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Venezuela: desmontada tentativa de invasão

José Carlos Miranda

José Carlos Miranda é ativista social desde 1981. Foi ferroviário e metalúrgico e faz parte da Coordenação Nacional da Resistência-PSOL.

No último domingo 3/5 um grupo de paramilitares atacou a Venezuela. Eles vieram em barcos da costa colombiana e tentaram desembarcar em La Guaira, estado de Vargas. O exército venezuelano contra-atacou, 8 foram mortos e 2 presos.

Primeiramente, é importante rejeitar a tentativa feita pela mídia internacional de confundir eventos e lançar dúvidas de que este foi um verdadeiro ataque, ao território venezuelano. Alguns meios de comunicação dizem que foi uma “guerra entre cartéis de droga”. Novamente os fatos comprovam mais esta tentativa frustrada. Inclusive os líderes da ação já apareceram num vídeo assumindo a total responsabilidade.

Trata-se do grupo treinado pelo ex-soldado de elite americano Jordan Goudreau, que agora afirma ter várias células prontas para atacar. Como a Associated Press revelou mais cedo, este americano (que recebeu medalhas pelos seus esforços no Iraque e no Afeganistão) passou mais de um ano treinando cerca de 300 homens na Colômbia. Ontem à noite ele confirmou mais uma vez que era o líder em uma longa entrevista com a jornalista da oposição venezuelana Patricia Poleo. Na mesma entrevista, o mercenário revelou um contrato assinado com Juan Guaidó (o homem que os Estados Unidos, Brasil e outros países reconhecem como presidente), onde um pagamento de 220 milhões de dólares é fixado à vista para ação militar contra a Venezuela.

Até agora ainda há muita coisa a ser esclarecida, mas não há dúvida de que foi um verdadeiro ataque. Veja, entre outras coisas, fotos dos itens apreendidos abaixo:

Também no domingo 4/5 um novo ataque foi evitado no estado de Aragua, onde oito paramilitares foram vistos por pescadores locais e presos por milícias tentando desembarcar em Chuao. Entre eles estão dois soldados de elite estadunidenses! Mais dois paramilitares foram presos no estado de Aragua em Porto Cruz.

E tudo acontecendo no mesmo momento em que Bolsonaro tenta expulsar o corpo diplomático venezuelano no Brasil, desrespeitando tratados internacionais e a soberania da Venezuela, não creio ser coincidência. A subserviência dos governos de Duque na Colômbia e Bolsonaro no Brasil à política imperialista de Trump na Venezuela é inaceitável e deve ser energicamente denunciada.

Estes fatos, nestes difíceis tempos de pandemia demonstram o desprezo pela vida, o desrespeito a soberania da Venezuela somados ao bloqueio econômico, demonstram a verdadeira face da política do imperialismo estadunidense para a América Latina.

Nosso dever é cercar de solidariedade ativa o direito à auto determinação do povo venezuelano, a integridade de seu território e primeiramente combater o governo Bolsonaro cúmplice desta política.