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BRASIL

Cuidado e solidariedade: máscaras para as periferias de Santo André

Em tempos de pandemia, a ausência do estado no que tange o direito a moradia digna, a cidade e ao trabalho é visível. A solidariedade de classe, através de movimentos feministas, de moradia, de coletivos negros e outros tem cumprido o papel do Estado, mesmo com todas as nossas limitações essas ações são fundamentalmente necessárias para defesa da vida e não dos lucros. Na cidade de Santo André, em São Paulo, o coletivo Resistência Feminista Cláudia Silva Ferreira, a partir de uma arrecadação online, vem realizando compra de máscaras com artesãs da região para distribuição nas periferias da cidade, onde o distanciamento social é um desafio maior. Confira a seguir o relato da experiência até aqui.

Resistência Feminista Cláudia Silva Ferreira

Nós, da Resistência Feminista Cláudia Silva Ferreira, realizamos em 29 de abril a primeira ação de entrega de máscaras em parceria com o coletivo Vidas Negras Importam no Bairro Jardim Santo André.

No dia 30 de abril realizamos a segunda ação em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) de Santo André, que além de mediar o contato com moradores da Favela do Amor, no bairro Teles de Menezes, contribuiu também com a distribuição de produtos de limpeza para a comunidade.

E no dia 2 de maio realizamos a nossa terceira ação em parceria com a Missão Sal, onde atuamos na sede da instituição, localizado na região de Utinga. As famílias atendidas por esta instituição são famílias em situação de extrema pobreza.

Sabemos que em tempos de crise econômica e sanitária as regiões que mais sofrem são as periferias. As precárias condições de moradia, saneamento básico e de vida desta parcela da classe trabalhadora, evidencia as múltiplas vulnerabilidades a que estão expostas.

As desigualdades sociais, fruto do sistema econômico perverso, ceifa vidas negras e periféricas cotidianamente. Em tempos de crise sanitária, essa questão se agrava exponencialmente.

O recente boletim Coronavírus – Covid19 de Santo André, revela que o região do Vila Luzita, Jardim Santo André e Tele de Menezes são regiões de grande concentração de casos confirmados pela Covid19. O bairro de Utinga está na crescente de casos confirmados na região.

Os dados também revelam que as mulheres são as mais infectadas, chegando a 55% e a faixa etária com o maior número de contaminação é de 30 a 39 anos, 34% dos casos confirmados na cidade. A maioria destas mulheres encontra-se em situação de desemprego ou com trabalhos informais. Estas também integram o perfil socioeconômico da extrema pobreza, beneficiárias do Programa Bolsa Família. Na maioria, a composição familiar é numerosa e as mulheres são as principais provedoras dos seus lares.

A experiência no contato direto com as famílias da Favela do Amor, conhecendo aonde elas residem, em cada viela estreita que passamos, é notória e justificável o ‘desespero’ delas em obter o mínimo de proteção que de fato lhes é de direito.

Com relação à segunda ação, para evitar aglomerações, a Missão Sal realizou ação na própria instituição. As famílias foram até o local para a retirada de cestas básicas e máscaras.

Agradecemos imensamente as/os trabalhadoras/es que contribuíram com a Vakinha. Agradecemos também a parceria com o Coletivo Vidas Negras Importam; MTST de Santo André e a Missão Sal por terem se colocado à disposição para somar conosco nestas ações, e por fim as artesãs com as quais articulamos para a confecção das máscaras.

Distribuímos 550 máscaras na Favela do Amor, 50 máscaras para as famílias do MTST – Condomínio Pinheirinho, 150 para o Coletivo Vidas Negras Importam que atendeu as famílias do bairro Jardim Santo André, e 150 máscaras para as famílias atendidas na Missão Sal na região de Utinga. Totalizando 800 máscaras confeccionadas e entregues nas periferias do município de Santo André.

 

 

 

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