A História das lutas revolucionárias em nossa época nos mostra que consciência crítica dos oprimidos sobre a realidade política forçada sobre eles é o primeiro passo numa jornada difícil para uma vida humana mais digna, verdadeiramente livre e justa. No Brasil contemporâneo, muitos foram os educadores, grande maioria trabalhadores para sempre relegados ao anonimato, que assim como o brilhante Paulo Freire compreenderam a relação entre a educação popular e a classe trabalhadora brasileira como um aspecto fundamental da luta por país mais democrático. Partindo dessas e de muitas outras premissas históricas, jovens da periferia de Salvador, cidade preta e primeira capital desse país, ergueram-se como professores defronte ao frágil sistema público de ensino e junto aos seus iguais, em cor e classe, decidiram usar do conhecimento para arrancar alegria ao futuro.
Sendo assim, numa pequena sala do Instituto Oyá, instituição local administrada por comunidade do Candomblé que importantíssimos serviços comunitários até hoje, o Cidadão Pensante teve início. Desde esse ano, o projeto cresceu muito em número de voluntários, tanto professores quanto estudantes, assim como também se tornaram mais amplos os desafios enfrentados como a resistência da comunidade local ao espaço afro-religioso e a própria falta de interesse de uma grande maioria das comunidades cristãs em auxiliar a iniciativa. Hoje em dia, ainda passando por muitas adversidades, o Projeto Social Cidadão Pensante resiste e faz um trabalho progressivamente mais belo, ofertando um curso pré-vestibular aos sábados no Colégio Estadual Alberto Santos Dumont em Pirajá, periferia de Salvador.
Na medida em que o Cidadão Pensante foi crescendo, seus membros mais antigos também foram aprimorando suas competências como docentes e ingressando em cursos de licenciatura nas universidades públicas. A presença no espaço acadêmico não apenas aprimorou a metodologia e qualidade do curso oferecido gratuitamente, mas também concedeu a oportunidade estreitar os laços entre o espaço acadêmico e os seus membros da periferia. Professores da universidade pública e dos institutos federais passaram a interagir com o Cidadão Pensante e lá, quando solicitados por seus alunos, marcar sua presença como consultores e docentes. O caso mais significativo é do professor Rodrigo Perez de Oliveira, docente da UFBA, que além de ter participado como docente e consultor, produziu relatório para Pró-reitoria de extensão da UFBA, conseguindo assim vincular o cidadão pensante a universidade pública no ano letivo de 2019.
Seguindo o seus objetivos mais caros: Educação, Justiça e Liberdade, o Projeto Social Cidadão Pensante chegará a sua sexta edição neste ano de 2020. A inscrição para projeto poderá ser feita via o link que será disponibilidade em sua página no instagram no dia 23/01 até o dia 10/02. A iniciativa continua a ser um curso gratuito para todo filho e filha de trabalhadores desejoso de entrar no espaço universitário e usar do conhecimento adquirido nesse processo para ter uma vida mais digna, justa, plenamente realizada e humana tanto para si, quanto para os seus iguais em cor em classe.
* Juan Michel Montezuma é professor de História na Educação Básica, fundador e um dos Coordenadores do Projeto Social Cidadão Pensante.
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