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MUNDO

Por que defender o Irã das agressões do imperialismo?

Gabriel Santos, de Maceió, AL

O conflito entre Irã e Estados Unidos se intensifica com a resposta iraniana ao bombardear bases militares norte-americanas que ocupavam o Iraque. Diante do conflito, uma série de questões atingem e colocam em choque um conceito fundamental para a esquerda brasileira que é presente desde o século XIX nos movimentos ligados à classe trabalhadora, o internacionalismo.

Muitos ativistas honestos se perguntam qual a posição devem tomar, muitos por rejeição ao governo iraniano acabam por fazer vista grossa e defender uma Paz acima de tudo e iguala as ações dos dois países envolvidos. Outros tratam o general Soleimani, um dos maiores gênios militares do século XXI, como um mártir, em um processo de elevação de sua qualidade, assim como sendo totalmente elogiosos ao regime dos aiatolás. Ainda existem aqueles que transformam o direito do Irã de se defender em um espetáculo, praticamente fetichizando a guerra.

Em nossa opinião, é preciso ter calma e sangue frio a analisar a atual situação, é preciso partir do início, o papel que estes países tem no mundo para assim chegar a uma posição.

Estado, regime, governo

O marxismo utiliza três categorias distintas para análise, que são elas: governo, regime e Estado. Cada um destes ocupa um determinado lugar, e confundir elas leva a políticas e posições desastrosas.

De forma bruta e bastante resumida e simplista, podemos definir que Estado é a totalidade de instituições que uma classe social utiliza para reprimir outra. O Estado não é neutro e imparcial, ele historicamente tem uma função social: ser  um órgão de dominação política dos exploradores contra os explorados. No modo de produção capitalista (MPC), o Estado assume o caráter de um Estado burguês, ou seja, é em essência um instrumento de dominação da burguesia sobre as demais classes sociais.

O Estado burguês, pela dinâmica do MPC, necessita ter desenhada suas fronteiras e limites territoriais, e assume forma dos Estados Nações modernos. É óbvio que o Estado burguês tem suas contradições, e as forças populares devem aproveitar isto para tentar ganhar terreno dentro do mesmo e fazer avançar suas pautas, mas sem nunca esquecer as palavras de Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista: o Estado burguês é o balcão de negócios da burguesia. Em última instância o Estado é burguês porque a burguesia utiliza o mesmo para garantir seu Poder político.

Existiram diversos tipos de Estado ao longo da história da humanidade, que acabavam representando as distintas classes que exerceram o poder Político a seu favor. O Estado enquanto tal é uma criação relativamente nova da humanidade, tendo somente oito mil a dez mil anos de existência. Algo curto se comparado com os mais de 350 mil anos de nossa espécie. Os tipos de Estado que desenvolvemos foram: o Estado asiático, o Estado escravista, o Estado feudal, o Estado burguês, e o Estado Operário.

O regime político, por sua vez, é uma categoria distinta da do Estado. O argentino Nahuel Moreno em Revoluções do Século XX diz: 

O regime político é outra categoria, que responde a outra pergunta: “Através de que instituições governa essa classe em determinado período ou etapa?’. Isto porque o estado é um conjunto de instituições, mas a classe que está no poder não as utiliza sempre da mesma forma para governar, O regime político é a combinação ou articulação específica das instituições estatais, utilizada pela classe dominante, ou por um setor dela, para governar. Concretamente, para definir um regime político, devemos responder às perguntas: “Qual ta instituição fundamental de governo? Como se articu­lam com ela as outras instituições estatais?”.

Ao longo da história do Estado burguês existiram muitos regimes políticos: ditaduras bonapartistas, ditaduras fascistas, monarquia parlamentar, monarquia absoluta, democracia liberal, entre vários outros. É válido sempre apontar duas coisas.

