Está mais claro do que nunca que o (des)governo de Jair Bolsonaro tem um projeto de destruição da educação pública, desde o seu primeiro ministro da educação, Ricardo Velez, que se demonstrou incompetente, pois franqueou seu descaso com a educação e com a democracia brasileira, além de possuir uma das características que parece ser necessária no currículo bolsonarista para ocupar o cargo de ministro da educação, ser olavista.
Assim como Velez, Abraham Weintraub é a personificação do descaso com a educação pública, mostrado através do seu projeto de militarização das escolas e perseguição a professores, ligados principalmente à área de humanas. Em 2019, Bolsonaro declarou que o MEC “estudava” descentralizar investimentos em cursos de filosofia e sociologia, mostrando o seu avesso a um pensamento crítico em escolas e universidades. Na visão da burguesia e dos olavistas, a educação deve representar um balcão de negócios e sem pluralismo de ideias, quase uma máquina criadora de proto-fascistas.
No começo do ano de 2020, vários estudantes perceberam erros em suas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as quais não eram compatíveis com o total de acertos, fazendo vir à tona descaso do Inep e do MEC com a principal ferramenta utilizada para conquistar vaga em universidades públicas.
Pandemia e seus impactos na educação brasileira
No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu o primeiro alerta para a doença do novo coronavírus, o qual teve início na cidade de Wuhan, capital de Hubei na China. Por conta da rápida expansão e da falta de tratamento, medidas foram necessárias em diversos países para evitar a facilidade na transmissão, e uma delas foi o isolamento social.
Com a chegada do Covid-19 no Brasil, tornou-se impossível fugir destas medidas de proteção à saúde. Essas providências causaram grandes impactos nos meios trabalhistas e educacionais, uma vez que ocorreram suspensões de atividades em empresas, comércios, escolas, universidades etc. Na educação, o cancelamento das aulas afeta fortemente o desenvolvimento da aprendizagem de inúmeros estudantes, independente do nível de ensino em que se encontram. Além disso, sabe-se que muitos alunos de escolas públicas dependem da alimentação escolar por viverem em situações de precariedade. Nesse viés, é fundamental cobrar a atuação do Estado para garantir auxílio alimentação dos estudantes nesse período de quarentena.
Enquanto o mundo inteiro vivencia uma intensa crise pandêmica, o Ministério da Educação do governo Bolsonaro expressa irresponsabilidade ao manter o calendário da realização do Enem de 2020, ignorando completamente o cenário atual.
Embora muitos alunos estejam dando continuidade a seus estudos, as condições oferecidas para que isso ocorra não são iguais para todos. Ademais, é provável que o conteúdo programático para o último ano do ensino médio não seja concluído por inúmeras instituições até as datas do exame, visto que a duração do período de isolamento social poderá ser bem mais longa do que o esperado. A educação a distância, que já era um projeto do governo Bolsonaro, tende a crescer nesse período de pandemia. Esta é uma forma de ensino que não pensa as suas consequências, pois exclui quem a burguesia e o governo não querem ver nas universidades, ou seja, estudantes pobres e periféricos, que terão ainda mais dificuldade ao acesso dos materiais.
Enquanto isso, o ministro Abraham Weintraub declara que a competição por vagas nas universidades será justa, considerando que a pandemia impactará igualmente todos os estudantes. Este posicionamento evidencia a falta de sensibilidade do MEC com aqueles que não possuem acesso às ferramentas necessárias para estudar virtualmente.
Por isso reivindicamos a suspensão do edital do ENEM e o adiamento das provas de acordo com um calendário ajustado em conjunto pela rede de ensino básica e rede de ensino superior que leve em conta a crise ocasionada pelo novo coronavírus e seus impactos na classe trabalhadora brasileira.
Quarentena é um direito. Entrar na universidade também!
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