Em meio a esta dura quarentena, a preocupação com a pandemia de Covid-19 se soma à revolta com o descaso genocida de Bolsonaro e seus partidários, que minimizam a gravidade da situação e colocam os lucros acima da vida das pessoas.
Se é verdade que neste momento não é possível ir às ruas para se manifestar contra as barbaridades deste governo, também é verdade que podemos usar a internet para nos aproximarmos e discutirmos a atual situação e os óbvios limites do capitalismo, que em meio à pandemia de Covid-19 estão mais à vista do que nunca.
Pensando nisso, o coletivo de juventude Afronte! organizou um curso online sobre a “Formação histórica do Brasil e a luta anticapitalista” com Marcelo Badaró, professor da UFF e militante do PSOL.
Sabemos que sem teoria revolucionária não existe ação revolucionária, como Lênin colocou há mais de um século. Neste momento tão difícil, em que a crise cairá com ainda mais força sobre as costas dos trabalhadores e da juventude, é fundamental que nós entendamos profundamente o capitalismo para que possamos juntos travar duras batalhas contra esse sistema que impõe a marginalização à maioria da população enquanto garante volumosos lucros para uma ínfima minoria. É preciso entender o Brasil e as suas desigualdades, discutidas no livro de Badaró, Sete notas ao Debate da Esquerda Socialista no Brasil, de 2017, que embasa o nosso curso.
O curso terá três sessões, sempre às quintas-feiras, 18h do horário de Brasília (lembrando que a primeira delas aconteceu na última quinta-feira, dia 16/04). Depois de um enorme sucesso com mais de 770 inscrições, centenas acompanharam a primeira sessão do curso, que discutiu as três primeiras notas do livro: “O capitalismo no Brasil”, “A burguesia no Brasil” e “Estado e formas de dominação”.
Na abertura do curso, o professor Badaró apresentou a importância de analisarmos e intervirmos na realidade a partir da perspectiva do materialismo histórico-dialético. O livro que serve como base do curso foi produzido em 2017, após o golpe, em meio aos debates programáticos que deram origem à Resistência (tendência interna do PSOL), e se propõe a pensar a atuação da esquerda, se utilizando da perspectiva marxista, para transformarmos a realidade.
Nesta primeira sessão discutimos o importante paradoxo brasileiro: um país onde a industrialização ocorreu com muita velocidade e que preservou em si um dos maiores níveis de desigualdade no mundo. O capitalismo brasileiro, construído sobre longos anos de escravidão, precisa ser compreendido em toda sua complexidade. A classe trabalhadora brasileira é duplamente explorada pela burguesia imperialista e sua associada nacional.
A burguesia brasileira nunca se privou de cultivar sua tradição antidemocrática, lançando mão de regimes autoritários para garantir sua dominação a condição de sócia menor do imperialismo. O caso mais clássico em nossa história é o Golpe de 1964, que deu origem à Ditadura Militar brasileira, porém ele não pode ser visto como um exemplo isolado. De fato, podemos ver em nossos tempos atuais uma larga ofensiva em direção a uma nova escalada golpista, vide os atos deste domingo, dia 19/04.
A transição de regime da redemocratização, ainda que houvesse uma mobilização importante dos trabalhadores e da juventude contra a ditadura, foi pactuada com os militares que saíam do eixo do poder executivo naquele momento. Neste processo, a burguesia brasileira manteve a lógica de contrarrevolução preventiva, mesmo que sob contornos de um regime democrático. Esta reflexão, desenvolvida no curso, é muito importante para entendermos a nossa batalha contra o capitalismo neoliberal para quem as vidas das pessoas importam menos que a “economia” ou, melhor dizendo, os seus lucros.
Nesta semana, no dia 23/04 (quinta-feira), às 18h, teremos a segunda sessão do curso sobre a quarta nota: “O sujeito histórico”. No dia 30/04, as três últimas notas serão discutidas: “A organização política”, “Movimento, mobilização e ação coletiva” e “O programa”. As sessões serão disponibilizadas no canal “Afronte! Ideias para os 99%”.
As perguntas que não foram respondidas ao vivo vão ser respondidas pelo instagram nos próximos dias.
E se você gostou dessa iniciativa, saiba que já estamos preparando as próximas. O próximo curso do Afronte! debaterá feminismo e teoria da reprodução social. Acompanhe as nossas redes no Instagram e nossa página no Facebook. O curso também pode ser assistido através do nosso canal no YouTube.
Comentários sobre a primeira sessão:
“Eu achei o curso muito bom, atualmente o professor Badaró é um dos principais intelectuais da esquerda revolucionária brasileira, e ele conseguiu apresentar os temas com uma clareza e precisão impressionantes. Achei os temas propostos valiosíssimos para a nova camada de jovens militantes em formação que estavam assistindo a live. Entender o processo de formação do capitalismo brasileiro é super valioso, mas o mais rico do curso foi como o professor conseguiu combinar a historiografia brasileira e nossa posição no cenário internacional com a explicação de conceitos fundamentais do marxismo de maneira mais geral. Valeu super!”
Mateus Pinho, São Paulo/SP
“Sempre tive o estudo da formação histórica brasileira e a luta anticapitalista enquanto essencial, e ter a oportunidade de fazê-lo com o Profº Badaró neste momento agrega ainda mais qualidade ao estudo. Entender a forma como a urbanização brasileira se apoiou em uma desigualdade gritante e os dados pontuais que o texto e a exposição do Profº Marcelo Badaró trazem são valiosíssimos, sobretudo nesse momento que enfrentamos mais um efeito colateral do capitalismo.”
Tatiana Machado, Florianópolis/SC
“A iniciativa do Afronte com o curso sobre a formação histórica do Brasil e a luta anticapitalista me permitiu avançar na compreensão de debates tão caros para compreendermos como chegamos até a fase atual do capitalismo no Brasil e no mundo. A didática do Prof° Marcelo Badaró sobre tópicos como capitalismo e burguesia no Brasil e Estado e formas de dominação, foi de longe o que enriqueceu o curso, além das discussões ao final com o envolvimento dos participantes.”
Daniel Vitor, Penedo/AL
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