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BRASIL

Nota da juventude secundarista do Afronte!: Nenhum estudante fica para atrás!

Desde sua eleição corrupta em 2018, Bolsonaro tem se mostrado o maior inimigo da educação brasileira, atacando-a constantemente e tendo como principal ferramenta o atual ministro da educação, Weintraub. Em 2019, um corte absurdo de investimentos nessa área foi proposto, causando revolta nos estudantes brasileiros, visto que esse projeto seria um grande desrespeito à rede pública de ensino. Esse ano não está sendo diferente, o Ministério da Educação, em conjunto com o INEP, insistiram em mantes o calendário do Exame  Nacional do Ensino Médio, reforçando a farsa da meritocracia e sem se importar com as múltiplas realidades dos estudantes, o que demonstra a negligência desse governo com a desigualdade, que é nítida e enraizada.

Esse momento de pandemia vem prejudicando os estudantes da periferia que não tem acesso à educação fora das escolas. É necessário levar em conta que 80% dos candidatos do ENEM são alunos de escolas públicas. Assim, em reação a essa enorme injustiça, o Afronte!, outros movimentos, entidades e estudantes de todo o Brasil foram à luta pelo o adiamento da prova através das redes sociais, com a hashtag #AdiaENEM, tornando visível a demanda dos estudantes. Por conta da enorme proporção dessa campanha, no dia 22 de maio o MEC não encontrou outra saída e precisou, contra sua vontade, adiar as datas de realização das provas, após votação realizada no Senado, na qual se obteve 75 votos a favor e apenas 1 contra o adiamento do exame. Com isso, vemos o quanto a pressão estudantil tem força e nos levou a mais uma conquista.

No entanto, o adiamento das provas em até 30 ou 60 dias ainda não é o suficiente, é preciso que haja a suspensão total do edital e das inscrições, já que não faz sentido que as aulas de muitas universidades estejam suspensas, sem perspectivas de retorno e as provas do ENEM, não. Por isso, é fundamental que a discussão seja retomada só após o período de pandemia, quando as aulas retomarem e houver um novo calendário. Nesse momento, é necessário respeitar a saúde mental de estudantes e professores que estão passando por um momento de luto ou infectado pelo novo coronavírus.

Além disso, é preciso se atentar aos dados: 38% das residências não possui acesso à internet, em 58% das residências não há computador, 59% das pessoas dentre as parcelas mais pobres não navegam na internet e 66% das residências na zona rural não tem acesso à internet. Tudo isso prova que o Brasil não tem estrutura para se adaptar ao ensino EAD, pois os alunos além de não terem acesso à internet e aparelhos tecnológicos, não possuem espaço em suas residências para estudar sem distrações e interrompimento, situação, o que afeta ainda mais as mulheres. Desse modo, a partir do momento em que as instituições aderem a esse sistema, estão sendo seletivos e excludentes com uma alta parcela de alunos que não tem como acompanhar essas aulas. Não o bastante, muitos professores seguem avaliando e lançando notas normalmente, fazendo assim uma avaliação quantitativa e não qualitativa dos estudantes, e não é viável de forma alguma continuar assim, pois o Brasil não tem parâmetros e trâmites para que todos tenham acesso a essa forma de ensino, por isso: NÃO AO ENSINO EAD.

Ademais, enquanto a população brasileira segue na tentativa de recuperação da crise pandêmica ocasionada pelo novo coronavírus, o retorno das atividades escolares presenciais é uma grande preocupação para todos. No entanto, é necessário levar em consideração que inúmeras vidas ainda estão sendo perdidas diariamente e é fato que, mesmo com todas as medidas de proteção, será difícil evitar que o vírus se espalhe entre as crianças e adolescentes, uma vez que é necessário mantê-los em salas fechadas e pequenas enquanto os professores ministram suas aulas. Além disso, não existe coerência em dar continuidade no seguimento do calendário de ensino básico enquanto o ensino superior mantém a suspensão de atividades presenciais, por isso é importante ajustá-los de maneira responsável, levando em conta a realidade vivenciada atualmente, sendo fundamental um calendário discutido em conjunto essas redes de ensino.

Por fim, exigimos a suspensão do edital do ENEM, visto que o adiamento de até 60 dias, como determinado pelo MEC, não é o suficiente para que todos os estudantes que prestarão o vestibular consigam se preparar bem, uma vez que o ideal seria adiar de acordo com a duração do período de suspensão das atividades escolares. Além disso, é válido destacar novamente o nosso posicionamento contrário ao EAD.

Não estamos em momento de normalidade, é necessário levar em consideração as crises enfrentadas na atualidade e os impactos destas na classe trabalhadora brasileira. Seguiremos na luta contra os inúmeros ataques do governo Bolsonaro. Resistiremos!