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BRASIL

Diante da tragédia social e humana, uma nova ação de solidariedade de classe foi a nossa resposta

Roberto “Che” Mansilla, do Rio de Janeiro, RJ

Na tarde dessa quinta-feira, 18 de junho, professores, ativistas e petroleiros estivemos, mais uma vez, na Comunidade da Ficap (Pavuna) para uma nova ação de solidariedade de classe àqueles que mais precisam.

No mesmo dia, o Brasil superou 1.200 novas mortes pelo 3º dia, com um total de 47.869, segundo um consórcio de vários veículos de imprensa que, depois da decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid 19, buscam informações diretamente das secretarias de Saúde das 27 unidades da federação.[1]

É importante dizer que se a transmissão viral é uma possibilidade e a responsabilidade por esses altíssimos números que colocam o Brasil no segundo lugar em número de mortes absolutas (somente atrás dos EUA) é de responsabilidade direta de Bolsonaro. Desde o início o governo federal fez sua escolha pelo negacionismo, pela minimização da preocupação com o aumento dos casos (ficou famosa sua desumana frase: “e dai?”), em não garantir as condições básicas para que a população trabalhadora mais vulnerável pudesse cumprir o isolamento social, nossa “única vacina” para evitar novos casos. Continuamos sem testes em massa, sem uma fila única no SUS para atendimento e sem melhores recursos para os profissionais de saúde. Há um mês não temos Ministro da Saúde. E diante do agravamento da pandemia no Brasil, o governo federal, no início do mês de junho, anunciou que enviará ao Congresso Nacional a diminuição do auxílio emergencial em duas parcelas de R$ 300,00 (hoje o valor é de R$600,00). Mesmo quando muitos brasileiros sequer conseguiram receber o auxílio, devido ao caos do processo de pagamento do programa. Um verdadeiro escárnio. Ou melhor, genocídio é o que melhor define esse (des)governo neofascista.

Todavia, convém responsabilizar o governador Witzel e o prefeito Crivella por ter implementado  a reabertura na capital com o relaxamento na restrição da circulação de pessoas, cedendo às pressões feitas pelas grandes empresas e bancos. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou, na tarde desta quinta-feira, que o RJ tem 8.412 mortes e 87.317 casos confirmados de Covid-19. Nas últimas 24 horas foram 274 óbitos e 354 casos confirmados.[2] Ou seja, ou números continuam em alta, mesmo que os governos neguem. Nos últimos 30 dias o número de mortes no Rio de Janeiro aumentaram em 8 vezes; Embora São Paulo tenha mais casos de covid-19, a letalidade do Rio de Janeiro é a maior do Brasil, com 9,5%.[3] A falta de testes, o sistema de saúde sobrecarregado (pacientes chegam aos hospitais em casos graves) e as aglomerações contribuem para esses números crescerem, segundo especialistas da Fiocruz.

Por tudo isso, contrário à lógica genocida de Bolsonaro e a irresponsabilidade criminosa de Witzel e Crivella é de suma importância agirmos sob outra perspectiva: a da solidariedade ativa, da ajuda emergencial para combater a fome e suprir as necessidade imediatas daqueles que mais precisam.

Dessa forma, nesta quinta-feira, 18, professores, ativistas e petroleiros fomos novamente a Comunidade da Ficap, na Pavuna. Depois de duas semanas de uma campanha de arrecadação, atendemos 13 famílias com uma cesta básica de R$ 160,00 necessárias para atender 4 a 5 pessoas por um pouco mais de um mês. Também foram distribuídos kits de higiene e máscaras de proteção, na qual agradecemos aos companheiros da Frente Ampla Suburbana pela ajuda.

Por fim, temos certeza que essa segunda ação de solidariedade ativa que fizemos hoje (há exatamente um mês do que fizemos), fortalecem laços sociais importantes, construídos nesse momento crítico. Nossa esperança e empenho construtivo é que possamos estar juntos, lado a lado com a população trabalhadora para a necessária resistência das próximas lutas que precisarão ser travadas contra o governo neofascista de Bolsonaro (para sua derrubada nas ruas, assim que for possível) e aos demais governos que retiram direitos e precarizam a vida dos trabalhadores, além de cometerem assassinatos nas favelas.

*Roberto “Che” Mansilla é Professor de História e militante da Resistência/PSOL-RJ

 

Referências:

[1] https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/06/18/coronavirus-covid-mortes-casos-18-junho.htm (Acessado em 18.06.2020)

[2] https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2020/06/5936264-rio-tem-mais-de-8-4-mil-mortes-por-coronavirus.html (Acessado em 18.06.2020)

[3] “Taxa de letalidade do Coronavírus no Rio de Janeiro é a maior do país”. Ver reportagem do Jornal da Record de 16.06.2020 em https://www.youtube.com/watch?v=tWFrhuuh_CY. (Acessado em 18.06.2020)