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BRASIL

Rui Costa e a síndrome de Estocolmo petista

Lucas Scaldaferri, de São Paulo (SP)

A entrevista de Rui Costa, Governador da Bahia, é um desastre em qualquer perspectiva de análise. Mas quero aqui apontar o que considero ser o erro fundamental ou o vício incurável do Lulismo.

A corrente política majoritária do Partido dos Trabalhadores acredita na possibilidade de reestabelecer um pacto social com as frações burguesas e assim retornar ao poder. Toda a postura do governador é como se o Brasil estivesse numa normalidade democrática. O Golpe de Estado contra Dilma não existe. Todo o pacote de ajuste neoliberal que destruiu e precarizou o trabalho não existe. A escalada autoritária de Bolsonaro e o perigo do bonapartismo não existem.

Quando perguntado sobre a avaliação do primeiro ano do governo Bolsonaro o governador petista se limitou a falar que “tivemos um ano muito difícil, porque se arranhou muito a imagem do Brasil internacionalmente”. Daí podemos compreender que o projeto em curso de destruição de direitos econômicos, sociais e ambientais não aparece no horizonte de Rui.

Para Rui, o PT precisa de um “novo” discurso econômico que aponte como tarefa central as PPPs (Parceria Público-Privada). Com orgulho, disse que votaria no projeto de Bolsonaro para entregar o saneamento básico brasileiro para empresas privadas e aponta que irá fazer isso no seu Estado.

O Lulismo esquece que o Golpe contra Dilma foi no momento onde ela queria aplicar o projeto neoliberal e o capital financeiro tinha o Ministro da Fazenda. O estelionato eleitoral praticado por Dilma gerou o recuo e imobilidade da classe trabalhadora, permitindo que as frações burguesas apoiadas na radicalização da classe média avançasse para a tomada do poder.

A tentativa de Rui de se credenciar para 2022 oferecendo sua realpolitik para a Faria Lima não surtirá efeito. A classe dominante está unificada em torno do projeto econômico de Bolsonaro e a maioria dela até aqui foi conivente com seus arroubos autoritários.

A estratégia petista foi derrotada tragicamente e todos nós estamos pagando um preço alto. A burguesia não rompeu os acordos democráticos consagrados na CF/88 para que o PT retorne ao poder central em curto prazo. Mas a maioria dos quadros dirigentes do PT parecem sofrer de uma forte síndrome de Estocolmo perante a burguesia golpista.