Pular para o conteúdo
BRASIL

Vamos com Boulos e Erundina fazer de São Paulo a capital da resistência

Resistência, corrente interna do PSOL
Reprodução Facebook/Luiza Erundina

As eleições municipais de 2020 serão as primeiras depois da chegada de Bolsonaro ao governo federal. Só por isso elas já seriam muito importantes. Embora o neofascismo não tenha conseguido legalizar a tempo seu novo partido, a Aliança pelo Brasil, suas ideias vão se expressar através de inúmeras candidaturas em muitas cidades do país. Uma vitória do bolsonarismo em várias capitais, por exemplo, facilitaria a atual escalada autoritária. O confronto político com a extrema direita e a construção de uma frente de luta dos explorados e oprimidos contra a ofensiva burguesa são, indiscutivelmente, as principais tarefas da esquerda no momento e continuarão sendo em outubro. A candidatura do PSOL à Prefeitura de São Paulo precisa hierarquizar sua campanha por essas tarefas.

No entanto, há outra tarefa também fundamental: aproveitar o processo eleitoral para apresentar uma nova alternativa política de esquerda, capaz de apontar propostas anticapitalistas de ruptura com o modelo de cidade voltado aos interesses do mercado e não do povo. Nesse sentido, valorizamos a decisão do partido de lançar uma candidatura própria às eleições municipais deste ano na capital paulista. Apostamos na pré-candidatura de Boulos e Erundina para representar o PSOL e essa renovação da esquerda. Como diz em seu manifesto de lançamento, essa chapa busca vocalizar um “projeto popular, com diversidade e ligado às periferias, aos sem-teto, à luta dos negros e negras, da juventude, mulheres, LGBTs e à ecologia”.

Por que apoiamos Boulos e Erundina?

São muitos os motivos que nos fazem apoiar a pré-candidatura de Boulos e Erundina. Em primeiro lugar, é impossível intervir no próximo processo eleitoral sem compreender a situação política brasileira. Por isso, é fundamental termos uma chapa que expresse os acertos políticos do partido no último período, como o repúdio às manifestações reacionárias verde-amarelas, a luta contra o impeachment de Dilma, a denúncia do caráter político da operação Lava Jato, a participação na campanha pela liberdade de Lula, entre outros.

O PSOL e o MTST aumentaram sua influência política na sociedade justamente porque souberam se colocar do lado certo da história e foram protagonistas da resistência popular e da construção da unidade para derrotar o golpe parlamentar, as contrarreformas econômicas e, agora, os ataques às liberdades democráticas. Não por acaso é a frente Povo Sem Medo que vai protagonizar a manifestação do dia 18 de março na cidade de São Paulo. Seria um desserviço ao partido termos uma candidatura à prefeitura que minimizasse a força do governo Bolsonaro e a necessidade de batalhar pela mais ampla unidade das organizações da classe trabalhadora diante dessa situação.

Em segundo lugar, essa chapa consolida a frente entre PSOL e MTST, uma aliança que pode envolver na campanha não só a militância do partido, mas também milhares de ativistas e grande parte dos sindicatos, entidades estudantis e dos movimentos de mulheres, de negros negras e LGBTs da cidade. Dessa forma, podemos contribuir para ampliar a luta popular e fazer uma verdadeira campanha-movimento, impulsionando a nossa resistência nas ruas e nas urnas. Além disso, o MTST é o principal movimento social de São Paulo, com enorme capacidade de mobilização de base, que organiza milhares de trabalhadores precarizados, lideranças de bairros e ocupações urbanas, em sua maioria mulheres negras. Essa força política e social não pode ser desprezada na hora de escolher as candidaturas do PSOL. Nosso partido não pode ser arrogante, autossuficiente e fechado em si mesmo.

Em terceiro lugar, nossa futura candidatura precisa ser uma referência não só para a base política e eleitoral tradicional do PSOL na cidade. Boulos e Erundina são, além de tudo, os melhores nomes para impulsionar a reorganização da esquerda, pois eles colocam a possibilidade de dialogarmos com os milhões que continuam alimentando ilusões no projeto de conciliação de classes do PT e do PCdoB. A disputa desse setor é imprescindível para construirmos uma nova esquerda capaz de conquistar hegemonia política no país. Com essa chapa, uma parcela significativa do eleitorado progressista de São Paulo pode dar pela primeira vez seu voto na candidatura à prefeitura do PSOL.

Fazer das prévias um processo de fortalecimento do PSOL

Nos meses de março e abril irão acontecer as prévias internas do PSOL em São Paulo, que vão escolher nossa candidatura à prefeitura da cidade. Esse momento deveria fortalecer o partido, reforçando a democracia de base e o debate coletivo. As plenárias municipais têm o objetivo de elaborar um programa socialista para a cidade e não só discutir quais são os melhores candidatos (as). Por isso, é fundamental fazer a disputa em torno das posições políticas em questão, evitando práticas destrutivas e irresponsáveis.

Ainda que existam importantes diferenças entre as correntes do PSOL, não podemos esquecer que nossa prioridade deve ser atuar juntos na luta direta e nas eleições em defesa dos direitos e das liberdades democráticas ameaçadas pelo neofascismo. Divisões e rachas na conjuntura em que vivemos seriam um absurdo. Independentemente do seu resultado, nossa obrigação é sair das prévias com o partido unificado. A Resistência vai atuar nesse processo com essa preocupação. Nos vemos lá!