“Àwà ní ìbí tí àwà lònì, nítòrípè à dúrò léjìkà, awò n’ tí wòn wa síwàjú wà.”
“Estamos onde estamos hoje porque estamos sobre os ombros daqueles que vieram antes de nós.”
(Provérbio yorubá)
Nosso domingo ficou infinitamente triste com a notícia do falecimento de nossa camarada Fátima Fernandes. Expressar em palavras a dor da perda de uma camarada da envergadura e estatura de nossa querida Fátima não é uma tarefa fácil. Sua firmeza na defesa de suas posições, a fortaleza moral e política que marcou sua atuação em toda vida militante, sua dedicação à construção do projeto socialista e revolucionário, seu amor à celebração da vida são alguns dos ensinamentos que deixará para todos e todas nós que tivemos a oportunidade de tê-la ombro a ombro nestes anos de luta e que daremos continuidade ao legado ao qual dedicou seus melhores anos e que levou de forma exemplar até o fim de sua vida.
Mas ainda assim, seria insuficiente para traduzir a grandeza de nossa camarada. Feminista, mãe, professora, uma revolucionária convicta, Fátima Fernandes é um grande exemplo do que chamamos de imprescindíveis. Iniciou sua trajetória política na década de 80, construiu a Convergência Socialista, o PSTU e nossa corrente revolucionária, Resistência PSOL, sendo parte fundamental em nossa atuação também na luta incansável em defesa da educação pública e na construção de uma alternativa de direção para a APEOESP.
Há anos lutava muitos combates, dentre eles, o combate a uma doença que debilitou muito sua condição física, mas de forma alguma seu espírito guerreiro, sua garra, sua fibra e disposição de viver e lutar por um mundo livre da opressão e exploração: um mundo socialista.
A ausência da presença de nossa camarada, de sua firmeza e compromisso em tempos tão difíceis, como o que atravessamos, tornará nossa luta ainda mais difícil. Mas ao mesmo tempo, seu exemplo, seguirá vivo em cada um de nós e será nosso guia para que sigamos lutando para manter vivo o seu legado e fazendo jus à grandeza de sua convicção, que nos permitiu chegar até aqui.
Trotsky, em seu testamento, sintetizou algo que temos certeza que traduziria os sentimentos de nossa camarada e que deve ser um farol para nossa travessia nestes tempos sombrios: “Sejam quais forem as condições de minha morte, morrerei com uma fé inquebrantável no futuro comunista. Esta fé no homem e em seu futuro dá-me, mesmo agora, uma tal força de resistência como religião alguma poderia me fornecer.”
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