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BRASIL

Qual educação em tempos de pandemia? E após?

Lorene Figueiredo*, de Juiz de Fora, MG
Arnaldo Alves/ANPr

Como chegamos até esta encruzilhada?

A crise pandêmica expôs um conjunto de contradições que já estavam postas diante da crise econômica que atingiu o planeta. Este processo remonta ao período pós – crise dos anos de 1970. A economia passou por profundas transformações e progressivamente incorporou o padrão microeletrônico na produção. Este se universalizou, transformando também as relações nos setores de serviços em geral e na educação em particular. Recebeu o nome de “Novas Tecnologias de Comunicação e Informação” e rapidamente foi convertido em modalidade de educação, sendo chamado de “Educação “à Distância ou sinônimos: ensino remoto, tele aulas etc. O nome dado pouco indica do complexo processo de reconfiguração do trabalho e da formação que o argumento da inclusão, da necessidade ou da emergência tenta nos impor.

Conforme ampla discussão que vem sendo feita pelos pesquisadores da sociologia do trabalho, a incorporação da microeletrônica e dos aplicativos de oferta de serviços   acompanhou o crescimento desta área ao mesmo tempo em que permitiu a redução do setor produtivo, levando ao enxugamento de postos de trabalho formais no “chão das fábricas”. Mesmo no setor de serviços, alguns de nós testemunhamos a substituição de vários postos de trabalho. No setor bancário, por exemplo, seres humanos foram substituídos por “caixas eletrônicos” um equipamento que possui o dom de nos transformar a todos em bancários e de ainda pagarmos pelo autosserviço prestado!

A redução dos postos de trabalho permitida pela incorporação desta nova base técnica criou um amplo segmento de trabalhadores informais e precários que as reformas trabalhistas trataram de legalizar na garantia dos lucros. Mais recentemente os aplicativos completam o processo da precarização geral da vida de quem trabalha produzindo o fenômeno da “uberização”. A uberização da vida como forma de trabalho/produção que se universaliza sob o capitalismo neste momento histórico, também chegou à educação ampliando as possibilidades de maximização da exploração do trabalho do professor. Seja em empresas privadas que tratam a educação como mercadoria seja em instituições públicas. Estas oscilam na disputa do conteúdo deste trabalho como oferta de um serviço na concepção vigente na legislação coerente com a visão empresarial ou como garantia de um direito social inalienável cuja salvaguarda deve ser obrigação do Estado e preservado pública, universal, gratuito.

Os processos de disputa em torno da educação não estão dissociados dos processos mais amplos da vida e do trabalho, ao contrário! A escolha por uma forma, um modelo, uma concepção pedagógica, currículo, enfim, tudo que envolve construir uma concepção de formação tem estreita relação com o projeto de sociedade e o papel que esta se dispõe a cumprir na divisão social e técnica da produção da vida, hoje globalizada, financeirizada, acelerada, precária. Afinal, qual educação construímos e para quê educamos?

Desde os anos de 1990 que no Brasil o debate em torno da forma e do conteúdo da educação está, novamente, em disputa e o empresariado tem obtido vitórias sobre os trabalhadores registradas na legislação. Esta expressa hoje um modelo esvaziado de formação, instrumental, técnico, individualista e quase asséptico no que diz respeito às reflexões sobre o ser e estar no mundo. Qual mundo? Por que organizado desta maneira e não de outra? Como nos relacionamos entre nós, com a natureza, com nós mesmos e por quê? Compreender isso exige uma robusta formação científica nas três grandes áreas que compõe o currículo: as ciências das linguagens (que inclui a matemática) as ciências da natureza (química, física, biologia), as humanidades (história, sociologia, filosofia, geografia). Não à toa estas últimas são as mais atacadas por governos conservadores, posto que são as que nos permitem  problematizar a realidade na qual vivemos, discuti-la, compreendê-la e escolher mudá-la!

Nesta direção desde a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB), passando pelos Planos Nacionais de Educação (PNEs), Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), Base Nacional Comum Curricular (BNCC), todos os documentos que conformam a legislação em vigor no Brasil hoje incorporaram a concepção de educação que interessa ao empresariado. Observamos um progressivo esvaziamento do conteúdo científico da educação básica, sua esterilização ao tratá-lo como mera aquisição de conteúdos. A ampliação do tempo de escolarização favoreceu uma sociabilidade de adaptação ao regime de trabalho combinando contenção física, concentração em tarefas, memorização de procedimentos e mais recentemente a utilização de TICs. Estas dialogam muito bem com os movimentos conservadores de estudo domiciliar e o desejo de censurar o acesso ao saber, como o “Escola sem Partido” que, de resto, criminaliza o professor.