Primeiro não se deve confundir os diferentes tipos de regime, com os diferentes tipo de Estado. O Estado se define, como dito acima, pela classe que exerce o Poder político. Ou seja, podemos ter regimes mais ditatoriais ou mais democráticos, com a burguesia no controle. Segundo, não é porque o Estado continua sendo burguês que devemos fazer pouco caso sobre os diferentes tipos de regime existente. O marxismo revolucionário não coloca um sinal de igual entre eles, pois existe uma diferença qualitativa entre os tipos de regimes. O marxismo revolucionário para medir dentro do Estado burguês qual melhor regime para a classe trabalhadora utiliza a régua das liberdades democráticas. Em qual regime a classe trabalhadora tem mais liberdade política? Em qual regime ela pode livremente fazer suas reuniões, montar seus partidos políticos, organizar seus sindicatos, fazer suas greves? Essas são as perguntas que devemos fazer. Assim, quanto mais liberdades democráticas melhor. A democracia parlamentar, dentro do Estado burguês, é muito melhor que um regime ditatorial.

Por último temos a categoria de governo. Que podemos definir sobre qual partido, ou pessoas de carne e osso exercer o mandado de chefiar o Estado naquele dado momento. Podemos assistir inúmeras trocas de governo, sem que se mude o regime.

É válido apontar que a partir da unidade de diversos partidos políticos que representam os interesses de classes e setores das mesmas, podemos ter diferentes tipos de governo. Existem governos de “frente-popular”, no qual um partido vindo da classe trabalhadora chega ao poder e busca governar em aliança com partidos da burguesia, um exemplo é o governo do PT. Outro tipo de governo é o burguês tradicional, no qual a burguesia exercer seu domínio de forma direita, por meio de suas representações. Podemos ter também governos fascistas, ainda que dentro de regimes que não se fecharam completamente. Assim como existem governos operários e camponeses, onde é fruto de uma política de unidade de partidos vindos da classe trabalhadora aplicando uma política transicional de ruptura com o Estado burguês.

Em forma de abstração a relação Estado – regime – governo, seria como uma espécie de pirâmide, no qual o nível mais baixo séria o governo, o intermediário o régime, e o topo o Estado. São categorias distintas, merecendo sendo tratadas desta forma.

O Estado e o imperialismo

Dentro do capitalismo, os Estados burgueses em suas representações enquanto Estados Nações ocupam posições distintas no cenário mundial de disputa político-econômica. E isto é fundamental para nós. Estas posições são definidas pelo papel que tal Estado tem no sistema mundial de Estado. E isto por sua vez depende do que chamamos de divisão internacional do trabalho. Em outras palavras, a partir da inserção e do papel que ele tem no mercado mundial.

Estas divisões e papeis no mercado mundial foram adquiridas a partir de processos das formações econômicas, sócias e políticas destes Estados. Isto em suma, ocorreu antes do desenvolvimento do capitalismo em sua etapa monopolista, que abre aquilo que nas palavras de Lênin é o: Imperialismo fase superior do capitalismo. No qual existe um tendência à formação dos monopólios, uma preponderância do capital financeiro e fictício sobre os demais e uma disputa internacional entre os Estados por mercado.

Apesar disso é valido apontar uma questão muito significante. O lugar de um país no sistema internacional de Estado não corresponde igualmente com o papel que o mesmo ocupa na divisão internacional do trabalho, apesar disto ser verdade na maioria dos casos, podem e existem exceções. Isto se dá porque política e economia são campos distintos. Apesar de intrinsicamente ligados, eles não a mesma a coisa, existe uma relação dialética entre eles. Então na medida em que um determinado país avança suas relações políticas de autonomia diante de outros, e muda suas relações com determinados países, este passa a avançar sua dependência econômica, o inverso também é verdadeiro para esta equação.

Dessa forma, como desenvolve Valério Arcary, a posição que cada Estado tem na Época Imperialista segue quatro critérios: 1) História: sua inserção durante o período anterior. 2) Economia: o que significa, o estoque de capital acumulado, a dinâmica de desenvolvimento da indústria, os recursos naturais e humanos, o tamanho da economia, entre outras coisas. 3) Política e Poder militar: A capacidade de cada Estado em manter sua independência política e econômica, e de manter sobre controle outros Estados em uma área de influência. 4) Relações Internacionais: As relações internacionais estabelecidas por meio de alianças com outros Estados com a formação de Blocos, Acordos e Tratados.

