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MUNDO

Socialistas devem apoiar os trabalhadores e não a classe dominante chinesa ou americana

Ashley Smith e Eli Friedman

Tradução Wilma Olmo

A pandemia do COVID-19 provocou uma escalada perigosa nas tensões entre a China e os Estados Unidos. Mas nossa lealdade não deve ser com a classe dominante de nenhum dos dois países – deve ser com os trabalhadores de ambos os países.

Em meio à pandemia e à recessão global, a classe dominante dos EUA intensificou sua “nova Guerra Fria” com a China.

O presidente Donald Trump e seus companheiros têm usado repetidamente termos racistas como o “vírus chinês”, elevaram as teorias de conspiração, alegando que um laboratório em Wuhan intencionalmente lançou o COVID-19 para devastar os EUA e aumentou o impasse militar de Washington com Pequim ao implantar uma flotilha de navios de guerra no Mar da China Meridional. Joe Biden atacou Trump por ser brando com a China e lançou um anúncio profundamente sinofóbico no início deste mês.

Do outro lado do Pacífico, o governo de Xi Jinping tentou transformar a pandemia – que ele tratou mal inicialmente – em proveito próprio. Pequim enviou testes, ventiladores e máscaras para muitos outros países, tentando se projetar como uma potência global benevolente, ao mesmo tempo em que se recusa a conceder direitos trabalhistas básicos aos seus trabalhadores.

Ashley Smith (AS) conversou recentemente com Eli Friedman (EF), autor do artigo “Insurgency Trap: Politics Labour in Post Socialist China” (Armadilha da Rebelião: Política Trabalhista na China pós-socialista) , sobre a resposta de Pequim à COVID-19, a consequência doméstica e geopolítica da pandemia, e por quê os socialistas devem rejeitar o nacionalismo, seja chinês ou americano.

AS: Trump estimulou o racismo anti-chinês ao chamar o coronavírus de “vírus chinês”, e seu secretário de Estado, Mike Pompeo, divulgou várias teorias da conspiração que culpavam um laboratório chinês, em Wuhan, por liberar o vírus. Qual é a verdadeira explicação para o surgimento do vírus e qual tem sido o impacto do racismo de Trump?

EF: Há um debate sobre onde e como um ser humano contraiu o vírus pela primeira vez, e não posso comentar sobre a ciência. Certamente, os primeiros casos identificados do que veio a ser chamado COVID-19 estavam em Wuhan, e essa cidade também experimentou a primeira propagação comunitária no mundo.

Portanto, o vírus de fato apareceu pela primeira vez na China e terei mais a dizer sobre como os profissionais médicos e os funcionários do governo responderam a essas informações. Mas a decisão de Trump e da maioria do Partido Republicano de se referir a ele como o “vírus chinês” (ou “vírus Wuhan” ou, mais ofensivamente, “Kung Fu”) é claramente um esforço para desviar a culpa, de suas próprias falhas catastróficas.

Como evidenciado pelo relativo sucesso de muitos países, principalmente os da Ásia, houve realmente tempo para se preparar para a chegada do coronavírus após sua disseminação inicial na China. Os EUA não fizeram isso, e é, em grande parte, culpa do governo federal.

A rejeição racializada (que revelam distinção racial) das próprias falhas dos Estados Unidos não é novidade para o projeto Trumpiano. Os latinos e muçulmanos suportam o peso dessa política há anos, e o povo chinês também está diretamente na mira. Existem grandes consequências da retórica do “vírus da China”, tanto nacional quanto internacionalmente.

Internamente, houve um aumento maciço de incidentes racistas contra chineses e outros asiáticos, incluindo ataques verbais e físicos. Na China, confirma-se para muitos cidadãos a posição do Partido Comunista de que os EUA são fundamentalmente anti-China, o que, por sua vez, torna mais provável a intensificação do conflito nacionalista. E, apesar de alguma resistência dos democratas a isso, Joe Biden parece ter decidido que a xenofobia anti-chinesa é uma estratégia vencedora em 2020.

Esta é realmente uma situação extremamente perigosa.

AS: Como o estado chinês reagiu à pandemia? E como Pequim usou seu sucesso posterior para projetar seu poder internacionalmente como uma alternativa aos EUA?

