O “Brasil Paralelo” e a extrema direita no Brasil recente

Atualmente, um canal chamado “Brasil Paralelo” está ganhando notoriedade no Governo Bolsonaro e participado de projetos, eventos e discussões ligadas a educação e a cultura do país, com o objetivo fundamental de fazer um grande revisionismo histórico no Brasil. São mais de um milhão de inscritos no canal do YouTube e 440 vídeos produzidos e disponíveis, relacionados com temáticas vinculadas a história, política, filosofia e economia. Possuem também uma própria plataforma privada intitulada “Brasil Paralelo”, em que somente os membros assinantes possuem acesso.

O canal/plataforma “Brasil Paralelo” surgiu em 2016, no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, por meio de três ex-estudantes de administração da Escola de Propaganda e Marketing (ESPM), Henrique Viana, Filipe Valerim e Lucas Ferrugem, em um cenário em que a política brasileira estava fragilizada pelo golpe midiático, parlamentar, empresarial e jurídico. Os sócios-fundadores do “Brasil Paralelo” até o exato momento contaram com a participação de 150 entrevistados para a produção de suas séries, documentários, núcleos de formação, debates e podcasts.

Os participantes são integrantes de outros Institutos, por exemplo Instituto Millenium, Von Mises, Liberal, Borborema. Muitos dos quais são jornalistas, figuras públicas, empresários, professores, pesquisadores, advogados, dentre os quais estão Olavo de Carvalho, Hélio Beltrão, Alexandre Borges, Thomas Giulliano, Percival Puggina, Luiz Felipe Pondé, Phillipe de Orléans e Bragança, Lucas Berlanza, Joseita Ustra, Renor Oliver, Laudelino Lima, Flávio Morgenstern, Ícaro de Carvalho, Marcus Boeira, Silvio Grimaldo, Carlos Marchi, Antônio Paim, Rodrigo Constantino, Paulo Cruz, Janaína Paschoal, Joice Hasselmann, Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Lobão, Adriano Gianturco, Rodrigo Gurgel, Jorge Caldeira, Leandro Narloch, Carlos Andreazza, Diego Casagrande, Felipe Moura Brasil, Flávio Gordon, Olavo Mendonça, Gilmar Mendes, Hélio Bicudo, Leandro Ruschel, Claudio Castro, Miguel Reale, Igor Morais, Rico Ferrari, entre outros.

A plataforma “Brasil Paralelo” realizou dois eventos de Encontros Fundadores – Brasil Paralelo, o qual ocorreu em São Paulo, em 19 de agosto de 2017. Nesse mesmo ano, em 10 de abril, foi apresentado na 30ª edição do Fórum da Liberdade. Reuniu diferentes frações de classes na expansão da plataforma “Brasil Paralelo”. Naquela época já estava com 5 mil assinantes e com uma agenda cheia para os próximos anos. Em 2019, ocorreu novamente outro evento organizado pelos integrantes e sócios-fundadores do “Brasil Paralelo” intitulado Fórum Brasil – A última cruzada, realizado em 7 de setembro, em São Paulo, contanto com a participação dos membros assinantes da plataforma, os fundadores e os palestrantes, Luiz Philippe de Orléans e Bragança, Hélio Beltrão, Percival Puggina, Paulo Cruz, Thommas Giulliano, Rafael Nogueira e Armando Alexandre dos Santos, a discussão foi mediada pelo sócio-fundador Filipe Valerim e dividida em 7 temáticas, “Abertura- Nossa Missão”, “Terra de Santa Cruz”, “Pais Fundadores”, “Cultura brasileira”, “Os poderes do Brasil”, “Capitalismo e Conservadorismo”, Literatura brasileira contemporânea e o encerramento.

Para finalizar, no dia 11 e 12 de outubro de 2019 na cidade de São Paulo, ocorreu Conservative Political Action Conference (CPAC), Conferência de Ação Política Conservadora. Organizado pelo filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, a discussão presente no evento era sobre as perspectivas do futuro do Brasil e as diretrizes conservadoras, tendo o canal “Brasil Paralelo” como referência em temas relacionados a educação e a cultura do país.

O evento contou com a presença de figuras ligadas ao Governo Bolsonaro e mediada por membros do canal “Brasil Paralelo” e ex-alunos do Olavo de Carvalho, entre eles, Rafael Nogueira, Flávio Mongestern e Bernardo Kuster, debateram a respeito do “globalismo”, “iluminismo”, “marxismo”, “socialismo”, “esquerdismo”, e homenagearam sua principal referência intelectual, o guru da extrema-direita, Olavo de Carvalho.

Isso é apenas o desdobramento de um canal ligado a extrema-direita no Brasil. Em três anos, atingiram um número significativo de participantes presentes na sua plataforma e no seu canal, levando adiante um projeto de educação dos “figurões” da extrema-direita.
A nossa luta contra o projeto fascista é urgente!

*Mayara Balestro é professora de história em Marechal Cândido Rondon (PR).

Referências

SANTOS, Mayara A. B. “Brasil Paralelo”: um (perverso) canal de poder e hegemonia da “nova direita” no Brasil contemporâneo. Anais: IX Congresso Internacional de História. Universidade Estadual de Maringá-UEM. Out 2019.