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BRASIL

 Servidores gaúchos começam batalha final para derrotar governo estadual

altemir cozer

Na terça feira (10/12), educadoras e educadores gaúchos, unidos a outros servidores em greve, lotaram a Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre. Botaram mais pressão sobre a já dividida base aliada e o próprio governador Eduardo Leite (PSDB).

Como tem acontecido em todo o período de greve, a quarta semana foi marcada por um ato com mais de 15 mil professores e demais servidores. Centenas de ônibus vieram do interior para participar da assembleia unificada, que deliberou pela exigência de retirada da pauta da Assembleia Legislativa do “pacote da morte” do governo.

Depois do ato na praça, já perto do fim da manhã, os servidores rumaram em passeata para a Secretaria da Fazenda, parando o centro da capital gaúcha.

Policiais civis aderem à luta

No mesmo dia, policiais civis decidiram pela greve no período em que o pacote estiver em votação na Assembleia Legislativa, se o governo não recuar. A mobilização desses trabalhadores pode potencializar a ação de outras categorias que estão em greve desde 18 de novembro.

Foram milhares de policiais, escrivães e delegados que, na parte da tarde, se juntaram aos professores e demais servidores que realizaram a caminhada pela manhã.

Manobras para “mudar sem mudar” e pressão das federações empresariais

Contrários aos trabalhadores do serviço público e à população, defensores do pacote do governo, depois de passar a semana anterior em crise, tentam agora se movimentar em busca de arranjos para alcançar os votos necessários dos deputados.

As grandes entidades empresarias e do agronegócio lançaram uma campanha publicitária midiática para pressionar os deputados. São comunicados, cartas, conversas e reuniões frequentes com os políticos para “convencê-los” a votar a favor do governo.

A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) foi uma das que se posicionou, recentemente, em campanha pública pelo pacote. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL), diz manter relação com 35 dos 55 deputados. Só a Frente Parlamentar do Agronegócio teria 21 deputados. Com o já declarado apoio da Federação das Entidades Empresariais (FEDERASUL) e da Fecomércio, há um quadro nítido: o grande empresariado gaúcho entrou, diretamente, na luta pela aprovação das medidas neoliberais.

O governador do PSDB, com o aval do ministro Paulo Guedes, não abre mão da votação e não quer admitir uma derrota vergonhosa ao retirar os projetos da Assembleia. Como manobra, nos últimos dias, apresentou propostas secundárias, verbas e CCs para amenizar a contrariedade de bancadas da base aliada. Tudo o que o governo se propõe é reparar aberrações para manter a centralidade dos ataques.

Por isso, o sindicato dos professores (CPERS), corretamente, defende a retirada integral do pacote, diferente das bancadas governistas, que trabalham pela criação de substitutivos. Porém, o governo dá sinais de que a estratégia é “ligar a máquina” e votar.

O movimento pode conquistar a vitória

Desde que começou a greve da educação, em 18 de novembro, a simpatia popular e o apoio à exigência de retirada do pacote da Assembleia Legislativa só cresceram. Uma greve inimaginável dividiu a base aliada.

Do lado oposto aos grandes empresários, pequenos comerciantes e produtores têm apoiado a luta dos servidores. Nos parlamentos, foram pronunciamentos públicos de bancadas e moções de mais de 300 Câmaras de Vereadores contra o pacote. Toda essa força irá à prova nos próximos dias.

Chegamos muito bem até aqui, agora é necessário vencer! Para isso, teremos de contar com a militância de centenas de sindicatos do setor privado nos dias de votação na Assembleia. Será decisiva a presença da militância do MST e demais movimentos sociais para os enfrentamentos da Praça da Matriz entre 17 e 19 de dezembro.

O comando geral de greve do CPERS já definiu que, pela manhã do dia 17/12, haverá concentração em vários pontos da capital gaúcha e, depois, caminhada até à praça.

Será preciso superar as manobras do governador e avançar na unidade dos servidores em greve. Será necessário juntar os servidores da Segurança Pública com os da Educação e demais. Enfim, só uma resistência unificada e poderosa poderá barrar a perda de direitos históricos e evitar que as manobras e repressão na praça nos derrotem.