EF: Os EUA não têm o monopólio da má administração do surto. Mas as especificidades do manuseio incorreto do governo chinês são obviamente muito diferentes. O problema fundamental foram os esforços das autoridades locais para encobrir o surto, o mais famoso esforço foi tentar silenciar denunciantes como o Dr. Li Wenliang (que mais tarde morreu de COVID-19).

Isso reflete uma dinâmica de longa data na política chinesa, na qual os governos locais tentam impedir que os superiores tenham conhecimento dos problemas locais, por medo de serem punidos. Também é evidente que o governo central sabia do surto muitas semanas antes de reconhecê-lo publicamente.

Parece provável que, se os avisos iniciais dos médicos em Wuhan catalisassem uma ação imediata, o surto teria tomado um caminho completamente diferente, uma questão que tenho certeza de que ficaremos pensando por um longo tempo. Também é importante observar que o governo chinês não foi totalmente transparente a respeito dos primeiros dias do surto e, dado o quão intensamente politizado o assunto se tornou, o governo chinês quase certamente continuará a manter um alto nível de controle de informações.

Após a confusão inicial que permitiu que o coronavírus viajasse por toda a China e pelo mundo, o governo chinês tomou uma ação decisiva e, finalmente, eficaz. Mesmo considerando que os dados relatados certamente contêm imprecisões de motivação política, é evidente que eles fizeram um trabalho melhor ao gerir a propagação do que na maioria da Europa ou nos EUA. O governo tem se comprometido a encobrir seu fracasso inicial enquanto se concentra em esforços mais eficazes para a contenção do vírus.

É difícil dizer quão eficaz será essa estratégia. Muitos outros países em diferentes partes do mundo e com formas variadas de governo foram igualmente ou mais competentes em sua resposta à epidemia. O mais vexatório para o Partido Comunista Chinês (PCCh) foi o sucesso de Taiwan, com apenas seis mortes relacionadas ao COVID até agora.

Embora Taiwan seja excluída da Organização Mundial da Saúde, tem sido bastante ativa no cenário mundial na tentativa de compartilhar suas experiências, além de fornecer milhões de máscaras cirúrgicas – um esforço que ganhou elogios da União Europeia e denúncias de Pequim. Tudo isso enfraquece o argumento de que a China está singularmente mais bem posicionada para liderar a resposta à epidemia. Certamente, a direita norte-americana está obcecada com o surto inicial, com o senador Tom Cotton do Arkansas promovendo a noção insana de que o governo chinês tomou uma decisão consciente ao deixar a propagação do vírus correr solta em nível mundial.

A pista (alameda) para exercer liderança global nisso é bastante larga. Dada sua capacidade industrial, a China poderia e deveria fornecer equipamentos médicos para outros países duramente atingidos. Isso será cada vez mais importante à medida que o vírus se expande da Europa e América do Norte para a África e América Latina. Se o governo chinês aparecer nos países pobres com ventiladores gratuitos ou baratos, equipamentos de proteção individual e voluntários médicos, sem restrições, devemos aplaudir. Eu não acho que isso seja provável, mas eu adoraria provar que estou errado.

AS: Qual o impacto da recessão global e da pandemia na economia chinesa? A China será capaz de sair desta crise como ocorreu na Grande Recessão?

EF: O impacto na economia da China foi profundo. Depois da talvez maior expansão capitalista que o mundo já viu na geração passada, a economia encolheu 6,8% no primeiro trimestre do ano. Portanto, embora estejamos apenas no início da crise, é aparente que isso será bem diferente de 2008-9, quando gastos massivos com estímulos permitiram à China manter um crescimento relativamente alto.

Como era de se esperar, a resposta à última crise (2008-2009) molda os contornos desta crise atual, bem como as ferramentas disponíveis para o Estado. Embora a China tenha escapado relativamente ilesa da última crise (2008-2009), ela o fez através de um enorme aumento no investimento financiado pela dívida. Muito disso foi empregado produtivamente, pois eles construíram a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, as principais redes de metrô em várias cidades e ampliaram aeroportos e portos marítimos.

Mas havia também elefantes brancos e construção excessiva em certos mercados imobiliários. Parte do motivo pelo qual a China ainda não divulgou planos de gastos na escala que vimos nos EUA ou no Japão deve-se à preocupação com uma crise financeira.