No âmbito do ensino superior, a Educação a Distância como modalidade ganhou espaço e hipertrofiou-se. Ganhou quadros importantes de professores com o argumento sedutor da inclusão social e digital. Permitiu a incorporação de contingentes cada vez maiores de jovens e adultos que não dispunham das condições de estar presencialmente em uma sala de aula sem, no entanto, discutir o porquê desta impossibilidade.

A EaD é um negócio bilionário. Está presente no mundo todo inicialmente com as pós-graduações lato sensu e depois com as graduações. O modelo também foi amplamente utilizado nas licenciaturas como meio de ampliar a formação com o argumento de que era preciso suprir rapidamente a falta de professores.  Concomitantemente, vimos o rebaixamento progressivo e sistemático dos salários, a precarização das carreiras e o quase desaparecimento de concursos públicos. No ensino superior o regime de contratação mesmo em instituições públicas, nessa modalidade, se dá pelo pagamento de “bolsas” e sob a denominação de tutoria, como descaracterizando a docência.

Os limites do texto não nos permitem discutir aqui o que significa isso em termos de processo de trabalho. Cabe afirmar apenas que a EaD é uma forma de ampliação de exploração brutal do trabalho do professor, de sua precarização e da negação do acesso ao conhecimento científico organizado e sistematizado que é tarefa da escola garantir através do trabalho docente.

Somos contra tecnologia? Não! A internet é uma ferramenta excelente! Os equipamentos com os quais podemos trabalhar para lhes dar suporte excepcionais! Imaginem um professor de história poder conduzir uma visita guiada ao Louvre, ao Museu Nacional do Egito ou qualquer outro no mundo aos seus alunos que, mesmo morando em centros urbanos, jamais foram a um cinema! Sim, esta condição social é a da esmagadora maioria dos estudantes. A aldeia global não existe, ela é uma ilusão.

Se a ferramenta puder ser utilizada nas escolas públicas ela se converte em um importante instrumento de redução do desigual acesso à cultura. Mais dois exemplos: um professor de língua inglesa ou de literatura que possa assistir com seus alunos o Festival Internacional de Teatro em Londres, que encena peças de Shakespeare no The Globe (o mesmo no qual o próprio Shakespeare montou suas peças!) e que em uma de suas edições contou com a versão brasileira de Romeu e Julieta do Grupo Galpão! Que fantástico e rico debate pode ser feito! Ou um professor de física que pudesse levar seus alunos em um passeio virtual ao acelerador de partículas, ou uma aula interativa sobre buracos negros, enfim, as possibilidades são do tamanho da criatividade dos docentes e seus alunos.

A microeletrônica e as TICs aqui são ferramentas de trabalho, instrumentos que são dominados pelo professor. Assim elas potencializam e ampliam suas capacidades. Na forma EaD ela se converte em modalidade de ensino e se transforma em “maquinaria”. Passa ela, a máquina, a controlar o ritmo, o conteúdo e os meios pelos quais o professor ensina e o aluno aprende. Ou seja, ela retira de ambos, professor e aluno qualquer poder sobre o conteúdo do processo e o desloca para fora da relação. Isso tem implicações de várias ordens.

É preciso destacar que educação não é ensino , não é instrução, não é auto-educação ( para discutir a pretensa autonomia do estudante). Educação é um processo que se dá na interação, na relação professor e aluno, portanto, diretamente entre dois seres humanos.  Deve ter por objetivo fundamental desenvolver em cada ser humano particular o que de melhor a humanidade construiu ao longo de séculos de cultura e de trabalho. É dar vida em cada um de nós ao conhecimento que nos permitiu compreender desde a psique humana até as fronteiras do nosso universo, o sentido estético e a sensibilidade através da arte, é cultivar a curiosidade. Desenvolver as formas de estruturação do pensamento que garantam às crianças e aos jovens as condições de realizar de forma complexa o raciocínio e assim conquistar autonomia e liberdade. Isso é educar. E nós nomeamos esse processo formação humana, dada sua integralidade.

Todo o resto é entregar doses de informação, pequenos pacotes de mercadoria pronta e acabada, morta, que permitem a integração destes professores e dos estudantes nas mais diversas formas de inserção na produção na justa medida que interesse aos empresários.

