No dia 17/04, a Justiça Federal de São Paulo determinou o adiamento do Enem 2020, em função da suspensão das aulas presenciais em todo o país, para contenção da pandemia ocasionada pelo coronavírus. Na decisão, a juíza Marisa Cláudia Gonçalves Cucio alega que as desigualdades relacionadas às condições de aprendizagem durante o período de isolamento serão refletidas na prova, ocasionando, assim, grave injustiça para a maioria d@s candidat@s.
Indiferente aos fatores apresentados pela juíza, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o MEC irá recorrer da decisão, uma vez que o Enem é uma competição. “Que vença o melhor”, concluiu o Ministro.
Não é verdade que “basta querer” para conseguir manter uma rotina de aulas e estudos durante o isolamento. Além das desigualdades para manutenção de atividades letivas à distância (dificuldades de acesso aos recursos tecnológicos, eletricidade e internet), já muito divulgadas, também o número elevado de moradores em uma mesma casa; a ausência de espaços para estudo com tranquilidade; a dedicação às crianças, que também estão sem aulas; os serviços domésticos; a instabilidade ocasionada pela vulnerabilidade alimentar e financeira a que muitas famílias estão submetidas, sem que possam contar sequer com o auxílio emergencial, que o Governo Federal insiste em não pagar; são determinantes para o aprofundamento das desigualdades de condições em que estudantes pobres enfrentariam o Enem pós-isolamento.
Para nós, que construímos o Acesso – curso pré-universitário popular, a decisão da juíza deve ser mantida e cumprida. Para o Ministro da Educação, é muito fácil desejar que “vença o melhor”. Afinal, os seus familiares e amigos que eventualmente viessem a fazer o Enem, certamente, seriam os “vencedores”, pois além de estudarem em escolas que asseguram as melhores condições para aprendizagem, encontram nas suas estruturas domésticas, essas mesmas condições. Do outro lado, do lado dos “perdedores”, estariam @s alun@s do Acesso.
Lamentamos que o Governo Federal minimize a pandemia e as suas consequências. Sabemos que nem o presidente, nem o ministro se importam que pessoas como @s noss@s alun@s vivam ou morram. Muito menos, se importam que eles ocupem ou deixem de ocupar uma vaga em uma universidade. Mas nós nos importamos. Desejamos força para que superemos este momento difícil, e que estejamos junt@s para enfrentar as injustiças que se aprofundam na crise da pandemia.
Estamos junt@s!
Veja a repercussão do caso:
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