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E agora, Lula?

Por uma jornada nacional de mobilizações contra Bolsonaro e seus ataques aos direitos sociais e às liberdades democráticas

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

O fim da prisão política de Lula é, sem duvida nenhuma, uma vitória da luta contra o golpe parlamentar e a escalada autoritária que está em curso em nosso país, e que se intensificou com a eleição do neofascista Bolsonaro.

Compartilho da felicidade deste momento, junto com a esmagadora maioria dos que lutam para derrotar o projeto de extrema direita neofascista. Não entender a importância deste fato, se revela com mais um grave erro político, que setores da esquerda teimam em insistir.

Evidentemente, ainda existe a necessidade de seguir a campanha em defesa dos direitos democráticos do ex-presidente, principalmente anulando as sentenças viciadas e fraudulentas de Moro. Desmoralizar o verdadeiro conluio da Lava Jato, muito bem exposto pelas denúncias do The Intercept Brasil.

Os partidos de esquerda, os movimentos sociais combativos e o próprio Lula – e principalmente ele – devem entender que cenário político aberto com a sua libertação favorece a possibilidade de uma retomada mais expressiva de mobilizações de rua.

Lula, com o apoio popular que ainda mantém, deve se colocar à frente de um amplo movimento de oposição a este governo de extrema direita e seus terríveis ataques aos direitos sociais e as liberdade democráticas.

Não podemos confiar que o Congresso Nacional, o STF ou demais instituições deste regime político podre e decadente irão parar de verdade a escalada autoritária e a destruição dos direitos e do próprio país, desferidas por este governo que é amigo dos ricos e poderosos e inimigo dos explorados e oprimidos.

Não apoiamos os 13 anos de governos do PT em aliança com partidos da velha direita, como o MDB de Temer. Mesmo hoje, seguimos contra a estratégia da direção do PT de construir uma oposição moderada a Bolsonaro. A direção do PT permite, inclusive, que seus governadores apoiem importantes pontos da contrarreforma da Previdência Social de Bolsonaro e Guedes e o leilão da reservas do Pré-Sal.

As importantes diferenças políticas, programáticas e de projeto para o país não podem e não devem ser deixadas de lado. Mas, estes debates entre os distintos projetos políticos da esquerda e da oposição a Bolsonaro devem conviver com a construção prioritária de uma ampla frente única dos explorados e oprimidos, em defesa dos direitos sociais; e a necessária unidade de ação contra os ataques às liberdades democráticas, com todos os setores que discordem da atual escalada autoritária.

As eleições municipais do ano que vem serão um momento muito importante para o enfrentamento ao bolsonarismo. Não devemos tratá-las como uma tarefa pouco importante. Entretanto, seria um verdadeiro absurdo simplesmente esperar o processo eleitoral para enfrentar o atual projeto que governa o país, que representa a completa destruição da Soberania Nacional, do Meio Ambiente, dos direitos, dos serviços públicos e das liberdades democráticas.

Portanto, não podemos ficar parados, como meros expectadores, até 2020 ou 2022. Não há atalhos possíveis para enfrentar a gravidade da situação política brasileira. Nossa estratégia deve ser seguir os exemplos dos trabalhadores, dos povos originários e da juventude do Equador e do Chile.

Lula, o PT, os demais partidos de esquerda, as centrais sindicais, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e os demais movimentos sociais combativos, devem convocar imediatamente uma ampla e unitária jornada nacional de mobilizações, com atos de rua em todas as capitais e principais cidades brasileiras, construídos pela base, a partir dos locais de trabalho, estudo e moradia.

O momento exige coragem e firmeza: chegou à hora de derrotar o governo Bolsonaro nas ruas.

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Lula livre