Nesta disputa entre educar e instruir a modalidade EaD é o instrumento privilegiado para expropriar professores, ampliando a exploração sobre seu trabalho, reduzindo seus ganhos salariais e desempregando massivamente todos nós. Ao mesmo tempo, permite controlar o quanto de acesso ao conteúdo científico esvaziado, instrumental, cada filho da classe média e de trabalhadores em geral tem e terá acesso.

Neste sentido, a crise pandêmica cria a desculpa perfeita para, sob a pressão do argumento da emergência e da necessidade de não prejudicar os estudantes, prejudicar estudantes e professores negando-lhes o próprio sentido do processo de educar. Não à toa, ao longo das duas últimas décadas professores têm protagonizado greves duras e prolongadas, assim como estudantes tem realizado ocupações de escolas e reitorias no Brasil e no Mundo. No ano de 2019 houve greves de professores em todos, todos os continentes em vários países com três reivindicações fundamentais: melhores condições de trabalho, salário/carreira, aposentadoria.

A EaD é uma das táticas dos empresários para ampliar a exploração e, portanto, seus lucros no setor de serviços tentando reduzir as perdas já evidentes pela crise econômica que é anterior à pandemia. Os ataques à educação e seus trabalhadores são mundiais e a saída proposta pelo empresariado, até aqui rejeitada, começa a ganhar força com a Covid-19.

Este é um fenômeno presente em grandes cidades com muitos recursos no Brasil e no exterior como, por exemplo, Nova Iorque. Jovens pobres e periféricos, em grande parte afrodescendentes e latinos estarão sumariamente excluídos até mesmo desta forma rasteira e ineficiente de certificação e de absoluta redução do papel que a “escolarização” cumpriu na formação humana em sociedades complexas como a nossa.

A leitura é simples, porém dolorosa. O mundo após esta crise econômica mundial, agravada pelo componente epidêmico, não será mais o mesmo. Várias formas de trabalho e produção desaparecerão ou não poderão mais se realizar. Não teremos mais os calendários e a organização do trabalho na forma que até então conhecemos. Nosso modo de vida tal qual o conhecemos até aqui está morrendo. Este é o sentido de crise. Rapidamente os empresários se articulam para recompor minimamente seus ganhos e maximizar a exploração dos trabalhadores, inclusive pelo descarte de contingentes ainda maiores da força de trabalho. Professores serão desempregados e estudantes mal formados quando formados, posto que o abandono é de mais de 80% no ensino superior na modalidade à distância. Imaginem o que será na educação básica! A justificativa para seu suposto “fracasso”, sua não inserção no mercado formal e/ou precário de trabalho será sua própria incompetência na apropriação dos conhecimentos considerados socialmente necessários. Maior violência e perversão impossível[1].

Os professores e os estudantes têm resistido dignidade. Mas maldosamente, os governos gerentes de plantão dos interesses dos empresários (quando não são os dois em um só, como é o caso de Romeu Zema em Minas Gerais) perguntam aos professores: qual alternativa de educação se a vida não voltará ao normal tão cedo, se é que voltará ? E qual educação deve ser oferecida para esta nova condição da humanidade?

É fato que não voltaremos à “normalidade” tão cedo, se é que voltaremos. Mas isso não é necessariamente uma notícia ruim, afinal, a normalidade já nos conduzia, no mínimo, ao colapso ambiental! Tudo depende da nossa capacidade de responder aos desafios que estão postos e não ceder no que é fundamental para a nossa classe. Conhecimento sempre foi poder. Nesta sociedade que incorporou como nunca antes conhecimento científico à produção industrial, mais ainda.  É fundamental lutar por nossas condições de trabalho e de vida e pelo direito inalienável de cada criança e jovem se apropriar do maior e melhor conhecimento produzido pela humanidade. É nosso patrimônio comum. Deve continuar a sê-lo e ser reapropriado, inclusive, no que já foi perdido até aqui. Nosso futuro está em disputa e temos que identificar quais caminhos não tomar. A EaD, como modalidade de ensino, seguramente deve ser rejeitada. Por outro lado, devemos assumir nosso lugar de intelectuais/educadores e assim identificar e trabalhar com as formas que devem ser valorizadas.

