Nesta quinta-feira, dia 21 de novembro, foi realizado o evento oficial, em Brasília, de lançamento do “novo” partido, criado pelo atual presidente, Jair Bolsonaro. A agremiação bolsonarista foi chamada de “Aliança pelo Brasil” e Bolsonaro vai acumular a Presidência da República com a presidência deste partido.
Para que não restem dúvidas de que Bolsonaro controlará absolutamente a legenda, além dele mesmo ocupar a presidência do partido, seu filho Flávio, senador pelo RJ, será o vice-presidente e, seu quarto filho, Jair Renan, será o vogal da organização.
A razão de fundo para este passo é que o projeto de poder de Bolsonaro exige a existência de um partido totalmente subordinado a ele e aos seus interesses políticos e pessoais. Não há espaço para críticas mesmo que pontuais e parciais, vinda até de aliados que ajudaram eleger o atual presidente.
A criação da legenda foi anunciada depois que Bolsonaro deixou formalmente o PSL. A saída da família Bolsonaro e de seus aliados deste partido foi também uma forma de fugir de uma investigação sobre as irregularidades nas suas finanças de campanha.
Especialmente, a necessidade de se desvincular do escândalo dos chamados “Laranjas do PSL“: desvio de verbas de campanha de candidaturas de fachada, especialmente de mulheres, que foram parar na campanha de “figurões” (todos eles homens) deste partido e que, suspeitasse, “irrigou” até a campanha presidencial de Bolsonaro.
A tentativa de fugir das responsabilidades sobre as falcatruas no PSL abriu uma verdadeira guerra interna, entre a “família” e Luciano Bívar (presidente nacional do PSL), que culminou na saída de Bolsonaro deste partido de aluguel.
Extrema direita neofascista tem o seu partido
A maioria da imprensa foi impedida de entrar na reunião que lançou o partido de Bolsonaro, só alguns jornalistas escolhidos puderam cobrir o evento. Fato que não deixa de ser ilustrativo sobre a natureza autoritária e antidemocrática desta legenda.
O documento que anuncia a criação da dita “Aliança pelo Brasil” não deixa margem de duvidas sobre seu componente ideológico. Alguns dos pressupostos principais do bolsonarismo já marcam o DNA deste partido recém criado, e que agora vai buscar agora a sua legalização junto ao TSE.
É parte das diretrizes desta organização, por exemplo: o combate destrutivo à esquerda e aos movimentos sociais, requentando o velho discurso anticomunista; a perseguição aos direitos dos oprimidos, por exemplo, quando ataca a tal ideologia de gênero; um neoliberalismo econômico radical, que prega a destruição dos direitos sociais; a utilização da religião e da fé do povo para legitimar seu projeto político reacionário; a ampliação generalizada do porte de armas (inclusive: o partido vai usar o número 38, em alusão ao calibre do conhecido revólver); a flexibilização da legislação de proteção ao Meio Ambiente; entre outros elementos.
Apesar do nome escolhido, este partido e o governo que o inspira não têm nada a ver com a defesa dos interesses do país. Ao contrário, o governo de Bolsonaro sequer completou um ano, e já assistimos terríveis ataques a Soberania Nacional, como: a entrega da base de Alcântara; os leilões do Pré-Sal; as privatizações das refinarias da Petrobrás, entre outras; a subordinação as ordens de Trump na América Latina, atacando a Soberania de países latino-americanos; entre outros elementos.
Como também, as principais lideranças do partido, começando pela família Bolsonaro, seguirão defendendo o legado autoritário dos anos de chumbo da ditadura; como base ideológica principal dos sucessivos ataques desferidos atualmente contra as liberdades democráticas.
Outro aspecto que marcará desde o início a legenda é a defesa de uma política de segurança publica marcada pelo extermínio da juventude e do povo negro nas periferias das grandes cidades brasileiras. Portanto, não é mera coincidência que durante o lançamento de seu partido, Bolsonaro anunciou o envio de um Projeto de Lei ao Congresso Nacional que isenta de punição os militares e policiais que “cometeram excessos durante operações de garantia da lei e da ordem”.
Este partido vai buscar organizar o núcleo dirigente deste projeto reacionário e autoritário, tentando dar uma direção mais sólida a ele e buscando consolidar as suas ramificações em setores reacionários das igrejas, do pode judiciário, no parlamento, nas forças armadas, policias e até nas milícias.
Embora tenha se evitado, no evento, formalmente, a reivindicação aberta de projetos autoritários do passado, como o fascismo e o nazismo, não pode haver dúvidas de que a chamada “Aliança pelo Brasil” de Bolsonaro será a agremiação partidária que mais agrupará os setores de extrema direita neofascistas em nosso país.
O lançamento do partido de extrema direita neofascista de Bolsonaro reafirma a importância de tarefas bem concretas para esquerda brasileira e os movimentos sociais combativos. Tarefas que são imediatas e não podem ficar presas meramente ao calendário eleitoral de 2020 e 2002.
Segue ainda mais urgente a tarefa de construção e fortalecimento de uma ampla Frente Única de luta dos explorados, oprimidos e da esquerda. Esta Frente Única deve ter a disposição, inclusive, de construir a unidade de ação em defesa das liberdades democráticas com todos os setores que se opuserem ao projeto autoritário de Bolsonaro.
A luta é agora e nas ruas: para derrotar o governo Bolsonaro, seus ataques aos direitos sociais e democráticos e seu “novo” partido de extrema direita neofascista.
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