Assim, podemos apontar que o mundo no Imperialismo se divide basicamente em periferia e centro. O Centro são os países que exercem poder político e militar sobre outrem, por meio de ocupações e ações militares ou chantagem financeiras. São aqueles países no qual controlam o mercado mundial e utilizam disto para oprimir outras Nações. São os chamados países imperialistas, a exemplo dos Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, entre outros. Na periferia do mundo, existem uma série de divisões entre os países. Localizações intermediarias no sistema mundial. Existem localizações transitórias e mediadas.

Por questão de tempo e espaço, assim como por não ser nosso objetivo, não iremos entrar detalhadamente na definição de cada um das categorias nos quais os países se encaixam dentro do imperialismo, mas podemos apontar que existe uma serie de variedades entre colônias, semicolônias (Iraque, Afeganistão, Sudão), protetorados (Panamá), sub-metrópoles (México, Coréia do Sul), países híbridos (Brasil), e aqueles que nós podemos chamar de Independentes (Venezuela, Coréia do Norte, China, Cuba e Irã). E é esta última que nos interessa.

Estados independentes, no quais se encontra o Irã, é antes de tudo, uma raridade dentro do imperialismo. Eles mantêm uma autonomia política dos países imperialistas, não seguindo e confrontando as orientações que vem de Washington, Londres, Berlim. O Estado ocupar uma posição de Independência diante do imperialismo, não significa que o mesmo é uma potência econômica, existem casos de semicolônias econômica, ocuparem o posto de Estado Independente. E este seria o caso do Irã.

Quando tratamos de Estados burgueses e suas relações entre si, deixamos de lado, momentaneamente, as categorias de regime e governo. O central não se torna mais a régua de liberdades democráticas. Mas sim outra medida. A do grau de independência ou dependência que este Estado tem do Imperialismo. Para o marxismo revolucionário, independente do governo ou regime, qualquer Estado que mantenha Independência do imperialismo é progressivo e precisa ser defendido quando atacado. Da mesma forma, qualquer Estado que ocupe o papel de colônia, semicolônia, hibrido, submetropele, e suas variantes, merece defesa contra o Imperialismo. Em resumo e de forma simples: o marxismo revolucionário é anti-imperialista. Estamos sempre com os países da periferia contra os do Centro.

A literatura marxista e a história do movimento operário internacional esta cheio de exemplos. O revolucionário russo Trotsky afirmou em uma conhecida entrevista:

“Existe atualmente no Brasil um regime semi-fascista que qualquer revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto que, amanhã, a Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você de que do conflito estará a classe operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria do lado do Brasil “fascista” contra a Inglaterra “democrática”. Por que? Porque o conflito entre os dois países não será uma questão de democracia ou fascismo. Se a Inglaterra triunfasse ela colocaria um outro fascista no Rio de Janeiro e fortaleceria o controle sobre o Brasil.”

Irã x EUA, erros que não podemos cometer 

A imensa maioria das organizações de esquerda brasileiras repudiaram as ações de Trump. É bem verdade que quase todas elas fizeram avaliações bastante rasas sobre o ataque que levou ao assassinato de Soleimani, reduzindo o papel geopolítico e inflando questões de segundo plano como o processo eleitoral norte-americano, e a descoberta de um imenso campo de petróleo no país persa.

Porém, existem diversas vacilações que figuras públicas de esquerda, ativistas honestos, e pessoas que tendem a tomar posições de esquerda, vêm cometendo. Muitos por serem críticos do regime iraniano, uma teocracia autoritária, e verem com maus olhos questões em especial relacionadas a como as LGBT´s são tratadas no país, tendem a igualar as ações norte americanas e iranianas, chamando por uma neutralidade, ou tomando a política do nem-nem, nem um nem outro, criticando tanto a Casa Branca quanto Teerã e identificando Trump como o polo mais democrático do conflito.

Posições desta forma são um verdadeiro desastre e acaba por ser um apoio ao imperialismo norte americano. Apesar de toda e qualquer crítica que o regime e o governo iraniano merecem, estamos falando sobre uma disputa bélica entre Estados, não regimes.

