ATUALIZAÇÃO
Na noite desta terça, 30, os metroviários de São Paulo, em assembleia virtual, decidiram pelo adiamento da greve, e a garantia de uma rodada de negociação nesta quarta-feira.
No meio dessa pandemia que já dura quase quatro meses, quem ainda não percebeu a importância dos trabalhadores essenciais? Trabalhadoras da saúde combatendo a covid-19. Trabalhadores do campo garantindo a alimentação da população. Metroviários, motoristas e cobradores garantindo o transporte público nas cidades. Entregadores de aplicativos levando comida às pessoas. Trabalhadoras da limpeza conservando as condições de higiene a todos.
Além dessas, há inúmeras outras categorias de profissionais que estão expostas ao risco de contágio para manter o funcionamento da produção e dos serviços essenciais para o conjunto da sociedade se reproduzir.
Mas qual a retribuição dos grandes empresários e governantes para essas mulheres e homens trabalhadores tão fundamentais nesse momento de pandemia e crise econômica? Aplicam novos e duros ataques às suas condições de trabalho, de salário e de direitos básicos.
Vejamos dois exemplos disso. Entregadores de aplicativos de todo o país e metroviários de São Paulo farão greve nesta quarta (1). Por quais motivos?
No caso dos APPs, os trabalhadores têm longas jornadas de trabalho, superiores a 12 horas todos os dias; recebem, em média, apenas R$ 2 a cada seis quilômetros rodados; e não têm nenhum direito trabalhista, pois sequer existe vínculo empregatício reconhecido. Além disso, são punidos arbitrariamente pelas empresas; obrigados a trabalhar aos fins de semana; não recebem nem mesmo equipamentos de segurança básicos na pandemia (como máscara e álcool em gel); entre outras formas de exploração selvagem que produzem a fortuna dos donos das plataformas Ifood, Rappi, Uber Eats, Loggi etc.
Exigindo valorização e direitos mínimos, os até 10 milhões de entregadores de aplicativo prometem parar suas motos e bicicletas nesta quarta.
Os metroviários de São Paulo podem também entrar em greve nesse mesmo dia. O Metrô (empresa pública estatal de responsabilidade do governo Dória) não pagou o salário integral dos funcionários da companhia. Além disso, cortou uma série de adicionais que compõem o ganho salarial da categoria. Os metroviários, que garantem que o transporte público na maior cidade do país arriscando suas vidas (quase 300 funcionários já foram infectados), recebem em retribuição do governo do estado redução salarial e destruição de direitos.
O breque dos APPs e a greve dos metroviários merecem amplo apoio da sociedade brasileira, em especial da classe trabalhadora, suas organizações sindicais e partidos. Os trabalhadores essenciais não merecem só aplausos nas janelas, mas, sobretudo, respeito aos seus direitos e valorização real.
Nesta quarta (1), vamos, todos e todas, prestar nossa solidariedade aos entregadores e metroviários. Nas redes sociais, vale postar mensagens, noticias e hashtags de apoio às greves, pressionando as empresas e o governo para que atendam às demandas dos trabalhadores. Neste dia, ninguém deve fazer compras por aplicativos.
A greve dos entregadores e a dos metroviários não se resumem à defesa dos direitos específicos dessas categorias. Trata-se de lutas que, se vitoriosas, fortalecem toda classe trabalhadora brasileira, a qual, nesse momento, está sofrendo com demissões, reduções salariais e perdas de direitos.
O custo dessa crise do capitalismo deveria ser pago pelos banqueiros, grandes empresários e super-ricos, e não pelos trabalhadores. Mas o governo Bolsonaro, a maioria do Congresso, o poder Judiciário e a maior parte dos governadores, apesar das diferenças políticas existentes entre eles, estão juntos na defesa dos lucros da grande burguesia, sacrificando vidas, empregos e direitos dos que vivem do suor de seu trabalho.
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