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BRASIL

Maracanã, 70 anos: “Saudades de você, velho amigo”

Bruno Pinheiro Lima*
Arquivo / Fed. Paulista de Futebol

Inauguração do Maracanã, em 16 de junho de 1950, em partida com time paulista.

Ainda guardo na memória a primeira e a última vez que pisei no Maraca. Conheci o “Maior do Mundo” em uma tarde em 2001, aos 15 anos, na final da Copa João Havelange,  Vasco 3  x 1 São Caetano, o jogo da camisa do SBT. Ainda sonho com aquele dia. Meu último jogo foi em 2009, Copa do Brasil, Vasco 1 x 1 Corinthians. E desde então nunca mais pisei no cimento sagrado. Nesses já quase 10 anos que estou longe da minha cidade natal, poucas foram as vezes que meu time do peito esteve no Maracanã enquanto eu estive pela cidade. E em nenhuma delas senti desejo de ir ao estádio. Neste ano me deu até uma certa animada, pois poderia pegar um Flamengo x Vasco no Maracanã. Mas eu tenho a noção que quando ocorrer esse reencontro, não será mais a mesma coisa. 

Nesta terça, 16/06, os jornais noticiaram que o Maracanã completou 70 anos. Me desculpem, mas a data marcou os 10 anos do nascimento de uma ideia higienista da cidade do Rio de Janeiro pensada a partir do futebol. Como escreveu o historiador carioca Luiz Antonio Simas, “não acredito em qualquer pacto ou qualquer reconstrução da cidade do Rio de Janeiro – esfacelada, aniquilada em seu imaginário, assaltada, extorquida, mediocrizada – que não passe pela devolução do estádio do Maracanã aos cariocas.” 

Aquela ideia de espaço democrático, obviamente que com várias objeções, mas onde todas as classes tinham acesso ao estádio, morreu. O imaginário e a mística do Maracanã se foram. Isso também não significa dizer que a disputa pelo espaço se acabou. Não faz muito tempo meu filho começou a frequentar o novo Maracanã, e me disse que se emocionou quando pisou pela primeira vez dentro do estádio. É nessa nova geração que criará novas relações afetivas naquele novo espaço, que me apego. Que entendam o tamanho histórico e o peso daquele lugar, e que lutem para a sua redemocratização. Saudade de você, velho amigo. 

 

*Bruno Pinheiro Lima é professor, carioca, vascaíno e Militante da Resistência/PSOL no Ceará.

 

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