A segunda semana de greve dos educadores gaúchos começou com um grande ato em Porto Alegre, maior do que o da quinta-feira da semana passada, quando da deflagração da greve. Foram milhares de educadores, alunos, país e outras categorias de servidores estaduais que lotaram a Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, na terça-feira (26/11). Desde as 13h, centenas de ônibus iam chegando na praça, que a cada instante esta ficava mais cheia de professores de todos os cantos do Estado, com cartazes, faixas e camisetas identificando sua escola e sua cidade.
Perto das 14h30, já éramos mais de 15 mil. Nesses oito dias de greve, com a adesão crescente (chegando a 80% de trabalhadores da educação paralisados – ), a mobilização já produziu situações históricas, muitas que não se via há bastante tempo. Até o momento, existem mais de 1.500 escolas em greve. Centenas de atos já aconteceram em todo o Estado. Em cada região, em cidades grandes, médias ou pequenas, educadores estão organizando caminhadas, abraços simbólicos, visitas às Câmaras de Vereadores para aprovar moções contra o pacote de Eduardo Leite. Muitos professores aproveitaram o primeiro fim de semana de greve para fazer rodas de conversas em praças e parques. O tradicional chimarrão é apenas um adereço para dezenas de aulas públicas e rodas de conversas. No comércio, centenas de lojas estão apoiando o movimento colocando cartazes solidários à greve dos educadores gaúchos.
O “Pacote da Morte”, como está sendo chamado pelos servidores estaduais do Rio Grande do Sul, é tão desastroso que tem provocado reações contrárias até mesmo de setores que fazem parte da base de apoio do governador e, inclusive, da imprensa tradicional. No ato da última terça-feira, a presidente do CPERS (sindicato dos professores e funcionários), Helenir Aguiar, leu uma declaração da FAMURS (Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul) contra o pacote do governo.
Diante do tamanho da greve e da simpatia que adquiriu em amplos setores da população gaúcha, o governador fez dois movimentos que demonstram que ele sentiu a força dos educadores: primeiro, expediu uma ordem de serviço para cortar o ponto dos grevistas; segundo, anunciou que pode alterar pontos da proposta que, na prática, significa o fim do plano de carreira dos educadores.
No ato/assembleia do dia 26/11, os educadores aprovaram um calendário de mobilização para aumentar à adesão à greve, com objetivo de chegar a 90%, obrigando o governador a retirar o “Pacote da Morte” da Assembleia Legislativa, ou então a ser derrotado na votação que ocorrerá a partir de 17/12.
Governador mentirosos, fujão e autoritário
A direção do CPERS tem buscado dialogar, negociar e conversar com o governador, mas ele rompeu a mesa de negociação salarial e agora apresentou este pacote para destruir conquistas históricas dos servidores.
Eduardo Leite (PSDB) se elegeu prometendo que, no primeiro ano de governo, iria colocar em dia o salário atrasado dos servidores. Em campanha, disse que o pagamento dos salários era uma questão de prioridade e de gestão. Quase já acabando o ano de 2019, ele tem “superado” o governador anterior, atrasando o pagamento de outubro para até início de dezembro. Na quinta-feira passada (21/11), o governador do PSDB estava nos EUA e, nesta terça feira, em Brasília. Nem mesmo ficar na cidade ele consegue quando tem manifestação dos servidores.
Se não bastasse ser mentiroso e fujão, no ato/assembleia desta terça feira ele ordenou a brigada militar a atacar os professores do comando de greve que buscavam uma audiência para reabrir o canal de negociação fechado pelo governador. Em vez de abrir as portas do Palácio Piratini (sede do governo) e receber o comando do sindicato, protagonizou o papelão de orientar o secretário da Casa Civil a falar com os servidores na calçada. Não contente, atacou com gás de pimenta e cacetes dezenas de educadoras(es) do comando de greve, entre elas, a presidente do CPERS, professora Helenir.
Diante dos ataques e da postura do governador é preciso:
– Seguir em greve e fortalecer a adesão, construindo o calendário aprovado;
– Derrotar o Pacote da Morte. Exigir sua retirada ou reprovação total na Assembleia Legislativa;
– Defender o plano de carreira e os direitos históricos dos servidores estaduais do Rio Grande do Sul;
– Ampliar a adesão ativa de todos os setores sociais e representações sindicais, políticas e institucionais;
– Construir uma greve geral estadual com marchas a Porto Alegre na semana de votação do Pacote (de 17 a 20 de dezembro).
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