Notavelmente, embora o consumo doméstico tenha realmente aumentado nos últimos anos, o Estado não conseguiu atingir seu objetivo declarado de criar uma grande classe média com capacidade de alto consumo. Isso se deve em grande parte ao problema político gerado pela repressão política dos trabalhadores e pelas moribundas instituições oficiais de representação trabalhista.

Dada a profundidade da crise em todo o mundo, a China provavelmente não pode exportar seu caminho de volta à saúde econômica. Os investimentos no exterior associados à iniciativa Belt and Road1 também estão enfrentando grandes tormentas. Sem a aura de legitimidade revolucionária que Mao Zedong e Deng Xiaoping desfrutavam, e nem mesmo uma simulação de processo democrático, o Partido Comunista tem sido altamente dependente de melhorias materiais para justificar seu governo. Essa crise vai colocar muita pressão no pacto básico entre o PCCh e a sociedade que existe desde pelo menos 1989.

AS: Como os trabalhadores reagiram em meio a essa crise? O que isso significará para o movimento trabalhista no país?

EF: Como tem sido o caso em todo o mundo, os trabalhadores na China estão sofrendo. Com uma taxa de crescimento negativa, não há dúvida de que o desemprego aumentou. A taxa de desemprego oficial de 5,9% é sem dúvida extremamente otimista, pois não inclui em sua totalidade dezenas de milhões de trabalhadores migrantes rurais que constituem a espinha dorsal da classe trabalhadora do país.

Apesar de morar e trabalhar nas cidades, é quase certo que esses migrantes serão excluídos até mesmo dos poucos benefícios aos desempregados oferecidos aos residentes urbanos. E são precisamente aqueles trabalhadores nos setores onde o emprego tem sido robusto nos últimos anos – serviços, entretenimento, transporte, trabalho baseado em plataforma digital e construção – que têm menos probabilidade de ter um contrato de trabalho e acesso a proteções sociais.

O governo central pediu que os migrantes fossem incluídos no seguro-desemprego e fez da proteção do emprego uma prioridade. Mas, repetidamente, temos visto uma retórica progressiva de Pequim sem esforços concomitantes para financiar os mesmos programas que eles estão pedindo. O centro não alocou fundos para a expansão dos benefícios aos desempregados, e não estou otimista de que este anúncio recente ajude significativamente os trabalhadores migrantes.

É difícil dizer que impacto isso terá sobre a inquietação dos trabalhadores. O governo teve sorte porque o surto inicial ocorreu durante o Ano Novo Lunar, quando a maioria dos migrantes deixa as cidades para visitar suas famílias. O governo então prolongou o feriado e várias formas de controle da mobilidade foram mantidas por um longo período de tempo.

Um grande número de empresas privadas simplesmente se recusou a trazer os trabalhadores de volta quando a economia começou a reabrir – a dispersão espacial da força de trabalho provavelmente ajudou a reduzir a inquietação que poderia ter levado a demissões em massa, particularmente no setor manufatureiro duramente atingido.

No entanto, os trabalhadores chineses continuaram com sua antiga disposição de protestar, embora de maneira altamente dividida e politicamente circunscrita. Um exemplo impressionante são os trabalhadores da construção civil em Wuhan que construíram um enorme hospital nos arredores da cidade em apenas alguns dias – um fato que o governo orgulhosamente elogiou como indicativo de sua resposta efetiva.

No entanto, mais tarde foi revelado que os migrantes que trabalhavam dia e noite no canteiro de obras não estavam sendo adequadamente pagos enquanto mantidos em quarentena. Quando centenas de trabalhadores protestaram, eles foram recebidos com violência policial. Se mesmo os trabalhadores neste local simbolicamente importante estão sendo tratados com tal desrespeito, isso não é um bom presságio para o resto do país.

AS: Como a epidemia impactou outras dinâmicas políticas na China? Houve uma repressão mais ampla à dissidência, particularmente em áreas agitadas, como Hong Kong?

