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BRASIL

Manifesto dos Estudantes Cotistas do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul   

Divulgação

“Nós, estudantes de mestrado, ingressantes do último processo seletivo pelo sistema de Ações Afirmativas, realizado em 2019/1, pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação(PPGEDU) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul(UFRGS), nos manifestamos contra a Portaria nº 545, de 6 de Junho de 2020, que revoga a Portaria Normativa nº 13, de 11 de Maio de 2016 , que dispõe sobre a adoção de Ações Afirmativas na Pós-Graduação.

Ressaltamos que a Comissão de Pós-Graduação em Educação (COMPÓS) instituíram, em 2016, uma comissão com a atribuição de elaborar uma proposta de política afirmativa para ingresso e permanência de indígenas, negras(os) e pessoas com deficiência nos cursos de Mestrado e Doutorado.

Assim, em 24 de outubro de 2016, em reunião ordinária do Conselho do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi aprovada por unanimidade a Resolução 01/2016 que instituiu o sistema de reserva de vagas para candidatas(os) autodeclaradas(as) negras(os), indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas travestis e transexuais, para ingresso nos cursos de Mestrado e Doutorado.

A Comissão de Acompanhamento do Sistema de Reserva de Vagas do PPGEDU desde então tem realizado ações com outros Programas de Pós-Graduação e setores da própria universidade, além de outras Instituições Federais de Ensino Superior com vistas a aprimorar o ingresso, acompanhar e promover a permanência das/os estudantes admitidas/os pelo sistema de reserva de vagas.

As Políticas de Ações Afirmativas são uma das grandes conquistas promovidas pelos agentes do Movimento Negro Brasileiro no século XXI, trata-se de medidas de reparação que visam promover a igualdade de oportunidades a determinados grupos étnicos ou raciais historicamente discriminados, através da reserva de vagas.

Por intermédio da produção de nossas pesquisas, temos contribuído de forma qualitativa para a ampliação de outras percepções de mundo no ambiente acadêmico e fora dele, reforçando cada vez mais que só haverá democracia em nosso país quando pessoas negras, indígenas, mulheres, comunidade LGBTQI+ e pessoas com deficiência deixarem de ser discriminadas, ou seja, uma sociedade multirracial e pluricultural.

Não é a primeira e nem será a última vez que a Educação e a Ciência no Brasil passam por ataques, os atuais ocupantes do poder executivo, desde que foram eleitos, têm se mostrado defensores de uma agenda política hostil e antidemocrática, que remete aos piores anos da história do país.

Por tanto, nós não aceitamos essa medida e convidamos os demais docentes e discentes a somar aos esforços pela defesa da autonomia universitária, pela defesa da ciência e por uma educação pública de qualidade, mas também pelas #AçõesAfirmativasnaPós, pois #NãoQueremosSerOsÚltimos.

Porto Alegre, 19 de Junho de 2020

Mestrandas e Mestrandos Cotistas do Programa de Pós-Graduação em Educação
da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Marcado como:
cotas raciais / UFRGS