O Estado norte americano é um Estado imperialista, sendo qual seja do tipo de regime e do governo que estiver no Poder. O Estado iraniano é ao contrário, historicamente oprimido, um país de terceiro mundo, e que hoje tem uma posição no cenário internacional de independência. Sendo assim, como desenvolvido acima, o papel da esquerda e das forças progressistas é ficar ao lado do Estado agredido e contra o imperialismo, independente do regime ou governo que esse Estado possa ter.

O imperialismo e suas bombas são inimigos da democracia e dos direitos civis. Em nome de uma democracia liberal, os Estados Unidos invadem e derrubam governos em todos os continentes do mundo. O resultado é sempre o mesmo, caos, guerra, e lucro para as empresas norte-americanas.

Grupos terroristas como a Al-Qaeda e o DAESH (Estado Islâmico) são frutos e consequências diretas da intervenção norte-americana no Oriente Médio. Estes grupos foram inclusive apoiados pelos Estados Unidos inicialmente.

Caso os Estados Unidos se preocupassem tanto com a democracia eles deveriam tratar deste tema com seus aliados. Afinal na Arabia Saudita mulheres sofrem uma cruel repressão do regime monárquico, podendo nem mesmo estudar e a homossexualidade é crime.

Voltando aos erros da esquerda, em nossa opinião é possível cometer outro erro, que é diretamente oposto ao primeiro que descrevemos aqui. Pelo fato do Irã ser um Estado Independente e com uma política anti-imperialista, alguns grupos e figuras acabam apoiando ou fazendo pouco caso do fato do regime iraniano ser autoritário e antidemocrático. Este erro parece menor, mas não é. Nosso papel é se posicionar contra a agressão imperialista, cerrando fileiras militares com o governo iraniano e estado do lado deste, mas sem apoia-lo politicamente, pois afinal, ele não é nosso governo.

Não confundir Estado, regime e governo é fundamental para acertarmos e não perdemos a bussola da luta de classes.

Apesar de sermos contra a guerra, e de entendermos que na guerra quem lucra são as megra empresas belicistas, e quem tem seu sangue derramado são os trabalhadores e pobres de ambos os lados, qualquer anti-imperialista agora precisa se posicionar. A linha de “Não a guerra” deve ser feita em relação aos Estados Unidos e ao imperialismo. Ao Irã e a qualquer nação oprimida, nossa linha deve ser o direito de se defender das agressões.

O imperialismo e a Guerra

Os Estados Unidos ao longo dos anos, praticamente colocaram um sinal de igual entre sua política externa e a sua política bélica.

No caso do assassinato do general Soleimani, o governo Trump matou um comandante militar de um país estrangeiro sem declarar guerra a tal país. Usando o espaço aéreo de outro país (Iraque), sem o conhecimento e permissão deste. Soleimani foi julgado apenas por Trump, que o considerou um “terrorista e assassino” e decidiu que o mesmo merecia morrer. O imperialismo decadente tem total desrespeito as frágeis leis internacionais. A ação do imperialismo norte-americano foi um aviso e demonstração de força ao Irã e em especial aos aliados dos persas, a China e a Rússia.

Após os bombardeios, Trump por meio do twitter declarou que poderia atingir 52 alvos iranianos, inclusive alvos culturais. Sem nenhum pudor Trump, tenta aterrorizar o governo iraniano e sua população, ameaçando bombardear e assassinar inocentes e destruir patrimônios culturais de valores históricos para a humanidade. Trump age abertamente como um terrorista.

O desdobrar das ações norte-americanas ainda estão ocorrendo. Na noite do dia 07 o Irã fez por meio de sua Guarda Revolucionária uma ofensiva e retaliação bombardeando duas bases militares norte-americanas que ocupavam o Iraque. O ministro de relações exteriores iraniana, Javad Zariff, afirmou que foram “medidas proporcionais de auto-defesa sob o Artigo 51 da Carta da ONU, atingindo uma base de onde um ataque armado e covarde contra nossos cidadãos e dirigentes foi lançado. Nós não buscamos a escalada da guerra, mas nós vamos nos defender contra qualquer agressão”.

Dessa forma o Irã mostra uma parte de sua força militar, que não está disposta a abrir mão de sua soberania e que as ações norte-americanas tem um efeito drástico e podem ser catastrófica. A bola da vez ficou na mão dos Estados Unidos e como eles darão a resposta.

As ações de Trump já tiveram um efeito concreto, o fortalecimento do governo Iraniano. Agora todo o país se juntou em nome de uma unidade nacional e contra a agressão estrangeira. Quem sai fortalecido é o regime dos aiatolás. Além disso, Trump acaba de se ilodar, pois faz com que no Iraque suas tropas sejam má vistas. O parlamento iraquiano já votou pela saída das tropas americanas e a Alemanha anunciou que vai retirar seus soldados. Aliados de Trump, Netaniahu em Israel e Boris Jonhson no Reino Unido, não se colocaram ao lado dos ataques norte-americanos. No fim, as ações de Trump podem acabar abrindo um espaço vazio  que seria ocupado pela aliança entre Irã, Rússia e China. O Irã aumenta seu poder e influência no Iraque e assim tem acesso as fronteiras do maior aliado norte-americano no Oriente Médio, a Arábia Saudita.

O imprevisível pode ocorrer a partir de agora, as cartas estão na mesa. Trump pode ter atacado em uma demonstração de força, para em seguida acontecer uma negociação com o Irã, onde seria retirada sanções e um novo acordo sobre o programa nuclear seria firmado. É óbvio que a Casa Branca sabia que o Irã iria fazer atos de retaliação, o calculo de derramamento de sangue norte-americano estava nas contas de Trump desde o início. O presidente milionário do imperialismo age dessa forma. Grita e esperneia diante das câmeras, mas acaba sendo forçado a fazer acordos diante das mesas de negociações. O caso das relações com a Coréia do Norte é um exemplo disto.

Porém não resta dúvidas que existe parcelas do governo norte-americano que sonham a muito tempo com um conflito bélico com o Irã. Assim, uma escalada do conflito pode não está descartada, novas ações militares ainda podem ser tomadas por ambos os lados, buscando elevar a tensão ao máximo forçando o outro a ceder politicamente, mas que pode acabar gerando um conflito militar na região.

O Irã, por sua vez, sabe que apesar de seus aliados na região, tem um potencial militar inferior aos Estados Unidos. O país não costuma enfrentar diretamente por meio de guerras convencionais adversários mais fortes. A República Islâmica efetuou seu Exército e sua Guarda Revolucionária com métodos militares mais próximos a guerrilha e táticas de resistência. O país persa não deve partir para uma ofensiva total, mas gerar uma série de ações nos próximos meses, em diversos locais, por meio de ações clandestinas e de seus aliados. O Irã não vai recuar, mas também não vai partir para o ataque de forma desesperada para vingar seu mártir. O regime dos aiatolás saberá esperar enquanto colhe os frutos políticos da ação de Trump. Não estamos diante de uma batalha de esgrima, mas sim de um jogo de xadrez.

Apesar disto tudo, é sempre bom lembrar que na guerra, o imprevisível e o inesperado são atores fundamentais. Os conflitos militares são batalhas estratégicas, onde diversas táticas se misturam, mas que tem natureza crescente, onde de retaliação em retaliação, de ação em ação, se configura novos cenários e acontecimentos que não seriam previsíveis.

A resolução de quais serão os próximos passos é completamente inesperada. Não se tem como saber. Fazer apontamentos e apostas é atirar no escuro. É possível sim fazer interpretações e ver qual dos caminhos é mais provável, mas se tratando de Donald Trump e dos Falcões conservadores e bélicos de seu governo, o improvável e irracional é sempre uma aposta alta a ser feita.

O papel dos antiimperialistas é denunciar a fundo a ação norte-americana, trabalhar e defender o destencionamento, o que perpassa por criticar qualquer nova investida do imperialismo na região. Devemos também ter um posicionamento nítido, estando ao lado da Nação agredida pela potência imperialista, e que configura um Estado Independente no cenário mundial. Não somos neutros. Estamos ao lado do direito do Irã se defender. Mas isto não significa que apoiamos ou endeusamos o governo iraniano. Nossa posição deve ser também de denunciar o papel do governo Bolsonaro, como um lacaio do imperialismo, que em seu amor olaviano escancarado por Trump coloca o Brasil em uma posição vergonhosa diante dos demais países do mundo.

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