Nem EaD, nem ensino padronizado: por uma Educação para além da pandemia e da crise econômica

Existe uma memória e uma tradição de luta em torno da educação feita por parte da classe trabalhadora e é hora de aproveitarmos esta “parada” forçada para nos apropriarmos coletivamente dela. Em outro texto podemos aprofundar os elementos teóricos, filosóficos e metodológicos, mas deixarei previamente indicados aqui alguns e elementos de combate imediato.

  1. Considerando que educação é um processo de humanização que se dá mediado pela relação professor alunos e, portanto, entre sujeitos, rejeitamos o uso de TICs na forma EaD posto que se configura como modalidade e não como ferramenta de trabalho;
  2. Considerand eo que o futuro da economia e da vida tal qual conhecemos é incerto, entendemos que nos encontramos em um tempo de excepcionalidade. Logo, não há motivo para acelerar a formação de crianças e jovens pressionando-os para uma forma de trabalho e empregos que sequer saberemos se existirão. Estaremos formando para quê? Não há motivos para pressioná-los, muito menos aos seus pais, sendo que não há estrutura para garantir sua formação com qualidade e igualdade de condições;
  3. Considerando que mesmo o uso de TICs exige uma forma de apresentação de conteúdo e de organização do trabalho distintos, não há porque retornar imediatamente ao trabalho e converter docentes em vídeo-makers e pais em tutores não remunerados para reproduzir mais do mesmo;
  4. Visando garantir os tempos de trabalho, a preservação dos processos, os meios e a garantia de sua elaboração com qualidade, nós, professores, nos colocamos como sujeitos do processo de reorganização da educação, constituindo frentes de trabalho e pesquisa para, em chats de reuniões, da forma que entendermos como mais eficiente, pensar a reorganização do nosso trabalho com vistas ao pleno atendimento dos interesses e necessidades de nossos estudantes.
  5. Neste sentido, tudo deverá ser repensado, inclusive o currículo. Portanto, não cabe prosseguir com aulas sobre temas e coisas que neste momento, não fazem nenhum sentido para nossos alunos. Conforme nos ensinou Pistrak, a escola deve responder às questões de seu tempo. Caso não seja capaz de fazê-lo, estará fadada a morrer. Isso é verdade para a escola presencial, mas é mais ainda para a EaD como peça de ficção que é.
  6. Entre as experiências que vislumbramos como possíveis para constituir nova forma de materialidade do trabalho escolar sugerimos a pedagogia da alternância, criada para respeitar a sazonalidade da vida no campo. Esta combina momentos presenciais em salas de aula regulares com a formação do estudante em sua comunidade, a partir de trabalhos autônomos de investigação que pressupõem o uso dos conhecimentos científicos apropriados presencialmente. A devolutiva das atividades é feita no retorno às atividades presenciais para apropriação coletiva. O tempo na comunidade pode ser adaptado para o meio urbano trabalhando o conceito de território e pode contar com o trabalho de professores comunitários, como a experiência dos médicos e enfermeiros da família. Esta forma pedagógica (ainda não estamos discutindo conteúdo) pode expressar uma importante alternativa para a garantia da natureza relacional e presencial da educação, bem como as condições minimamente decentes de trabalho docente.
  7. O processo de elaboração da relação forma-conteúdo, se realizará a partir das reuniões supracitadas e no formato grupo/frentes de trabalho e pesquisa que respeitarão os territórios e as formações culturais de estudantes e professores. O trabalho pode e deve ser realizado articulado às universidades públicas, seu corpo docente e estudantes, que podem ser convidados a participar destas frentes de trabalho, cujos vínculos podem ser estabelecidos a partir dos entes federativos e suas respectivas secretarias de educação ou das universidades com movimentos sociais, como associações de moradores, pais, sindicatos etc. Bem como aproveitando experiências como a do MST na educação do campo.
  8. O tempo do estudante neste momento de parada forçada pode e deve ser preenchido com atividades culturais que dialoguem com o currículo básico e o enriqueçam, mas que não sejam tomadas como conteúdo formal, posto que estamos em tempo de excepcionalidade. Assim sendo, os professores podem se articular por área ou afinidades culturais ou qualquer outro formato que considerarem pertinente e indicar shows, peças, apresentações de dança, séries, filmes, livros para baixar, passeios virtuais, minicursos gratuitos que estão sendo disponibilizados livremente na internet. Objetiva-se, assim, garantir a apropriação de bagagem cultural a qual nossos alunos normalmente não têm acesso e que os faz consumir exclusivamente material da indústria cultural de caráter duvidoso quando se trata de formação. Pode ser solicitada algum tipo de sistematização de ideias sobre o que foi visto/experienciado para não perder o caráter diretivo do processo educativo.
  9. Sabendo da imensa exclusão digital a qual os estudantes estão expostos no Brasil e no mundo todo e considerando que esta não é a única forma de garantir o acesso a esses bens culturais, nós professores exigimos que os mesmos conteúdos sejam disponibilizados na TV aberta através dos canais públicos para que os estudantes desconectados tenham garantido o acesso.
  10. Caberá aos órgãos do governo e às TVs públicas garantir as legendas em português e a tradução em libras;
  11. Todo o material deverá ser disponibilizado e , quando necessário, adaptado para a oferta via sistema de rádio difusão, bem como impresso.

