‘BB está pronto para privatização’, diz Guedes
Publicado em: 24 de maio de 2020
Na última sexta-feira (22), tornou-se público o vídeo da reunião dos ministros do governo Bolsonaro, que faz parte da investigação sobre a tentativa de interferência do presidente na Polícia Federal, acusação feita pelo ex-ministro Sergio Moro ao deixar o governo. No vídeo, que se destaca, entre outros motivos, por pouco tratar do tema da pandemia do novo coronavírus em pleno auge da contaminação no país, revelam-se muitos aspectos importantes da política do governo.
Um dos temas tratados é a privatização do Banco do Brasil. O tema surge quando a ministra da agricultura, Tereza Cristina, reclama que os juros estão muito altos para o setor. Bolsonaro, então, pergunta: “O Banco do Brasil não fala nada não?”
Em seguida, Guedes afirma com todas as letras que o Banco do Brasil está pronto para a privatização. “O banco do Brasil não é tatu nem cobra. (…). Porque ele não é privado, nem público. Então se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: “bota o juro baixo”, ele: “não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam.”. Aí se falar assim: “bota o juro alto”, ele: “não posso, porque senão o governo me aperta.”. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização”, afirma.
Bolsonaro ri e Guedes continua. “É um caso pronto e a gente não tá dando esse passo. Senhor já notou que o BNDE e o… e o… e a Caixa que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo”, completa o ministro da economia.
Em seguida, Guedes pede que Rubem Novaes, o presidente do BB, também presente à reunião, confesse seu sonho de privatizar o BB. Bolsonaro intervém, pedindo pra que ele “confesse” somente em 2023, mas Novaes confessa ali mesmo o que já não é mais segredo para ninguém. Desde que assumiu a presidência do Banco, Novaes defende abertamente sua privatização. Na reunião dos ministros, Novaes afirma que, hoje, o BB só tem o “lado ruim” de ser estatal, sendo obrigado a prestar contas para o TCU e tendo mais dificuldades que seus concorrentes privados para demitir seus funcionários. Afirma que, com o BNDES cuidando do desenvolvimento e a CAIXA cuidando da área social, o BB estaria pronto para a privatização. Como Bolsonaro, ele também ri enquanto fala em vender o patrimônio do povo brasileiro.
O nível de Rubem Novaes pode ser medido por sua fala, na mesma reunião, em que afirma ter a “sensação”, “ao observar os números”, de que o “famoso pico” da pandemia já teria passado! Enquanto ultrapassamos a marca de mil mortes diárias pelo novo coronavírus, ele tem a “sensação” de que o pico já passou.
Há tempos temos denunciado que o modelo de gestão adotado pelo Banco do Brasil tem levado a uma transformação cada vez maior do banco público em um banco privado. Agora, com um ultra liberal na presidência do banco e outro ultra liberal no ministério da Economia, a privatização não é mais somente uma ameaça distante. É um projeto em andamento e com data para terminar. Apesar de Bolsonaro, ao contrário de Novaes, ter afirmado em diversas ocasiões que não pretende privatizar o Banco do Brasil, sua fala na tal reunião não deixa dúvidas: depois da reeleição, para a qual, ao contrário do que afirma, ele trabalha todos os dias, a privatização virá.
O Banco do Brasil público pode ser essencial para a recuperação econômica. Aliás, já poderia estar sendo mais útil, não fossem os interesses dos acionistas privados. Por seu desvirtuamento privatizante, hoje o crédito não está chegando a quem precisa. Por isso o BB se esconde enquanto a CAIXA põe 7 milhões por dia em filas arriscando a vida de todos, no pagamento do auxílio emergencial.
Não podemos apenas observar enquanto eles riem e discutem a venda do nosso patrimônio. É preciso organizar com urgência a luta contra a privatização do Banco do Brasil, junto com a luta pelo fim deste governo, que condena milhões de brasileiros à morte com sua política negacionista, ao mesmo tempo em que entrega nossas riquezas ao grande capital.
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo
11 de setembro de 1973: a tragédia chilena
mundo