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OPRESSÕES

Mães e pais da UFABC protestam após aluna ser proibida de assistir aula com o filho

Julia Castro, do ABC

No dia 17/10 a comunidade acadêmica da UFABC se mobilizou para garantir às mães e pais o direito de continuar os estudos. A ação foi organizada em repúdio à exclusão de uma mãe de uma disciplina da graduação por ter levado o filho à aula. Na reunião da Comissão de Graduação foi lida uma nota do Coletivo de mães e pais da UFABC e feito um apelo aos coordenadores de curso para que nenhuma mãe precise abandonar o curso.

A estudante do curso de Ciências e Humanidades da UFABC N., de 26 anos, trabalha de manhã e de tarde, e nem sempre tem com quem deixar seu filho, de quatro anos, na hora em que vai para a universidade, à noite. De acordo com a estudante, logo no início da aula, foi indagada pela professora sobre o motivo da criança estar na sala. “A partir daí começou um questionário e constrangimento na frente de todos os colegas de classe com perguntas sobre meu filho”, relatou a aluna. Ao final da aula, a professora pediu que não levasse mais a criança e a aluna recebeu o comunicado abaixo.

O episódio trouxe à tona as dificuldades enfrentadas por mães estudantes que não encontram apoio nas políticas públicas para o desenvolvimento de suas atividades. As escolas públicas da região têm poucas vagas e o horário de atendimento é reduzido, o que torna praticamente inevitável que mães e trabalhadoras da Universidade tenham que levar seus filhos para os campi em alguns momentos.

Iniciativas de outras universidades federais como a UFF e a UnB mostram que é possível criar espaço de acolhimento para as crianças, melhorando as condições para todas. As iniciativas mostram também que o acolhimento das crianças é um tema compartilhado entre as Instituições Federais de Ensino Superior que não pode ser ignorado.

A situação torna-se ainda mais crítica no atual momento em que as Universidades estão com orçamento estrangulado e sob constante ameaça de cortes de recursos pela dupla Bolsonaro/Weintraub. No entanto, a mobilização em defesa das mães e pais, estudantes, servidores e docentes mostra que ninguém está disposto a dar um passo atrás na luta pelo direito à educação pública, gratuita e de qualidade.