Enquanto os alunos acessam estes bens culturais, patrimônio da humanidade e também seu por direito de nascimento, nós professores utilizaremos este tempo de parada obrigatória para fazer algo que deveria ser garantido em nosso tempo regular de trabalho: estudar, planejar, organizar com qualidade nossas intervenções, condição que nos têm sido roubada pela superexploração que nos obriga a dois e até três turnos de trabalho em sala de aula.

A partir de agora, nós nos apropriamos deste tempo da excepcionalidade e diremos como a educação será organizada para que, de fato, se materialize como direito inalienável das crianças e jovens de nosso país. Desejamos poder levar esta perspectiva de trabalho e de realização para nossos colegas em outros lugares do mundo que hoje enfrentam um inimigo comum, que tem muitas faces, mas um só objetivo: nos negar nossa humanidade tornando-nos a todos objetos, mercadorias exploráveis, consumíveis, descartáveis. Nós dizemos não! E dizendo não, dizemos sim ao nosso desejo por uma vida humanizada e plena de sentido!

Professores do mundo, uni-vos!

 

* Lorene Figueiredo é Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora onde Leciona Política Pública e Gestão do Espaço Escolar e Economia Política da Educação, sendo pesquisadora das mesmas áreas e extensionista na interlocução entre educação e movimentos sociais. É presidente do Psol-Juiz de Fora e militante da corrente Resistência.

 

Para saber mais:

1. Sociologia do trabalho, relações de mercado e modos de vida

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez Editora, 2008.

ANTUNES , R e BRAGA, R (org). Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo Editorial, 2009.

ANTUNES, R. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2018.

HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

HARVEY, D. 17 Contradições e o Fim do Capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2016.

MARX, K. “O Processo de trabalho e o processo de valorização”. Cap.5, Seção III. Vol 1. O Capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

MARX, K. “Maquinaria e grande indústria”. Cap.13, Seção IV. Vol 1. O Capital. SP. São Paulo: Boitempo, 2013.

SILVA, A. M. “Uberização do Trabalho Docente no Brasil: uma tendência de precarização no século XXI”. https://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/view/38053

2. Relação trabalho, educação e reformas do Estado

FIGUEIREDO, L. Trabalho Flexível na Educação e Reconversão Docente: um estudo a partir das reformas em Minas Gerais. RJ, PPFH/UERJ, 2014, Tese.

3. Educação como Formação Humana e Pedagogia da Alternância.

MARSIGLIA, A. C. G (org). Pedagogia Histórico-Crítica 30 anos. Campinas: Autores Associados, 2011.

NOSELLA. P. Origens da Pedagogia da Alternância no Brasil. Col. Educação do Campo. Vitória : EDUFES, 2014.

PISTRAK, M. Fundamentos da Escola do Trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2000.

SAVIANI, Nereide. Saber Escolar, Currículo e Didática. Problemas da unidade conteúdo/método no processo pedagógico. Campinas: Autores Associados, 2006.

SHULGIN, Vitor N. Rumo ao Politecnicismo. São Paulo: Expressão Popular, 2013.

 

Nota

[1] Sem nos esquecermos que a força de trabalho na educação, em particular na educação básica, foi sendo historicamente construída como uma força de trabalho feminina. Dada a especificidade das relações sociais de produção na qual nos inserimos, haverá uma superexploração com  forte recorte de gênero, pois professoras também são mães e a forma que os governos e empresários se propõe a universalizar a EaD exige um acompanhamento domiciliar que intensifica a exploração de pais, convertidos em tutores não remunerados e de professores que atuarão dos dois lados do processo. Diante do evidente fracasso já esperado, pode-se responsabilizar todos: professores, pais, estudantes, menos os reais responsáveis.