As medidas anunciadas pela equipe econômica do governo Bolsonaro em resposta aos efeitos econômico-sociais da pandemia do novo Coronavírus representam um ataque contra a vida das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. A preocupação do governo Bolsonaro é única e exclusivamente com os lucros dos grandes empresários.
A principal medida anunciada pelo governo é a redução salarial de até 50% dos trabalhadores da iniciativa privada e estuda encaminhar um projeto redução de salários dos servidores públicos de até 20% por um período, a priori, de três meses.
E para os trabalhadores informais a proposta do governo é dar um auxílio de míseros R$ 200. Um escárnio.
Embalada pelo anúncio do governo, a Latam Airlines, maior companhia aérea da América Latina, já determinou a redução de 50% nos salários de seus mais de 40 mil funcionários.
Já para os empresários da aviação civil o governo rapidamente apresentou um generoso pacote de ajuda econômica, que inclui a dispensa do recolhimento das taxas aeroportuárias (1,9 bilhões só das taxas de outorga), a ampliação do prazo para 12 meses para reembolso dos passageiros que compraram passagens que foram canceladas por conta da pandemia, além de uma linha de crédito nos bancos públicos com taxas baixíssimas de juros.
O mínimo que o governo deveria exigir dessas empresas seria a proibição das demissões e a licença remunerada para os seus funcionários sem cortes de salários.
Reduzir salários em plena pandemia é agravar a crise social e a possibilidade dos trabalhadores se protegerem da pandemia. Como se alimentar, comprar remédios, pagar as contas e cuidar da higiene pessoal e da família recebendo apenas metade do salário? Como um trabalhador informal irá sobreviver com R$ 200 por mês já que não pode vender seus produtos e serviços durante a quarentena?
A verdade é que o governo não está preocupado em salvar vidas, mas em salvar os lucros dos grandes empresários às custas dos salários e direitos dos trabalhadores.
É possível sim salvar vidas, garantir licença remunerada sem corte salarial para todos os trabalhadores, e ajuda digna aos trabalhadores informais se o governo cobrar a fatura dos bilionários, banqueiros e super ricos. A cada ano o país paga cerca de 1 trilhão de reais (40% do Orçamento geral da União) aos bancos só de juros e amortização da dívida pública. Além disso, poderia ser cobrado uma taxa ou imposto sobre as grandes fortunas. O Brasil tem mais de 200 bilionários que possuem juntos um patrimônio de mais de 1 trilhão de reais. Com todo esse dinheiro seria possível salvar vidas e não atacar o nível de vida do povo brasileiro.
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