A noite de 25 de Maio, na cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos poderia ser mais uma das muitas que fazem parte das estatísticas de violência policial que resultaram em mortes de pessoas negras. O assassinato covarde de George Floyd pelo policial branco Derek Chauvin, porém, causou uma revolta de proporções globais. Inúmeras cidades dos EUA rapidamente organizaram protestos sob o clamor Black Lives Matter (vidas negras importam) e cobram punição dos responsáveis.
Esse movimento se espalhou para outras cidades e países até chegar a Winnipeg localizada na Província de Manitoba (Canadá) no que seriam as terras originais dos povos Anishinaabeg, Cree, Oji-Cree, Dakota e Dene e da Nação Métis. Winnipeg possui o maior número de indígenas no Canadá que ainda assim sofrem muita discriminação e carregam o legado perverso das escolas residenciais1. A cidade também foi cenário, da maior e mais famosa greve geral ocorrida no país em 1919.
Na tarde da última sexta-feira milhares de manifestantes se reuniram no Manitoba Legislative Building para protestar contra o assassinato de George Floyd, e de Machuar Mawien Madut, um homem negro com problemas mentais que foi morto pela polícia em fevereiro deste ano, além de outras vítimas da violência policial com conotação racial. A manifestação teve forte unidade do movimento negro, dos movimentos indígenas e da juventude. O ato culminou com a entrega de uma petição a Assembleia Legislativa pedindo a abolição do Serviço de Polícia de Winnipeg, incluindo o programa de cadetes, o qual recruta pessoas bem jovens para o serviço policial. Além disso, a petição cobrou a condenação de recentes ações truculentas de alguns policiais de Winnipeg.
Protestos semelhantes já ocorram nos últimos dias em Montreal, Toronto, Ottawa, Vancouver, Edmonton e Regina, demonstrando a conexão com a onda de solidariedade e indignação internacional do episódio ocorrido em Minneapolis.
1 Com propósito de reeducar as crianças indígenas o governo canadense financiou instituições em especial a igreja, responsáveis pela “civilização” dessa população. As crianças eram tiradas das suas famílias contra a vontade dos pais e sofriam diversos tipos de abusos físicos, psicológicos e sexuais.
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