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MUNDO

Colômbia terá greve geral nesta quinta, 21

David Cavalcante, de Recife (PE)

Mais um país da América Latina, seguindo os ventos de Chile, Equador e Argentina, revela o quanto os trabalhadores e os povos do continente têm sido atacados em sua sobrevivência social, diante dos planos de ajustes neoliberais e neocoloniais a serviço do imperialismo e das grandes corporações. 

Com pouco mais de um ano de governo do presidente direitista Ivan Duque, a crise social e econômica se agrava a cada dia naquele país. O desemprego já superou a casa dos 10% e além da terceirização generalizada que vem rebaixando os salários, a informalidade do mercado de trabalho chega a 45% nas cidades e a cerca de 85% nas zonas rurais, o que tem afetado de forma drástica a arrecadação do sistema de seguridade social. 

Some-se a crise histórica e estrutural da economia colombiana, a relação umbilical que os governos colombianos reiteradamente vem assumindo com o imperialismo, a CIA e o Departamento de Estado Americano, agora aprofundado ainda mais com o governo Trump, tendo inclusive o Estado colombiano aderido ao braço militar internacional do imperialismo, através da OTAN, tudo isso a pretexto de combater o tráfico de drogas quando sabemos que toda droga produzida na Colômbia tem como mercado consumidor o território norte-americano. 

Por outro lado, aumenta a crise política em vista de que Duque como um governo serviçal do Departamento de Estado Americano do governo Trump, já vinha enfrentando uma forte desmoralização por incitar ainda mais confronto com a Venezuela soberana e apoiando o cachorro do imperialismo, Juan Guaidó, este cada vez mais fracassado nos seus sucessivos intentos de golpe. 

Esta semana também caiu o segundo ministro daquele governo. O Ministro da Defesa, Guillermo Botero, que fazia parte do núcleo duro do governo, representante direto de Álvaro Uribe, chefiava a pasta desde que Duque assumiu a Presidência, há 15 meses. Entre as diversas acusações a ele se destacaram na sociedade foi a volta do fantasma dos “falsos positivos” – execuções extrajudiciais a civis apresentadas como baixas em combate –, com vários casos sem esclarecimento em uma nação que vem buscando virar a página após décadas de guerra civil e de sucessivos movimentos guerrilheiros. Botero renunciou diante da acusação de ocultar a morte de oito menores de idade em um bombardeio realizado contra os remanescentes das FARC (guerrilha), no final de agosto.

O crescente questionamento de Duque já havia se manifestado também nas eleições regionais e municipais de 27 de outubro, onde as forças políticas relacionadas ao ex-presidente, Uribe, chefe maior da extrema direita, foram as grandes perdedoras nas principais cidades e governos regionais, destacando-se a eleição da capital Bogotá onde o partido Aliança Verde, em coligação com o centro-esquerdista Polo Democrático, elegeu a primeira mulher lésbica prefeita da capital, Cláudia López, que também tem uma atuação com a temática LGBTi. 

Destaque-se que mais um dos fatores de crise do governo foi a não garantia do cumprimento do acordo de desarmamento com as FARC, que após celebrar os acordos com o governo passou a ter dezenas de ex-combatentes perseguidos e mortos por forças paramilitares com a omissão do governo Duque que passou inclusive a pregar a revisão do mesmo acordo quando os ex-guerrilheiros já haviam entregado as armas e os territórios, motivo pelo qual um setor dissidente das FARC (partido) voltou para a luta guerrilheira em vista de ameaças de extradição de dirigentes para os EUA e assassinatos de militantes. 

O Comando Nacional Unitário (CUT, CGT, CTC, CPC) e vários movimentos sociais convocam a Greve Geral contra o pacote de ajustes 

Ante o aprofundamento da crise social e econômica o governo Duque e as classes patronais, através dos seus parlamentares, desencadearam uma ofensiva ultraliberal para sair da crise atacando ainda mais a classe trabalhadora, os camponeses, perseguindo ativistas sociais e precarizando ainda mais as formas de contratação combinadas com privatizações e reformas da previdência.  O projeto prevê uma reforma trabalhista e do sistema de previdência, em cumprimento às orientações da OCDE, que buscam recuperar a taxa de lucro dos empresários às custas do achatamento do valor da força de trabalho e do fortalecimento dos fundos privados de pensões. 

O projeto neocolonial de Duque inclui o pagamento de salário apenas pelas horas líquidas trabalhadas, o salário mínimo diferenciado por regiões para baixar a média nacional, a eliminação das horas extras, aumento da idade mínima para se aposentar e dos percentuais de contribuição, imposição do sistema de capitalização individual eliminando o sistema de solidariedade geracional, entre outras medidas draconianas a serviço do grande capital que também incluem as privatizações do patrimônio público contidas no chamado “Plano Nacional de Desenvolvimento.”

Diante de tantos ataques, foi realizado na Colômbia no dia Encontro Nacional de Emergência do Movimento Social e Sindical, no dia 04 de outubro, que aprovou com a participação de mais de 100 entidades sindicais e dos movimentos sociais, uma jornada de lutas que culminará com a greve geral deste 21 de novembro. Esperemos que seja um forte dia de lutas e enfrentamentos e que se possa reverter os brutais ataques do fiel escudeiro do governo norte-americano naquele país. Os trabalhadores colombianos também se levantam contra a ofensiva neocolonial. Toda solidariedade! 

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Colômbia