Completamos nesta segunda-feira, 17 dias da greve nacional de petroleiros. A paralisação atinge 121 unidades, e, segundo a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), começa a afetar a produção de petróleo da empresa.
A adesão dos trabalhadores ao movimento é enorme: trata-se da greve mais forte da categoria desde 1995. Mesmo com o boicote da mídia, a perseguição da direção da empresa e do governo Bolsonaro e a criminalização da Judiciário, tanto de ministros do TST como do STF, os petroleiros estão dando uma corajosa demonstração de resistência e começam a contagiar outros setores com sua luta.
Nesta segunda-feira, no Porto de Santos (SP), os caminhoneiros, que apoiam os petroleiros, também entraram em mobilização, paralisando suas atividades por 24 horas. E o movimento pode se ampliar, pois caminhoneiros de todo país ameaçam aderir nos próximos dias. As duas categorias reivindicam a venda do gás e dos combustíveis a um preço justo para a população.
Em sua terceira semana, a greve na Petrobrás entra em um momento decisivo. A luta dos petroleiros é em defesa do patrimônio público, das riquezas do país, dos direitos trabalhistas e contra a demissão de milhares de trabalhadores, enfim, eles querem uma Petrobrás a serviço do povo brasileiro, e não dos interesses das multinacionais estrangeiras e dos acionistas da Bolsa de Nova Iorque.
O governo Bolsonaro quer acabar de vez com o caráter público da Petrobrás, demitindo funcionários e vendendo refinarias e empresas sob controle da companhia estatal. A classe trabalhadora brasileira deve saber que o resultado desta greve vai influenciar as demais lutas que teremos pela frente na resistência em defesa dos direitos sociais, trabalhistas e democráticos.
Nesta semana, é decisivo cercar a luta dos petroleiros de solidariedade, buscando unificar ações nas cidades entre os petroleiros e outras categorias que estão em mobilização. Nesta terça-feira (18), no final da tarde, acontecerá uma manifestação de caráter nacional, na porta da sede da Petrobras, no Centro do Rio de Janeiro.
Como exemplo positivo, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) já está convocando os trabalhadores da educação para participarem desta importante manifestação.
Partidos de esquerda devem priorizar de verdade esta luta
Os partidos de esquerda já declararam apoio ao movimento. Mas as ações efetivas de solidariedade ainda são tímidas. Defender a greve na tribuna do Congresso é importante, como vem fazendo vários deputados do PSOL, por exemplo. Porém, o momento exige muito mais empenho.
Diante do bloqueio imposto pela grande mídia, é preciso realizar uma ampla campanha pública de defesa política da greve e da legitimidade das suas reivindicações, tanto nas redes sociais e como por meio da presença efetiva da militância e das principais lideranças nas atividades da greve. É necessário que as lideranças e a militância da esquerda estejam na manifestação desta terça à tarde no RJ e nas principais concentrações grevistas das unidades da Petrobras pelo país.
Nesse sentido, o ex-presidente Lula (PT) deveria usar a influência que possui em parte da população para apoiar de forma concreta a greve. Sua presença chegou a ser anunciada numa manifestação da categoria no Rio de Janeiro, no dia 7 de fevereiro, mas infelizmente ele não compareceu.
Ao contrário de vários militantes e de alguns parlamentares do partido, até agora não houve por parte de Lula e da Direção Nacional do PT uma postura de solidariedade ativa a este movimento. A presença de Lula na manifestação do Rio de Janeiro poderia marcar uma mudança de atitude muito positiva.
As principais lideranças de partidos e movimentos sociais, assim como parlamentares de esquerda e de setores progressistas democráticos, devem estar neste ato nacional. A presença de Freixo, Boulos, Manuela, Jandira, Glauber, Stédile, entre outros, poderia fortalecer o caráter nacional do ato e marcar uma unidade de fato.
Como continuidade, há condições de realizarmos um importante Dia Nacional de Lutas e Paralisações no dia 18 de março, com os trabalhadores de educação e a juventude puxando o movimento e unindo ainda trabalhadores da Dataprev, da Casa da Moeda e do INSS. Mas tudo deve começar, neste momento, por construir de fato uma grande campanha de solidariedade à greve dos petroleiros.
A vitória dos petroleiros em luta fortaleceria não só a convocação das manifestações e greves do dia 18 de março, como também o conjunto das lutas dos trabalhadores, da juventude e dos oprimidos contra a agenda reacionária de Bolsonaro, Guedes e da maioria do Congresso Nacional. Por isso, apoiar a greve petroleira é a tarefa mais importante neste momento.
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