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BRASIL

“Quem tem fome tem pressa!”: governador do Pará não garante alimentação dos alunos

Michel Farias, de Belém, PA
Divulgação

Escola Estadual de Educação Tecnológica (EETEPA), em Belém

Carta pelos estudantes da rede pública do Estado do Pará

No dia 18 de março, o governador do Pará, Helder Barbalho, suspendeu as aulas em todo o território paraense como medida de prevenção à covid-19, orientando que os alunos da rede se mantivessem em casa durante a suspensão. Um dia após a suspensão (19/03), por meio de uma publicação nas redes sociais, o governador garante que será distribuída merenda escolar para todos os alunos da rede. As escolas continuaram com a entrega de merenda escolar nas devidas datas e horários de costume, algumas optaram pela entrega de kits dos alimentos para que o aluno pudesse levar para casa. 

No dia 26 de março, foi firmado um contrato de R$ 73,9 milhões entre a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e a empresa Kaizen Comércios, para o fornecimento e distribuição de cestas de alimentos para alunos da Rede. Um dia após a firmação de contrato (27/03), o governador anunciou a distribuição de mais de 535 mil cestas destinadas aos alunos da Rede Estadual de todo o Pará, substituindo assim a entrega da merenda escolar diária. O Governo garantia ainda no mesmo dia a entrega das cestas em 13 escolas da Região Metropolitana de Belém. A titular da Seduc, Elieth Braga, previa que seria em até 20 dias uteis a entrega de todas as cestas para os mais de 535 mil alunos e ainda complementou dizendo “A partir da próxima segunda-feira nossas escolas estarão com cartazes informando o cronograma de entrega.” Cartaz que muitas escolas deste Estado não viram. 

Depois de quatro dias, a entrega foi retomada para as 19 escolas da Região Metropolitana, mas logo o contrato e a distribuição para outras escolas foram suspendidos pois, além de haver inúmeras irregularidades, houve uma repercussão negativa nas redes sociais já que cada cesta estaria custando em média R$ 138,00. Antes de cancelar o contrato já havia sido distribuído cestas para 34 escolas da Região Metropolitana.

No dia 03 de abril, a Seduc publica no Diário Oficial do Estado um edital para contratação de empresas especializadas em gestão de vale-alimentação, o prazo de envio das propostas era até o dia 08 de abril. A titular da Seduc informou que “Vai chegar as famílias nos próximos 15 dias, no máximo”. O vale é no valor de R$ 80,00 por aluno.

Nesta segunda, 25 de maio de 2020, 39 dias após o inicio das entregas dos vales, não temos uma posição da Seduc sobre novas recargas, situação que a mesma informa que deverá ser avaliada pelo Conselho Estadual de Alimentação Escolar, o conselho irá avaliar se os alunos irão ou não receber novamente os R$ 80,00, valor que, apesar de insuficiente para manter a alimentação das famílias, deve ser garantindo para todos os alunos da Rede que em um momento como este perdem a refeição da escola, refeição que na maioria das vezes é a única do dia. 

Precisamos garantir que todos os alunos recebam o auxílio em seus vales para manter a alimentação dentro de casa. Algumas famílias perderam toda sua renda por conta da pandemia e dependem agora unicamente da ajuda do Estado para sua sobrevivência. O Estado vem falhando com os alunos e essas famílias, desde a contratação das cestas com irregularidades, com a demora para entrega dos cartões para escolas de todo o Estado e agora falha com a situação das recargas. 

Estamos sob um governo genocida no país que nega todas as mortes que estão acontecendo. Os casos de coronavírus só aumentam no estado do Pará e é urgente que tenhamos respostas. O lucro não pode estar acima da vida!

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Belem / educação