de metroviários

Editorial de 30 de junho de 2020
Mídia Ninja, Reprodução

ATUALIZAÇÃO
Na noite desta terça, 30, os metroviários de São Paulo, em assembleia virtual, decidiram pelo adiamento da greve, e a garantia de uma rodada de negociação nesta quarta-feira.

 

No meio dessa pandemia que já dura quase quatro meses, quem ainda não percebeu a importância dos trabalhadores essenciais? Trabalhadoras da saúde combatendo a covid-19. Trabalhadores do campo garantindo a alimentação da população. Metroviários, motoristas e cobradores garantindo o transporte público nas cidades. Entregadores de aplicativos levando comida às pessoas. Trabalhadoras da limpeza conservando as condições de higiene a todos. 

Além dessas, há inúmeras outras categorias de profissionais que estão expostas ao risco de contágio para manter o funcionamento da produção e dos serviços essenciais para o conjunto da sociedade se reproduzir. 

Mas qual a retribuição dos grandes empresários e governantes para essas mulheres e homens trabalhadores tão fundamentais nesse momento de pandemia e crise econômica? Aplicam novos e duros ataques às suas condições de trabalho, de salário e de direitos básicos. 

Vejamos dois exemplos disso. Entregadores de aplicativos de todo o país e metroviários de São Paulo farão greve nesta quarta (1). Por quais motivos? 

No caso dos APPs, os trabalhadores têm longas jornadas de trabalho, superiores a 12 horas todos os dias; recebem, em média, apenas R$ 2 a cada seis quilômetros rodados; e não têm nenhum direito trabalhista, pois sequer existe vínculo empregatício reconhecido. Além disso, são punidos arbitrariamente pelas empresas; obrigados a trabalhar aos fins de semana; não recebem nem mesmo equipamentos de segurança básicos na pandemia (como máscara e álcool em gel); entre outras formas de exploração selvagem que produzem a fortuna dos donos das plataformas Ifood, Rappi, Uber Eats, Loggi etc. 

Exigindo valorização e direitos mínimos, os até 10 milhões de entregadores de aplicativo prometem parar suas motos e bicicletas nesta quarta. 

Os metroviários de São Paulo podem também entrar em greve nesse mesmo dia. O Metrô (empresa pública estatal de responsabilidade do governo Dória) não pagou o salário integral dos funcionários da companhia. Além disso, cortou uma série de adicionais que compõem o ganho salarial da categoria. Os metroviários, que garantem que o transporte público na maior cidade do país arriscando suas vidas (quase 300 funcionários já foram infectados), recebem em retribuição do governo do estado redução salarial e destruição de direitos. 

O breque dos APPs e a greve dos metroviários merecem amplo apoio da sociedade brasileira, em especial da classe trabalhadora, suas organizações sindicais e partidos. Os trabalhadores essenciais não merecem só aplausos nas janelas, mas, sobretudo, respeito aos seus direitos e valorização real.

Nesta quarta (1), vamos, todos e todas, prestar nossa solidariedade aos entregadores e metroviários. Nas redes sociais, vale postar mensagens, noticias e hashtags de apoio às greves, pressionando as empresas e o governo para que atendam às demandas dos trabalhadores. Neste dia, ninguém deve fazer compras por aplicativos.   

A greve dos entregadores e a dos metroviários não se resumem à defesa dos direitos específicos dessas categorias. Trata-se de lutas que, se vitoriosas, fortalecem toda classe trabalhadora brasileira, a qual, nesse momento, está sofrendo com demissões, reduções salariais e perdas de direitos. 

O custo dessa crise do capitalismo deveria ser pago pelos banqueiros, grandes empresários e super-ricos, e não pelos trabalhadores. Mas o governo Bolsonaro, a maioria do Congresso, o poder Judiciário e a maior parte dos governadores, apesar das diferenças políticas existentes entre eles, estão juntos na defesa dos lucros da grande burguesia, sacrificando vidas, empregos e direitos dos que vivem do suor de seu trabalho. 

Amanhã, somos todas e todos entregadores e metroviários! Viva a luta da classe trabalhadora!