Neste momento o número de mortos por conta da pandemia da COVID-19 ultrapassa os 40 mil. Este número poderia ser menor se o estado priorizasse a defesa da vida e não o lucro, como ocorre neste momento com a flexibilização da quarentena, medida defendida desde o início pelo governo fascista de BOLSONARO e incorporada nesse momento por prefeitos e governadores.
O que temos é mais um exemplo de que o estado e governos se subordinam ao capital usurpando o poder público na defesa do interesse de uma minoria privilegiada que explora os trabalhadores e saqueiam o estado. Para manter essa situação não poupam ninguém, negam os fatos científicos e assassinam liderança políticas, como é o caso da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson.
O SUS segue sucateado e a população pobre morre nas filas. O serviço de segurança pública está a serviço de salvaguardar a impunidade dos poderosos que estão organizados inclusive na forma de milícia, um poder paralelo cada vez mais incentivado por grupos da extrema direita de Bolsonaro e de vários empresários que veem no armamento a possibilidade lucrar ainda mais.
Aqui em São Carlos temos os nossos mortos em condições muito parecidas com o caso Marielle Franco, o casal Sundermann, Rosa e José Luis, sindicalistas ligados à UFSCar que foram brutalmente assassinados no dia 12 de junho de 1994.
Os dois sempre estiveram presentes nas lutas sociais e mobilizações da região, tanto na universidade, quanto fora dela. Entre 1990 e 1993, o casal dirigiu as greves dos cortadores de cana da região, provocando o ódio dos usineiros e latifundiários. O crime que se encaixa perfeitamente em um atentado político, foi tratado com descaso pela polícia, que o caracterizou como crime comum.
Todas as suspeitas dos mandantes levavam aos usineiros da região, em especial aos donos da Usina Ipiranga, cujos trabalhadores participaram da greve dirigida por Rosa e José Luiz. Denúncias anônimas e um pedido formal de investigação dos usineiros feito pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo foram ignorados. A impunidade permanece até hoje.
O casal permanece vivo na memória de quem conviveu com ele, como o militante e professor Edgar Fernandes Neto:
“As minhas lágrimas não cessaram e as dores no coração permanecem como feridas , que a todo momento me lembram do sádico homicídio de meus amigos e militantes de longos anos de luta por liberdades democráticas e pelo socialismo.
Está na minha memória os últimos momentos que convivi com eles na fundação do PSTU e no jantar em minha casa, seis dias antes das suas mortes, estavam Rosa, Zé e seus filhos. Todos sorrindo e felizes, degustando arroz e ovos, era o que eu tinha em casa.
Não gosto de falar de aniversário de morte, prefiro falar da vida, do que eles foram como pais, trabalhadores e lutadores contra a ditadura, contra a opressão e exploração do povo do campo e da cidade, e pelo socialismo.
Nesse campo, Zé e Rosa foram exemplares, sempre estarão na minha memória e no meu coração, assim como vários camaradas nas nossas jornadas de lutas.”
Esse crime mostra que, mesmo após a ditadura militar, os lutadores sociais continuam sendo vítimas dos poderosos, que matam e ainda saem impunes. Ainda que este crime esteja prescrito, jamais deixaremos de cobrar do Estado brasileiro uma resposta a essa impunidade.
Zé Luís e Rosa não serão esquecidos. O legado do casal segue pulsando nos trabalhadores e na juventude que segue na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Zé Luís e Rosa, presentes!
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