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BRASIL

“Deixa essa gente trabalhar!”: as declarações absurdas do presidente do Banco do Brasil

Coletivo Travessia Bancária
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes

Bolsonaro tem um grande aliado em sua campanha genocida para combater a política do isolamento, recomendada pelas autoridades da área da saúde e organismos internacionais. Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, já coleciona declarações absurdas, colocando as necessidades da economia na frente da preocupação com as vidas humanas.

Na última semana, Novaes afirmou, em grupo de WhatsApp, que “muita bobagem é feita e dita, inclusive por economistas, por julgarem que a vida tem valor infinito. O vírus tem que ser balanceado com a atividade econômica”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirmou que as quarentenas contra a propagação do vírus causarão “depressão econômica com efeitos piores que os da epidemia”.  

Como se não bastasse, no início desta semana, Novaes afirmou que é melhor que os 70% da população que serão infectados o sejam o quanto antes! Apelou para a “lógica” para justificar seu discurso absurdo: “Tentemos usar um pouco de lógica a partir de declarações médicas indicando que a epidemia” só se extinguirá após atingida, e portanto imunizada, uma determinada parcela da população, digamos 70%. Ora, se isto é verdade, o que realmente importa é que os velhinhos e os já doentes estejam entre os 30% da população que não será contaminada pelo vírus. Afinal, são eles que demandam atendimento de UTIs e apresentam maior taxa de letalidade. Resolve-se o problema do pico de demanda por atendimento hospitalar e reduz-se o número de mortos. Quanto aos 70% da população que será infectada, melhor que que o seja o quanto antes para que a economia volte a funcionar normalmente. Deixa essa gente trabalhar!”. No dia 31/03, em nova entrevista, Novaes reforçou as afirmações anteriores e acrescentou: “A ciência médica é tão imprecisa como a econômica“

Evidentemente, não há qualquer elemento da realidade que justifique a “lógica” adotada por Rubem Novaes, que é a mesma “lógica” de Jair Bolsonaro. A experiência dos países nos quais o vírus chegou antes e vem causando enormes tragédias, como é o caso da Itália e da Espanha, demonstra que, embora a letalidade seja maior entre os idosos e aqueles que já possuem doenças anteriores, a doença atinge também os mais jovens com gravidade, exigindo tratamento com internação hospitalar e, por vezes, levando à morte.

Pela lógica de Novaes, se 70% da população brasileira for infectada o quanto antes, estamos falando de cerca de 147 milhões de brasileiros. De acordo com o Ministério da Saúde, 15% dos infectados no Brasil precisarão de internação hospitalar. Considerando 147 milhões de infectados “o quanto antes”, seriam 22 milhões de brasileiros necessitando de internação. O número de leitos de UTIs no país hoje é de cerca de 40 mil. Ou seja, adotando a “lógica” de Novaes, milhares ou milhões morreriam nos próximos meses. Para sermos mais científicos, os estudos já realizados demonstram que, caso essa política fosse aplicada no Brasil, resultaria em mais de 1 milhão de mortos.  Mas Novaes e Bolsonaro parecem não estar preocupados com isso. O que tem valor infinito para eles é o lucro e não as vidas. Esquecem, no entanto, que não há economia sem pessoas, que não há produção de riqueza sem trabalho humano. 

“Essa gente” já está morrendo! Quarentena já!

Na última semana, como resultado de posicionamentos como o de Novaes e do presidente Bolsonaro, vimos acontecerem no Brasil as “caravanas da morte”, lideradas por empresários que, de dentro de seus carros de luxo, clamavam para que o povo voltasse a trabalhar. No Banco do Brasil, presidido por Novaes, muitos ainda continuam trabalhando. 

Infelizmente, já tivemos a morte de pelo menos 2 colegas do Banco do Brasil. Um deles, um colega que trabalhava no caixa da agência Catete, no Rio de Janeiro e que, até o dia 13/03, continuava trabalhando. Os resultados não saíram, devido à escassez de testes, mas tudo indica que nosso colega foi  vítima da Covid-19. Como ele, muitos continuam trabalhando nas agências, que deveriam estar fechadas ao público e atendendo somente os serviços essenciais, como o abastecimento dos caixas eletrônicos. O resultado é que a cada dia aumentam as informações de colegas bancários com suspeita de contaminação ou de casos confirmados de infeção pelo Covid-19.

É preciso garantir a quarentena, ao contrário do que falam Bolsonaro, Novaes e sua turma. Os trabalhadores precisam ficar em casa, com garantia da manutenção de sua remuneração e  de seus empregos, para evitar que sejam, eles e suas famílias, contaminados pelo vírus. É preciso garantir a renda básica emergencial e investimentos imediatos no SUS. É preciso colocar as vidas em primeiro lugar. 

Fora Novaes!

Antes mesmo da pandemia do novo coronavírus, Novaes já causava indignação entre os funcionários do BB, defendendo abertamente a privatização deste importante banco público. Suas declarações neste momento dramático para o povo brasileiro nos fazem ter certeza de que ele não pode continuar ocupando a presidência do Banco do Brasil. É inadmissível que um economista que não acredita na ciência ocupe o principal cargo de direção de um dos maiores bancos do país. 

 

Fora Bolsonaro e Novaes!

Quarentena para salvar vidas!

Renda básica para quem precisa, nenhuma demissão, nenhuma redução de salários!