A cidade de Fortaleza (CE) está em quarentena, como a maior parte do país. O isolamento social é um dos meios necessários para evitar a expansão descontrolada da Covid-19. Na mídia, o prefeito da cidade, Roberto Cláudio (PDT), que foi confirmado com o vírus da doença, aparece como um paladino que, corajosamente, enfrenta o mal. Só que nesta segunda-feira, 23, o mito do paladino amanheceu bastante arranhado.
Depois que os sindicatos de trabalhadores e da patronal da construção civil, com a mediação do Ministério Público do trabalho, assinaram acordo para suspender as atividades por 15 dias, sem perda salarial, a maior parte das empresas não funcionou neste dia 23. A exceção de uma pequena quantidade de canteiros de obras, a maioria sob a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Fortaleza, comandada por Roberto Cláudio.
Pode-se alegar que são obras relacionadas à saúde pública – IJF-2, 2 policlínicas e o Frotinha-Messejana -, e, portanto, podem ser úteis ao enfrentamento da pandemia em curso. Acontece que apenas o IJF-2 está com prazo mais próximo de conclusão. Os trabalhos de construção das policlínicas e a reforma do posto de saúde Frotinha, no bairro Messejana estão muito longe de findar. Sem se falar que outra obra grande do município de Fortaleza, que está desrespeitando a quarentena, é do CUCA-Pici, um centro cultural, que, embora importante, não tem qualquer nexo com a saúde.
O que se observa, de fato, é que o poder público e os patrões, que se ligam a empresas como Edcom, AMP e Cetro, não respeitam o acordo entre os sindicatos e sequer consideram a saúde da classe trabalhadora. Nos canteiros de obra prevalecem precárias condições sanitárias, além de uma concentração humana significativa, principalmente se recordamos a predominância de espaços fechados, o que facilita o contágio.
O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil não fez por menos e montou uma equipe de diretores que, nesta segunda-feira, paralisou 8 canteiros, todos vinculados às obras da Prefeitura de Fortaleza, deixando nítido que a classe trabalhadora não está disposta a aceitar a morte dos seus como condição para um enfrentamento puramente superficial ao Coronavírus. O que ela precisa é do isolamento social, com a manutenção de emprego e salário.
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