EF: O governo chinês certamente está tentando fazer bom uso dessa crise. As forças armadas têm intensificado suas atividades expansionistas no mar da China Meridional, enfurecendo as Filipinas, o Vietnã e outros países. Infelizmente, poucas informações foram extraídas de Xinjiang, embora existam preocupações justificáveis de que o vírus possa causar estragos entre as centenas de milhares de muçulmanos internados nos campos de reeducação da região.2

O governo também está avançando com esforços de longa prazo em Hong Kong, onde o PCCh ainda tem muitas contas a acertar em função da revolta social de 2019. As autoridades de Hong Kong, agindo claramente a mando de Pequim, prenderam recentemente quinze proeminentes ativistas da democracia, supostamente por participarem de assembleias ilegais no ano anterior.

Isso aconteceu logo após uma série de declarações mal feitas, nas quais o governo de Hong Kong esclareceu a base legal do “gabinete de ligação” de Pequim, interferindo nos assuntos locais. Vários oficiais renovaram recentemente os pedidos de promulgação do tão odiado projeto de lei antisubversão do “Artigo 23”, apresentado desde os protestos em massa contra ele em 2003. Isso ocorre no momento em que o tipo de assembleia pública que frequentemente paralisava a cidade no ano passado não é possível, de modo que o estado está tentando aproveitar o momento da dispersão social induzida pelo vírus.

Se for seguro assumir que as crises abrem possibilidades políticas anteriormente impedidas, é igualmente importante fazer um balanço do que o governo chinês não fez. Uma coisa que me impressionou é que, até agora, não houve um esforço para reformular o sistema de saúde fraturado e extremamente desigual do país. As epidemias revelam a natureza social da saúde e teria sido um momento oportuno para Pequim estabelecer um plano nacional de seguro ou, mais ambiciosamente, um sistema de saúde nacional totalmente público.

Embora pareçam ter feito um trabalho melhor fornecendo testes e atendimento a pacientes com COVID-19 do que os EUA (um atendimento reconhecidamente baixo), também é aparente que Pequim está disposta a viver com um sistema de assistência médica parcialmente privatizado, extrema e geograficamente desigual oferecendo cobertura mínima ou zero cobertura para a população rural e trabalhadores migrantes. Fala-se que a expansão da repressão em Hong Kong e a expansão militar no Mar da China Meridional são as áreas em que o Estado deseja avançar nesse momento de vantagem estratégica.

AS: Como o movimento socialista deve se posicionar nessa guerra de narrativas e rivalidades entre os EUA e a China?

EF: Estamos entrando em um período incrivelmente perigoso. Além dos deslocamentos econômicos e sociais provocados pela pandemia, forças poderosas na China e nos EUA pretendem alimentar a animosidade. Enquanto Tom Cotton e Trump propagam a noção de que a China é a única culpada pelas consequências do COVID-19 nos EUA, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, reafirma a alegação infundada de que os militares americanos trouxeram o coronavírus para a China. Dada essa retórica hostil e francamente desequilibrada das elites políticas de ambos os países, formas cada vez mais diretas de conflito estão no horizonte.

Nosso trabalho é reafirmar os valores internacionalistas de forma contínua e vigorosa: tomamos partido dos pobres, das classes trabalhadoras e das pessoas oprimidas de todos os países, o que significa que não compartilhamos absolutamente nada com os estados e as empresas dos EUA ou da China. Se aderirmos a um enquadramento nacionalista da crise, avançaremos em um entendimento de soma zero em que as perdas sofridas pela China são os ganhos obtidos pelos Estados Unidos. Esta política nos coloca no caminho para a guerra, seja ela econômica ou militar. As pessoas pobres de ambos os países têm mais a perder se isso vier a acontecer.

É ainda mais importante que os esquerdistas se manifestem sobre esse assunto, porque os liberais estão muito confusos. Enquanto alguns democratas se opuseram à retórica do “vírus da China”, eles não têm visão de como seria uma forma de interação ética com a China.

Por um lado, eles estão assombrados por uma “política de envolvimento” zumbi que sustenta que a interação incondicional reforçará “partes interessadas” dentro do PCCh. Mas até os Clintonistas incondicionais entendem, em algum nível, que essa ideologia está extinta. Isso, por sua vez, deixou os democratas tranquilos, o que tornou possível a mudança sinofóbica de Biden. Existem poucas coisas mais patéticas e perigosas do que seguir Trump com a xenofobia.

