O ano começou e precisamos dar novos passos para a resistência ao bolsonarismo


Publicado em: 13 de janeiro de 2020

Editorial

Editorial de 13 de janeiro de 2020

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É comum se brincar que no Brasil o ano começa após o carnaval, nossa maior festa da cultura popular, marcada pela irreverência e pela sátira política. Mas em tempos de bolsonarismo não podermos perder tempo e o ano começa cheia de desafios para o conjunto dos explorados e oprimidos. Queremos apontar aqui três temas que consideramos merecer máxima atenção das esquerdas no Brasil e que só com mobilização social e unidade conseguiremos resolver.

1 – Os ataques às liberdades democráticas

Um dos temas mais sensíveis no atual cenário político brasileiro é o das liberdades democráticas. É preciso ser rigoroso na análise: não vivemos mais numa democracia liberal no Brasil, mas também não estamos numa ditadura. Estamos, porém, vivendo uma escalada autoritária no país.

O projeto estratégico do bolsonarismo é o fechamento completo do regime democrático. Ainda não tem, entretanto, apoio majoritário nas frações da classe burguesa e de seus representantes no parlamento. A unidade burguesa em torno das pautas neoliberais ainda não alcançou o mesmo consenso para a instalação de um regime abertamente autoritário no país.

O ano começou com a decisão escandalosa de um desembargador do Rio de Janeiro autorizando a censura contra a produtora do programa Porta dos Fundos. Felizmente, o STF reverteu a ilegalidade da decisão do magistrado. Como se não bastasse a tentativa de censura, a sede da produtora Porta dos Fundos sofreu um atentado fascista no dia 24 de dezembro e, até o presente momento, apenas um dos criminosos foi identificado e, avisado, deixou o país. Ninguém foi preso.

2 – Desemprego e privatizações

O desemprego é uma das maiores chagas sociais do Brasil de hoje. O ano fechou com mais de 12,5 milhões de desocupados. Outros 4,6 milhões de pessoas estão no desalento, desistiram de procurar trabalho.

As medidas neoliberais vendidas como reformas necessárias para fazer a economia crescer e modernizar as relações trabalhistas não passaram de engodos. Só os grandes empresários, banqueiros e agiotagem internacional ganharam com o fim da proteção aos trabalhadores e da aposentadoria.

Para 2020 o discurso é que só com as privatizações da Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal o país voltará a crescer e gerar emprego. É logicamente mais uma mentira de Paulo Guedes e Bolsonaro para entregar nossas riquezas para o capital.

3 – Subserviência aos interesses do imperialismo norte-americano

A diplomacia brasileira anda em frangalhos. O bolsonarismo destruiu parâmetros importantes do Itamaraty que faziam com que o Brasil tivesse uma política internacional não atrelada aos EUA em muitos temas. Um exemplo importante foi o voto do Brasil na Organização das Nações Unidas contra a resolução que condena o criminoso e desumano bloqueio econômico dos EUA contra a Cuba. Os únicos países que votaram junto aos EUA foram Brasil e Israel.

Em 2020 o atrelamento do nosso país aos interesses norte-americanos começou a todo vapor. Na recente crise entre EUA e Irã após o assassinato do General Soleimani, a diplomacia brasileira se solidarizou com os EUA, tratando o Irã como terrorista, e não condenou a morte do militar iraniano. O presidente Bolsonaro chegou a declarar que Soleimani não era general.

A saída é a luta

Engana-se quem acha que novo ano que começa será fácil. O ano II do bolsonarismo promete muitos ataques aos direitos democráticos, sociais e a nossa soberania. Por outro lado precisaremos apostar na capacidade das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros resistirem. O Tsunami da educação em 2019, formado por trabalhadores e estudantes, conseguiu impedir ataques do bolsonarismo contra as Universidades e Institutos Federais.

Agora estamos vendo uma intensa mobilização na França, uma greve geral longa e decisiva, fez o governo recuar do aumento da idade mínima da aposentadoria. Esse é um exemplo importante para inspirar a classe trabalhadora brasileira na construção da resistência aos ataques de Bolsonaro.


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