A manifestação iniciou e terminou na praça Fausto Cardoso, centro da cidade. Por volta das 14h já se encontravam na praça dezenas de ativistas do movimento negro, antifascistas, mulheres, jovens, organizações de esquerda, todos e todas respeitando o isolamento, utilizando máscaras e outros equipamento de segurança, distribuindo álcool em gel. Se portaram em frente a Avenida Beira-Mar e exibiram faixas e cartazes contra o genocídio do povo preto, contra a LGBTfobia, em defesa da democracia e pelo Fora Bolsonaro. Entoaram gritos em memória e por justiça para George Floyd, Miguel, João Pedro, Ágatha e Marielle, e outras vidas negras que tombaram pelo racismo. No ápice do protesto todas e todos deitaram-se sobre o chão da praça e repetiram as últimas palavras de Floyd “Eu não consigo respirar! Eu não consigo respirar!”.
Apesar do seu caráter extremamente pacífico, a manifestação foi marcada pelo papel intimidatório e antidemocrático da Polícia Militar de Sergipe. O Governo Belivaldo mobilizou um grande número de agentes e viaturas que cercaram a praça. Colocou policias infiltrados na manifestação, que ficaram filmando o rosto e tudo que as pessoas falavam, ferindo completamente o direito a liberdade de organização. Mobilizou inclusive a cavalaria, que ficou concentrada a algumas quadras dali, aguardando segunda ordem. A ordem do Governo Belivaldo foi intimidar e dispersar quem chegasse na praça e ameaçar os manifestantes para não saírem em marcha, sob o pretexto que estariam fazendo aglomeração.
A grande contradição é que o próprio governo estadual vem comandando e incentivando a flexibilização do isolamento e a aglomeração de pessoas em Sergipe, em nome dos interesses econômicos do grande empresariado, ao mesmo tempo em que não investe no SUS, não prioriza os profissionais de saúde e não garante condições sociais para a população sergipana ficar em quarentena. Diante do avanço do genocídio do povo preto e do fascismo no país, o Governo Belivaldo opta por reprimir aquelas e aqueles que se colocam em defesa das vidas negras e da democracia.
Foi apenas a primeira manifestação de rua dos explorados e oprimidos desde o início da pandemia em Aracaju. Um primeiro passo vitorioso, pois, apesar da repressão, se manteve firme, sem dispersar forças, se conectou com a mobilização nacional e mundial, fazendo ecoar o grito pela necessária revolução contra o racismo e o fascismo.
Amanhã vai ser maior!
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