Na Bolívia e no Brasil, eles são os mesmos

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

Na Bolívia, eles se dizem a favor da democracia, mesmo apoiando um golpe militar e ignorando a Constituição. No Brasil, eles justificaram o golpe que tirou Dilma da presidência alegando a luta contra a corrupção. Mas ignoram a corrupção dos políticos que defendem seus interesses.

Na Bolívia, eles mostram seu racismo queimando a Wiphala, símbolo da diversidade do país e dos respeito aos indígenas. No Brasil, eles demonstram seu racismo promovendo a perseguição a templos de religiões de matriz africana.

Na Bolívia, eles comemoram o massacre de indígenas que se rebelam contra o golpe. No Brasil, eles comemoram a matança que a polícia promove nas favelas habitadas em sua maioria pela população negra.

Na Bolívia, eles usam a religião cristã para legitimar o golpe e desprezar a cultura indígena. No Brasil, eles tentam usar o cristianismo para justificar o desprezo pelos Direitos Humanos.

Na Bolívia, eles agrediram e humilharam uma mulher indígena em público porque ela apoiava o governo de Evo Morales. No Brasil, eles usaram adesivos de teor machista para debochar da primeira mulher Presidente da República.

Na Bolívia, eles usam como massa de manobra a população das regiões mais ricas e de maioria branca, como Santa Cruz de La Sierra. Também promovem o preconceito contra as regiões mais pobres e  de maioria indígena. No Brasil, eles chamam os nordestinos de “paraíbas” e promovem o ufanismo regional de paulistas e sulistas.

Na Bolívia, eles têm como líder um miliciano com um discurso religioso, violento e racista, que é apoiado pelos Estados Unidos. No Brasil, bem, tirem suas conclusões.

Os dois países são diferentes. O golpe de 2019 na Bolívia tem diferenças em relação ao golpe de 2016 no Brasil. Mas nos dois países o chorume social se levantou e fez a diferença, destruindo a democracia, atacando o povo e promovendo retrocessos.  São o mesmo tipo de gente, o mesmo tipo de preconceito, o mesmo tipo de rancor, o mesmo tipo de ódio ao povo e submissão às elites.

Não nos enganemos. O inimigo é internacional. A resistência também deve ser. O que acontece com o nosso vizinho vai animar o chorume social aqui também. A mobilização contra o golpe na Bolívia não é apenas solidariedade. É lutar para não ter o mesmo destino.