Uma grande reavaliação das relações EUA-China nos apresenta oportunidades. Ao invés de basear o relacionamento entre empresas americanas que exploram mão-de-obra chinesa e consumidores dos EUA que compram mercadorias chinesas, como tem sido o caso da geração passada, devemos exigir cooperação em saúde pública global, mudanças climáticas, desmilitarização e engajamento econômico que privilegie os trabalhadores e os pobres. As elites políticas de ambos os lados do Pacífico detestam reconhecer esses objetivos, precisamente porque sua realização se baseia em cooperação social profunda, em vez de competição e guerra étnico-nacional.

Sobre o autor

Eli Friedman é o autor de Insurgency Trap: Politics Labour in China Post-Socialist. Ele é Professor na Universidade de Cornell.

Sobre o entrevistador

Ashley Smith é um escritor socialista e ativista em Burlington, Vermont. Ele escreveu para várias publicações, incluindo Truthout, The International Socialist Review, Socialist Worker, ZNet, Jacobin, New Politics, e muitas outras publicações on-line e impressas. Atualmente, ele está trabalhando em um livro para a Haymarket Books, intitulado Socialismo e Anti-Imperialismo.

 

1 Também conhecida como One Belt, One Road, (Cinturão e Rota) a iniciativa Belt and Road (BRI) é uma ambiciosa estratégia de desenvolvimento adotada pelo governo chinês que visa reviver antigas rotas de comércio por meio de uma rede de projetos de infraestrutura para a Ásia Central, o Sudeste Asiático, o Oriente Médio e a África. https://www.google.com/search?q=o+que+significa+iniciativa+Belt+and+Road&oq=o+que+significa+iniciativa+Belt+and+Road&aqs=chrome..69i57j33.11345j0j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8

2 O que são os “Campos de reeducação de Xinjiang”

Os campos de reeducação de Xinjiang , oficialmente chamados de “Centros de Treinamento e Educação Profissional” pelo governo da República Popular da China , são campos de concentração que foram operados pelo o governo regional autônomo uigur de Xinjiang com o objetivo de internar muçulmanos uigures desde 2014. Os campos foram estabelecidos sob a administração do secretário geral Xi Jinping. Xinjiang é uma região autônoma da China. A maior parte de sua população é uigur, uma etnia muçulmana. A região abriga cerca de 10 milhões de islâmicos da etnia uigur, minoria que há anos vive uma escalada de tensão com o Estado chinês. Em Xinjiang, há cerca de 10 milhões de uigures. Eles falam turco e se assemelham a pessoas da Ásia Central. Já a maioria da população da China pertence à etnia Han. Esses campos se expandiram significativamente desde que um secretário do partido, Chen Quanguo , assumiu o comando da região em agosto de 2016. Esses campos são declaradamente operados fora do sistema legal; muitos uigures foram internados sem julgamento e nenhuma acusação foi feita contra eles. As autoridades locais estão mantendo centenas de milhares de uigures e muçulmanos de outras minorias étnicas nesses campos, com o objetivo declarado de combater o extremismo e o terrorismo, além de promover a sinicização (imposição da cultura e comportamento chinês nacionalista comunista). Sejam escolas ou campos, o objetivo é o mesmo. As instalações são exclusivas para a minoria muçulmana de Xinjiang – boa parte dessas pessoas não tem o chinês como língua materna. A partir de 2018, calcula-se que as autoridades chinesas tenham detido centenas de milhares, talvez um milhão, de uigures, cazaques, quirguizes, hui ( todos muçulmanos) e outros muçulmanos étnicos turcos, cristãos, além de alguns cidadãos estrangeiros, como o Cazaquistão, que são mantidos nesses acampamentos secretos em toda a região. Em maio de 2018, Randall Schriver, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos alegou que “pelo menos um milhão, mas provavelmente perto de três milhões de cidadãos já foram presos em centros de detenção, em uma forte condenação aos “campos de concentração”. Em agosto de 2018, um painel de direitos humanos das Nações Unidas disse ter recebido muitos relatórios confiáveis ​​de que 1 milhão de uigures étnicos na China foram mantidos em “campos de reeducação”. https://www.defesa.tv.br/reino-unido-exige-que-china-conceda-acesso-da-onu-a-campos-de-detencao-de-muculmanos/