Qual foi o crime de João Pedro?


Publicado em: 20 de maio de 2020

Brasil

Flávia Andrade, de Suzano, SP

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Brasil

Flávia Andrade, de Suzano, SP

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

Se estivesse vivo Malcolm X completaria 95 anos nesta terça, 19. Neste dia, João Pedro, um garoto de apenas 14 anos, foi deixado no IML. As datas são apenas uma coincidência, mas uma coisa é certa ambos morreram por serem pretos.

Infelizmente,  João Pedro morava, assim como nós, em um país descaradamente racista que autoriza a polícia a matar pretos e pobres em nome de uma suposta “guerra às drogas”. Qualquer um que tenha o mínimo de consciência (nem precisa de muita) sabe que essa guerra é contra as negras e negros deste país.

O crime de João Pedro foi morar em uma cidade que possuí uma das polícias mais racistas do Brasil, a que mais assassina jovens negros.  Nascer preto e pobre sentenciou João Pedro a morte. 

A partir de um paralelo entre a morte de todos os Joões Pedros de nosso país  com a crise sanitária que vivemos, enxergamos como a pobreza e a cor da pele são determinantes quando se escolhe quem vive e quem morre no Brasil. 

A necropolítica é uma  ação consciente do estado, que escolhe para quem governar. O bem estar do povo pobre e preto não é prioridade deste governo. Hoje o Brasil alcançou a triste marca de 17 509 mortos pelo novo coronavírus. É preciso entender que não são números, são pessoas que perderam suas vidas, são famílias que perderam um ente querido.  A maioria que está morrendo por essa doença são moradores das periferias desse país, homens e mulheres pobres de corpos negros.

João Pedro morreu-não em decorrência da covid-19-pelas mãos da polícia, que supostamente deveria protegê-lo. É isso o que as comunidades mais pobres estão enfrentando: o medo de morrer nas mãos da polícia, de fome ou pelo coronavírus. Infelizmente, nenhuma novidade nisso tudo.

A família desse garoto hoje está sofrendo a pior dor que alguém pode sentir. As estatísticas produzidas pelo racismo ganham mais um número para tabular sobre o genocídio da população preta.

Nesse dia 19 de maio de 2020, é importante lembrarmos dos ensinamentos e da luta de Malcolm X contra o racismo e não esquecer que essa tal democracia não existe para quem é preto e de periferia. É muito importante, nesse momento de crise,  lembrar que as armas contra o povo preto e pobre foram atualizadas e que não ser racista não basta é preciso ser antirracista.

#VidasNegrasImportam

#JoaoPredroPresente

 

*Flávia Andrade é militante do PSOL Suzano e da Resistência-PSOL.


Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição