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MUNDO

França: segue a batalha pela Previdência

Renato Fernandes, de Campinas, SP
Julien Muguet / Le Monde

Desde o dia 5 de dezembro, os trabalhadores dos mais diversos setores estão travando uma batalha de força contra o governo de Emmanuel Macron. Neste dia 17, ocorreu o terceiro grande dia de mobilização contra a reforma da previdência: centenas de milhares de trabalhadores franceses foram às ruas para mais uma mobilização.

Nas cidades de Paris e Marseille foram as maiores manifestações desde o começo do movimento. Na capital do país, 350 mil segundo os sindicatos (no dia 5, eram 250 mil). Já em Marseille foram 200 mil (no dia 5, 150 mil). Em outras cidades os números também foram maiores: de acordo com a CGT, principal central sindical, foram 1,8 milhões de trabalhadores nas ruas em 268 cidades diferentes do país (veja o mapa)

A vanguarda continua com o setor de transportes que está em greve desde o início das mobilizações. As assembleias de grevistas estão cada vez mais cheias e a determinação da luta cresce entre esses trabalhadores, principalmente entre os ferroviários. Outro setor importante é o da educação: de acordo com a CGT a taxa de adesão à greve foi de 50% na educação primária e 60% na secundária. De acordo com o sindicato patronal das empresas petrolíferas, cinco das oito refinarias do país não funcionaram ontem.

Além das manifestações, os grevistas realizaram bloqueios, piquetes e também cortes de energia em algumas cidades. Na região de Gironda, onde fica a cidade de Bourdeaux, cerca de 50 mil pessoas foram afetadas e em Lyon foram cerca de 40 mil. Um dirigente sindical da CGT afirmou que os cortes de energia foram somente uma “advertência” e que podem haver “cortes mais massivos” caso o governo não recue.

Essa foi a primeira mobilização convocada também pela CFDT, segunda maior central sindical em número de delegados no país. A CFDT não está contra a reforma da previdência e o sistema de pontos, ao contrário da CGT e do Solidaires. Para a CFDT, o único problema é a “idade de referência” que estabeleceria uma idade maior para obter todos os benefícios da aposentadoria, do que a atual idade mínima de 62 anos. Sobre o tema, Macron já disse que é possível negociar.

O governo quer uma “trégua de Natal”, porém os principais sindicatos se recusam a dar, tendo como vanguarda o setor de transporte – que afeta toda a vida das cidades e entre cidades. Quem deve dar trégua são os políticos e empresários que querem retirar os direitos dos trabalhadores.

Uma pesquisa publicada no último domingo, 15/12, aponta que 54% dos franceses apoiam a greve contra a reforma da previdência. Esse número cresceu, mesmo após o impacto das mobilizações: no dia 1/12 eram 46% e no dia 5, 53%. Esses números demonstram que há possibilidade de ampliar as mobilizações e que a CGT, o Solidaires e outros sindicatos permanecem com a postura correta de lutar até a retirada do projeto, sem tentar negociá-lo. Para vencer, será preciso aumentar a organização nos locais de estudo e trabalho. É preciso que os socialistas se solidarizem, divulguem e se inspirem nessa luta massiva da classe trabalhadora francesa contra o projeto de destruição dos direitos sociais.

 

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