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Crise da Saúde do Rio de Janeiro demonstra o fracasso das OS e do modelo de privatização

Facebook Nenhum serviço de saúde a menos

Manifestante no Rio de Janeiro denuncia o não pagamento dos salários

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Segundo a última pesquisa do Datafolha, para 68% dos entrevistados a saúde é o principal problema da cidade do Rio de Janeiro. Este resultado não chega ser surpreendente, afinal estamos vivendo um verdadeiro colapso do sistema de saúde da capital carioca.

Os trabalhadores da saúde, que recebem através das chamadas Organizações Sociais (OS), estão há 2 ou 3 meses sem receber seus salários. Diante de uma situação de completo desespero, estes trabalhadores iniciaram um importante processo de mobilização, com greves e protestos de rua.

O Movimento Nenhum Direito de Saúde a Menos apoia e é parte da organização destas mobilizações, e vem cobrando o imediato pagamentos dos salários destes trabalhadores. A luta não é só pelos salários, mas também é por melhores condições de trabalho, reposição de materiais e remédios, para tentar reestabelecer o atendimento a população que precisa da saúde pública.

O povo mais pobre do Rio de Janeiro vem sofrendo cada vez mais com o sucateamento da saúde pública. Este quadro que já é antigo, piorou ainda mais na atual prefeitura de Marcelo Crivella (PRB).

No mesmo Datafolha, a gestão de Crivella é rejeitada por 72% dos entrevistados, e seguramente um dos principais fatores que explicam o fracasso de seu governo, é o completo caos no siatema de saúde da Prefeitura.

A incompetência do atual prefeito é tão grande que a justiça instituiu um gabinete de crise, para tentar chegar a soluções para esta gravíssima situação. Afinal, se depender de Crivella nada de concreto será feito. Também deve ser cobrada a responsabilidade do Governo do Estado e do Governo Federal por esta situação dramática.

Sem dúvida nenhuma, tudo deve começar por garantir o pagamento em dia dos salários destes milhares de trabalhadores da saúde e também a garantia de investimentos emergências que visem reestabelecer a mínima possibilidade de atendimento da população nos hospitais e postos de saúde.

Acabar com a privatização da saúde

Entretanto, é necessário uma discussão mais profunda e global sobre o atual sistema de saúde do Rio de Janeiro e de outras regiões do país. O modelo privatista baseado nas OS fracassou totalmente, seja do ponto de vista da gestão seja do ponto de vista de prestar um atendimento de qualidade para população – “não se pode mais tapar o sol com peneira”.

A saúde é um dever do Estado e um direito da população. Por isso, é necessário abrir um debate fundamental com os trabalhadores da saúde e com o conjunto da população.

Chegou a hora de acabar com as OS e o processo de privatização da saúde, garantido os empregos e os direitos destes trabalhadores.  Só desta forma poderemos colocar o “dedo na ferida”, enfrentando as reais causas da profunda crise pela qual passa o sistema de saúde na cidade do Rio de Janeiro.

Precisamos resolver os problemas mais urgentes, mas sem deixar de aprofundar a discussão sobre as reais causas da crise do sistema atual. Soluções sérias e profundas não virão de governos como o de Crivella, Paes ou de seus antecessores.

O PSOL deve apoiar ainda mais os movimentos em defesa da saúde pública que estão ocorrendo neste fim de ano. E, no ano que vem, nosso partido deve encabeçar uma frente de esquerda para as próxima eleições municipais, com uma proposta categórica de fim das famigeradas OSs, única forma de garantir uma saúde realmente pública, gratuita e de qualidade, garantindo também todos os direitos destes trabalhadores.

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