Uma senhora, presente no velório do camarada Danilo, afirmou: “Ele era o silêncio que falava”. Parei pra refletir sobre a frase e passei a relacioná-la ao Danilo e à vida. O Danilo era, sim, uma pessoa bastante tímida, silenciosa, moderada e, sobretudo, compassada e calma. Passava um espírito de paz e paciência, falava pouco e sabia escutar, era, em grande medida, um gentleman, se mostrava “solitário” e solidário. Por ser esse humano de muitos adjetivos, me dei o direito de homenageá-lo com singelas palavras.
O silêncio é um parceiro de muitas horas aos humanos, é necessário enquanto dura e justo quando precisa. Calar faz bem aos humanos, ainda mais nesse mundo das verdades prontas. Escutar é uma arte e uma característica de poucos, isso tornava Danilo um ser diferente e singular.
Pensei então… Os ouvidos são terapêuticos e captam com certeza a profundidade da palavra e do sentimento, por isso concordo com a frase “o silêncio fala”, e fala muito que chega até irritar os incautos. Viva os terapeutas anônimos, pois no mundo da depressão crescente, nada melhor do que alguém pra lhe escutar.
Na política, a palavra é o principal recurso da luta, é a ferramenta por excelência usual e útil nas manifestações e ações. Danilo usava a palavra nos pequenos círculos e núcleos com sua voz serena que alentava nossa alma. Não há como negar, ele era diferente do padrão, do grande orador, construtor e articulador. Ele era um companheiro que falava pelos gestos de generosidade e amizade, seus olhos verdes expressavam verdade.
Partiu o “silêncio que falava”, partiu uma alma magnânima de bela.
Adeus, grande camarada.
30.11.2019
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