Segundo os dados divulgados diariamente pela SESPA, no dia 14 de maio às 13h, havia 10.867 casos confirmados de Covid-19 no Estado. No dia 22 de maio, os casos já passam de 20.000. As mortes no Estado já passam de 2 mil, sem contar as subnotificações. Em cerca de uma semana, as notificações praticamente dobraram, em que pese ainda a falta de testes e a subnotificação. Nessa última semana, o número de óbitos também duplicou, sendo que o recente estudo feito pela própria Secretaria de Saúde mostra uma redução da velocidade do contágio na capital, mas uma veloz propagação em municípios das diversas regiões do Pará.
Não há, portanto, o porquê de se falar em reabrir a economia e retomar as atividades presenciais nos órgãos da administração pública não essenciais. Todos os países que iniciaram a reabertura registraram novos surtos logo em seguida. O Governo do Estado e a Prefeitura de Belém já está planejando o fim do isolamento social quando sequer sabemos se atingimos o pico da doença, e quando ainda não há controle algum sobre a disseminação do vírus. Por outro lado o MPF pediu cautela a política de relaxamento do isolamento social. Qualquer gestor público que atenda às pressões do grande empresariado pelo fim do isolamento social nesse momento está fortalecendo a política negacionista e genocida do Presidente Jair Bolsonaro que segue vitimando dezenas de milhares de brasileiros. Não há dicotomia entre a vida do povo e a economia. Todas as nações que adotaram um isolamento social rígido registraram menos óbitos e apresentaram perspectivas de retomada econômica mais segura, com mais investimentos nos próximos meses. Não podemos caminhar no sentido oposto, o de priorizar os lucros em detrimento das vidas dos paraenses.
Por isso, as entidades sindicais, estudantis e populares que assinam esta nota se manifestam contra esta política de fim de isolamento social a partir do mês de junho, pois tal medida poderá impulsionar uma segunda onda de contágio, ceifando milhares de vidas de trabalhadoras e trabalhadores, sobretudo os mais pobres. Exigimos que o Governador e os Prefeitos do Pará tomem medidas efetivas de combate ao novo Coronavírus, salvando a nossa população e garantindo o direito à quarentena para todos.
É preciso realizar testes em massa para sabermos a real dimensão da pandemia em nosso Estado; fornecer EPI’s e condições de trabalho dignas para os profissionais da saúde que estão na linha de frente; ampliar a rede de leitos hospitalares no interior, visto que a maioria dos municípios paraenses não contam com sequer 1 leito de UTI em suas cidades; ampliação da uma renda emergencial básica com recursos estaduais e municipais, a fim de garantir que os trabalhadores possam ficar em suas residências, ou como mínimo, ter um plano de distribuição de cestas básicas; manter a política de isolamento social para salvar vidas.
Convocamos todas as entidades estudantis, sindicais, da sociedade civil, movimentos sociais entre outros a se posicionarem em defesa do povo paraense. É preciso salvar vidas e não os lucros dos grandes empresários. A economia se recupera, as vidas humanas não.
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