Após o rotundo fracasso das mobilizações organizadas pela direita golpista venezuelana, no último dia 16 de novembro, os EUA, os governos capachos do imperialismo estadunidense na região e o próprio Juan Guaidó renovam as ameaças contra a Soberania da Venezuela.
O Chefe do Comando do Sul dos EUA, Almirante Craig Faller, afirmou em recente entrevista que o governo venezuelano está influenciando a recente onda de protestos na América Latina, em especial as insurreições populares no Equador, Chile e Colômbia, e as grandes manifestações contra o golpe de estado de direita na Bolívia.
Uma declaração semelhante já tinha sido dada pelo Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o direitista uruguaio Luís Almagro. Ele afirmou que tanto Venezuela, como Cuba estavam influenciando os protestos. Almagro apareceu frequentemente na imprensa nas últimas semanas, apoiando de forma absurda o golpe militar de direita na Bolívia.
O Comando Sul é o órgão das forças armadas dos EUA responsável por acompanhar toda a macro região do Caribe, América Central e América do Sul. Justamente, é no Comando do Sul dos EUA que um militar brasileiro, o General Alcides de Faria Júnior, está lotado desde de fevereiro deste ano, como um dos seus subcomandantes. Pela primeira vez, um oficial brasileiro se encontra formalmente subordinado às ordens das forças armadas dos EUA.
O Almirante Faller foi adiante, acusando o governo Maduro de estar vinculado e sendo financiado pelo dinheiro de narcotraficantes. Como sempre, sem apresentar nenhuma prova, o alto comando militar estadunidense faz novas acusações, que têm como objetivo a desestabilização política da Venezuela e a tentativa de legitimar uma intervenção externa contra este país, que ousou ser politicamente independente dos ditames dos EUA.
Rapidamente, o autoproclamado presidente fantoche da Venezuela, Juan Guaidó, veio a público fazer coro com as novas acusações levianas dos EUA. Segundo ele, existem infiltrados venezuelanos intervindo nos protestos dos países latino-americanos. Ele chega a acusar o governo de Maduro de estar financiando, com ouro, a guerrilha na Colômbia.
Para esta nova tentativa de atacar a Soberania da Venezuela, o imperialismo dos EUA e seu títere Juan Guaidó, vão contar com o apoio nocivo dos novos governos de direita e de extrema direta da região.
A presidente interina da Bolívia, a golpista de extrema direita Jeanine Añes, já rompeu relações com o governo legítimo da Venezuela e reconheceu Guaidó como presidente. E, segundo o próprio líder da oposição golpista da Venezuela, o direitista Luis Lacalle Pou, novo presidente recém-eleito do Uruguai, vai levar este país a defender a saída de Maduro, no chamado Grupo de Lima, reunião de governos alinhados e subordinados aos EUA na região.
Solidariedade à Venezuela cresce entre os manifestantes
Entretanto, para preocupação dos golpistas, cresce a simpatia e a solidariedade à luta em defesa da Soberania da Venezuela entre os manifestantes em vários países latino-americanos, sobretudo na Colômbia, Chile, Equador e Bolívia.
Ao contrário de seus governos, que são totalmente subordinados aos interesses imperialistas dos EUA, os povos originários, a classe trabalhadora e a juventude latino-americanas estão dando um grande exemplo de luta, enfrentando inclusive uma brutal e criminosa repressão, e demonstrando a cada dia que não aceitarão passivamente esta nova ofensiva recolonizadora da América Latina.
As gigantescas manifestações que vêm ocorrendo em vários países latino-americanos não se explicam devido a uma suposta ingerência externa da Venezuela ou de Cuba. São movimentos justos e legítimos, contra os ditos planos de austeridades, que vem aplicando uma profunda retirada de direitos sociais, arrocho salarial e constantes ataques às liberdades democráticas. Esta nova onda de protestos se transformou na prova cabal do rápido fracasso da tentativa de aplicar a velha e requentada política neoliberal em todo o Continente.
Derrotar a política autoritária e intervencionista de Bolsonaro
No Brasil, quando se aproxima o término do primeiro ano de governo do neofascista Bolsonaro, um dos pontos que devemos destacar negativamente é que a sua política externa significa uma virada de costas em relação aos interesses soberanos dos povos irmãos latino-americanos e uma total subordinação ao governo Trump.
A esquerda brasileira e os movimentos sociais combativos de nosso país devem intensificar a campanha de solidariedade ao povo venezuelano e contra os ataques à Soberania da Venezuela. Esta campanha tem ainda mais importância em nosso país, afinal o presidente neofascista Bolsonaro tem sido um dos grandes pontos de apoio para Trump seguir e aprofundar seus ataques, tanto a Venezuela como a Cuba.
A recente invasão da Embaixada da Venezuela, em Brasília, por setores de extrema direita, com apoio público do deputado Eduardo Bolsonaro e com a presença inicial de um funcionário do Itamaraty, é apenas mais uma criminosa demonstração dos riscos existentes a Soberania da Venezuela neste momento.
Não é necessário apoiar politicamente o governo Maduro para entender o que realmente está em jogo neste conflito. A luta na Venezuela não é entre democracia X ditadura, como tenta demonstrar de forma falsa Trump, seus aliados, a grande imprensa e setores profundamente equivocados da esquerda.
Querem dar um golpe contra Maduro na Venezuela, como fizeram com Evo Morales na Bolívia, para aprofundar a recolonização política e econômica deste importante país do Continente e atacar os mínimos direitos sociais e políticos de nosso povo.
A luta que se trava na Venezuela é uma luta decisiva para todos nós. Caso os planos intervencionistas de Trump, Bolsonaro, Duque e cia sejam vitoriosos, na verdade, quem vai perder serão todos os trabalhadores e a juventude da América Latina. Portanto, a defesa da Soberania da Venezuela deve ser um compromisso de toda a esquerda e os movimentos sociais.
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