Em suas lives, Jonas Donizette vem afirmando que não sofre pressão por parte dos empresários da cidade para pôr fim ao isolamento social. Segundo ele, sua proposta de abertura gradual do comércio, apresentada no último dia 27 de abril, está fundamentada em dados técnicos e científicos.
No entanto, o Centro de Contingenciamento do Coronavírus de SP, órgão ligado ao Governo do Estado, desautorizou que o plano começasse a ser aplicado na cidade a partir do dia 04, como pretendia Jonas e seus dados técnicos.
David Uip, coordenador do Centro, ao ser questionado no dia 28 sobre o plano da prefeitura de Campinas, foi taxativo ao colocar dois problemas: 1) os dados apontam para uma interiorização da pandemia, que teve um crescimento expressivo no número de casos confirmados e óbitos; 2) o índice de isolamento na cidade estava abaixo dos 50%, o que tornava qualquer tentativa de abertura impossível.
Se somarmos isso ao fato de que nem o governo Dória e nem Jonas estão fazendo testes em massa, o problema se torna ainda maior, já que a subnotificação é gritante.
Com seus planos frustrados de antecipar o fim da quarentena, Jonas e seus secretários continuaram defendendo a abertura do comércio. Para isso, inclusive, anunciaram o “bloqueio pedagógico” das principais vias da cidade a partir de hoje, 06, numa tentativa de maquiar os índices de isolamento social na cidade e assim conseguir o aval do governo estadual para retomar suas atividades econômicas não essenciais.
A pergunta que fica é: se as recomendações científicas e sanitárias são pela manutenção da quarentena e do isolamento social para proteger vidas, por que a prefeitura de Campinas insiste em querer abrir o comércio antecipadamente?
A pressão empresarial pela abertura: uma breve cronologia
No dia 17 de abril a prefeitura se reuniu com a ACIC – Associação Comercial e Industrial de Campinas. Nesse encontro, debateu-se a carta assinada por diversas entidades empresariais da cidade e região exigindo entre diversas pautas a abertura gradual do comércio[1]. Ficou acordado que a prefeitura estudaria as propostas e liberaria a abertura das óticas a partir do dia 22 de abril[2].
Menos de uma semana depois, no dia 27, veio o anúncio do plano de abertura da prefeitura, “coincidentemente” afinado com as sugestões tiradas da reunião com os empresários. De forma totalmente irresponsável, Jonas Donizette propôs a antecipação do fim da quarentena para o dia 04 de maio, o que, como já pontuamos acima, foi desautorizado pelo Centro de Contingenciamento.
Com o relaxamento do isolamento social incentivado pela política genocida de Jair Bolsonaro e sua corja neofascista, vimos na última semana a explosão do número de casos confirmados e de óbitos. Já são 120 mil infectados e mais de 8 mil mortos. O sistema de saúde já está entrando em colapso, como podemos ver no Amazonas, Pará, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Estamos nos aproximando do pico da doença, tornando a política da quarentena e da manutenção do isolamento social fundamental para salvarmos o maior número de vidas.
Em meio a esse cenário, o presidente do conselho da ACIC, Edvaldo de Souza Pinto, afirmou em matéria da Folha de São Paulo de hoje que se João Dória não acabasse com a quarentena a partir do dia 11 de maio os lojistas cogitavam partir para a “desobediência civil” e abrir as lojas de qualquer forma.[3] Ainda na mesma reportagem, Pinto ressaltou o entusiasmo dos empresários com o terrível plano da prefeitura de Campinas.
Essa breve cronologia nos ajuda a entender por que Jonas quer abrir o comércio. Fica evidente que as tentativas do governo municipal não tem relação alguma com a proteção das pessoas. Os apelos desesperados e o uso da restrição das vias públicas para que a população cumpra os 50% de isolamento social tem por objetivo maquiar os dados e acabar imediatamente com a quarentena. Jonas Donizette, pressionado pelo empresariado campineiro, quer colocar os lucros acima da vida a qualquer custo.
Salvar vidas, não os lucros!
A profunda crise que vivemos não se resolverá apenas em âmbito municipal. De nada adiantará Campinas seguir as orientações médicas e científicas enquanto o presidente Jair Bolsonaro continuar com sua política genocida. O principal responsável pelo desemprego, pela situação de miséria de nossa classe e pelos mais de oito mil mortos da pandemia hoje é Jair Bolsonaro, que precisa imediatamente ser retirado do poder. Retirar Bolsonaro do poder é parte da luta pela vida das pessoas.
Em Campinas, a crise se aprofundará caso a prefeitura abra o comércio de forma irresponsável, aumentando a circulação e expondo a população à contaminação. Antes de tudo, é preciso garantir a manutenção do isolamento social em Campinas e testes em massa contra o vírus. O Brasil é o país que menos testa para Covid19 entre os dez primeiros com a maior quantidade de casos. Nesse aspecto, Bolsonaro, Dória e Jonas caminham juntos ao negligenciarem os testes. Sem dados precisos da situação, não há relaxamento possível. Derrotar o plano de abertura do comércio de Jonas é uma prioridade dos explorados e oprimidos da cidade.
É também de extrema importância que as trabalhadoras e trabalhadores dos serviços essenciais na cidade tenham acesso à EPIs, sem os quais colocarão suas vidas e de suas famílias em risco. A fiscalização da prefeitura precisa garantir que as empresas em funcionamento cumpram as recomendações da saúde.
Nenhuma demissão ou redução salarial pode ser tolerada nesse momento. A prefeitura precisa garantir o emprego dos trabalhadores terceirizados que estão sob ameaça de demissão. Precisa também reverter o desligamento de mais de 700 estagiários ocorrida no último dia 29 de abril.
Por fim, a redução dos salários, o aumento do desemprego e a informalidade está intensificando a situação dramática de vida nas periferias de Campinas. As ações de arrecadação que diversos sindicatos, movimentos sociais e associações de bairro estão construindo mostram o caminho da solidariedade que devemos seguir, mas são ainda insuficientes. A prefeitura precisa garantir a ampliação dos mecanismos de assistência social para os setores mais vulneráveis de nossa cidade, em especial nas periferias.
– Manutenção e extensão do isolamento social em Campinas! A vida tem que estar acima dos lucros!
– Testes em massa para Covid-19! Dória e Jonas precisam garantir os testes em massa!
– EPIs e testagem em massa para os trabalhadores dos serviços essenciais! A prefeitura precisa fiscalizar e interditar empresas que não estejam garantindo a segurança dos trabalhadores e trabalhadoras essenciais.
– Garantia do emprego das trabalhadoras e trabalhadores terceirizados do serviço público de Campinas, sem redução salarial;
– Recontratação dos 743 estagiários demitidos pela Prefeitura no dia 29;
– Manutenção dos serviços de assistência social na cidade e ampliação dos programas de auxílio para as famílias de trabalhadores desempregados ou informais;
– A abertura gradual do comércio deve estar baseada em dados científicos da saúde, não na opinião da ACIC!
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