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MOVIMENTO

CE: Estudantes e professores da Educação Física da URCA, na luta por estrutura de qualidade

Assembleia aprovou paralisação para esta quinta, 20 de fevereiro

José Pereira*
Reprodução / Sindurca

Manifestação no Cariri, em 2019.

 

Professores e estudantes de Educação Física mudaram o cenário da Universidade Regional do Cariri (URCA), suas atividades cotidianas já não se resumem as atividades didáticas em sala, no ginásio, salas ou laboratórios. Alunos e professores passaram ocupar o Campus do Pimenta, as ruas, rádios e TVs para se manifestarem sobre os problemas estruturais do curso.

A luta dos professores se soma em uma unidade importante com a de jovens, que em sua grande maioria vieram da escola pública, percebem as péssimas condições de estudo. As falas intercaladas na fila do Restaurante Universitário apontam as reivindicações: bloco didático, conversão de espaços do ginásio para salas, espaços para aulas de dança e ginástica, reivindicações por estrutura que se somam aos problemas de permanência com a quase total ausência de políticas de assistência estudantil. Enquanto aguardam os diários 30 minutos na fila do almoço os estudantes escutam as denúncias e reivindicações da Educação Física, as mulheres dão o tom das falas e são mais presentes no microfone.

A educação física declarou estado de greve em assembleia convocada pelos professores em 05/02, os estudantes logo atenderam ao chamado dos professores, aprovando por unanimidade o estado de greve e a ida de todos ao gabinete do reitor para cobrar melhorias. Uma longa conversa sem muitos resultados. No dia seguinte novo cortejo pela parte da noite passando em salas, denunciando a situação do curso e convocando todos os estudantes a se juntarem a luta. O ato se encerra as portas de nosso espaço cotidiano, ocupado pela gestão superior na festa de colação de grau. Denunciamos mais uma vez o descaso, não é possível estudar e trabalhar sob essas condições, é necessário defender a universidade publica e gratuita, e lutar pela qualidade da estrutura.

Estudantes e professores de Educação Física assumem a tarefa de lutar coletivamente pelo direito ao ensino qualidade. Junto com petroleiros, servidores da Casa da Moeda e da Dataprev são a fagulha que começa ascender à resistência contra os ataques aos direitos, a empresas e a educação publica que passam a vigorar em nosso país com mais força desde o golpe de 2016.

Essa chama precisa se expandir, o primeiro passo foi dado na quinta-feira, 13/02. Em assembléia, os professores reafirmaram o estado de greve e constituíram um comando de greve com a pretensão de construir atividades e mobilizações conjuntas com o comando de greve tirado pela educação física. Entre outros pontos, a assembleia aprova a paralisação no dia 20/02, com o chamado para organização de um bloco de Carnaval de Luta: e o chamado para estudantes e professores se unirem a luta iniciada pela educação Física. A unidade entre professores e estudantes começa a ressurgir, devemos todos lutar juntos em defesa da URCA.

ASSEMBLEIA GERAL REAFIRMA O ESTADO DE GREVE E CONVOCA A PARAR A URCA DIA 20 DE FEVEREIRO EM SOLIDARIEDADE A LUTA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

A assembleia geral dos professores da Urca do dia 13 ocorreu sob o Estado de Greve aprovado pelos três sindicatos das universidades estaduais cearenses (SINDURCA, SINDUECE, E SINDUVA), o clima foi de aquecimento para greve nacional no 18M (dia 18 de março) anunciados pelos delegados enviados ao 39º congresso do ANDES (Sindicato Nacional).

Com a presença em peso do colegiado de Educação Física a assembleia pôde entender em detalhes a situação de precariedade vivida no curso – ausência de salas, material para as aulas, infraestrutura precária – cenário que amplifica localmente os efeitos dos ataques mais imediatos do governo Bolsonaro.

O Plano Mais Brasil que prevê PEC Emergencial, PEC dos Fundos, PEC do Pacto Federativo e a Reforma Administrativa, como medidas que visam aprofundar o ajuste neoliberal, reduzindo as despesas do Estado com salários, com os serviços públicos, cortar direitos e aumentar o repasse de verba pública para os bancos. A PEC Emergencial autoriza a redução de salários dos servidores públicos em até 25%.

A assembleia aponta os ataques impostos aos direitos também por parte do governo estadual, no qual a reforma previdência aprovada em 9 dias, que utilização da violência da tropa de choque para impedir que os servidores em protesto pudessem adentrar a assembleia e acompanhar a votação. A aprovação por 34 votos a 8 impõe o aumento da idade mínima para os servidores poderem se aposentar – entre homens passa de 60 anos para 65 e mulheres: de 55 para 62 anos – e professores homens de 55 para 60 anos e mulheres de 50 para 57 anos, além da taxação de 14% dos aposentados.

Além disso, a completa ausência de mesa de negociação a respeito da reposição das perdas salariais de 4 anos do funcionalismo público do ceará que chega a 26% do ganho real. Soma-se ainda as condições precárias de trabalho na Urca as perseguições políticas como no processo contra as professoras Paula e Fátima e a demissão de funcionários terceirizados que sofrem pela instabilidade da condição de terceirizado sendo que alguns estão a 3 meses sem receber salário.

Diante dessa realidade de ataques tanto na esfera federal quanto na estadual, a assembleia, além de reafirmar o estado de greve, deliberou em votação unanime pela paralisação na quinta, 20/02 e a adesão a greve geral nacional das universidades no 18M (18/03). O comitê de greve vai se reunir e também organizar o bloco carnavalesco do Sindurca.

Por todas essas razões a assembleia foi uma vitória diante da necessidade de construir a resistência contra os ataques deferidos ao serviço público e a universidade pública, se somando aos petroleiros, funcionário da casa da moeda e Dataprev.

  • Por mais verbas para as estaduais cearenses!
  • Por concurso para professores e técnico-administrativos efetivos!
  • Pela melhoria da estrutura da URCA!
  • Bloco didático e infraestrutura para aulas práticas de Educação Física!
  • Por política de assistência estudantil: bolsas, residência, creche e ampliação do RU!

 

*José Pereira é professor universitário e militante da Resistência/PSOL no Cariri.