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Com propaganda militarista, extrema direita organiza “acampamento” para defender Bolsonaro 

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

“Fui treinada na Ucrânia e digo: chegou a hora de ucranizar!”. Foi com este chamado que a militante de direita Sara Winter deu início à organização de um acampamento chamado “os 300 Brasil”. Uma postagem três dias depois em seu Facebook tornava público um manifesto explicando que era um “acampamento de ações estratégicas”, com o objetivo de fazer uma “contra-revolução”.  O manifesto diz que atividade é voltada a quem tem coragem de doar “sangue, suor, sono” e disposição para se dedicar “integralmente às ações coordenadas, inclusive com a possibilidade de ser detido”.

Que tipo de “treinamento” Sara Winter teve na Ucrânia? O que se sabe que o país virou um centro de preparação de ações armadas para militantes de extrema-direita depois dos conflitos no país. O nome “300 do Brasil” remete à lenda da Batalha das Termópilas, considerada um dos atos militares mais heroicos da história. Ela inspirou o famoso filme “300”, do diretor Zack Snyder, após os quadrinhos de Frank Miller.

O chamado a um acampamento usando propaganda militarista e falando em “ações coordenadas, inclusive com a possibilidade de ser detido” já é o suficiente para que a Polícia Federal investigue. Afinal, que tipo de gente esta atividade atraiu? A Constituição Federal proíbe em seu artigo 5º, inciso XVII, a formação de grupos paramilitares.

Não podemos acusar sem provas, mas o que Sara Winter fala publicamente já seria motivo para investigação. Seria, se fosse algo organizado pela esquerda. A extrema-direita no Brasil sempre promoveu atos violentos ou que estimulam a violência com vista grossa do Poder Público.

O quanto a ameaça é real?

Sara Winter já fez parte do grupo ucraniano Femen, de acordo com entrevista dada em 2016. Ela é conhecida militante contra o feminismo e o aborto, e já teve cargo na administração de Bolsonaro. Em seu site, ela diz ainda colaborar com o governo.

Na postagem que convoca o acampamento, é informado que o objetivo é treinar militantes para lutar contra aqueles que estariam impedindo Bolsonaro de governar. Nos comentários, não faltam defesas de um golpe militar.

A convocação para o acampamento foi feita um dia depois dos atos realizados por militantes de direita em bases do Exército. Neles se viam cartazes pedindo “um novo AI-5”, instrumento legal que a Ditatura Militar usou para perseguir opositores. O Presidente Jair Bolsonaro participou de uma dessas manifestações.

As atividades estavam programadas para começar na última segunda-feira (27). Mas depois da convocatória não foi feita nenhuma postagem sobre o que deve estar acontecendo. Parece que Sara Winter quis deixar tudo de forma discreta. A mídia tradicional, por exemplo, não noticiou nada. O que se sabe é que convocação foi bem sucedida, pois grupo no aplicativo Telegram do acampamento tem mais de 2,7 mil membros.

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extrema direita