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Colunas

O projeto da extrema direita e a militarização do governo Bolsonaro

Segue aumentando o peso da elite das Forças Armadas em postos chaves da administração federal

Bolsonaro com militar, em 2017

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

O jornal Folha de S. Paulo publicou informações relevantes em relação ao aumento de postos no governo federal que estão sendo ocupados por representantes da cúpula das Forças Armadas, especialmente do Exército.

O aumento na presença de militares de alta patente no governo federal começou a crescer ainda na gestão de Michel Temer (MDB-SP), logo em seguida ao golpe parlamentar do impeachment. Foi neste governo que pela primeira vez, desde o fim da ditadura, que o Ministério da Defesa foi entregue para um militar, o General Joaquim Silva e Luna.

Atualmente, além de Bolsonaro e o vice-presidente Mourão, 8 dos 22 ministros são militares. Hoje, o número total de postos ocupados por militares na administração federal ultrapassa os 2.500, um aumento de 325 cargos em relação ao governo ilegítimo de Temer, apenas nos primeiros nove meses de Bolsonaro na Presidência.

No Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado pelo General da reserva Augusto Heleno, e onde estão alocados os serviços de inteligência e espionagem do governo, como a ABIN, mais 1.000 militares ocupam cargos hoje; Na Vice-Presidência, o número de militares saltou de 3 para 65; no Ministério do Meio-Ambiente, de 1 para 12; e no Ministério da Justiça, de 16 para 28, só para ficar em alguns exemplos mais importantes.

Este processo está longe de ser um mero acaso. É parte inerente da construção do projeto político de extrema direita com fortes traços neofascistas, que se apóia na defesa do legado perverso e ultra reacionário da ditadura militar, abertamente defendido por Bolsonaro, Mourão, os ministros militares e a maioria da elite das Forças Armadas.

A cada crise interna no atual governo, cresceu o espaço dos militares, demonstrando que Bolsonaro se apoia  cada vez mais na cúpula das Forças Armadas para governar. Esta constatação é mais um elemento que demonstra que não estamos numa normalidade democrática e vivemos, na verdade, uma escalada autoritária nos últimos nove meses.

Esta situação aumenta ainda mais a necessidade de uma ampla unidade de ação em defesa das liberdades democráticas.

Bolsonaro protege os privilégios da elite das Forças Armadas

Diante deste cenário, não chega a causar surpresa que a proposta do governo de mudanças no sistema de previdência dos militares mantenha e aprofunde os privilégios das altas patentes das Forças Armadas.

A maioria dos trabalhadores brasileiros viram seus direitos previdenciários brutalmente atacados pela contrarreforma da Previdência Social, proposta por este governo e pela maioria corrupta e reacionária do Congresso Nacional, em final de tramitação no Senado.

Entretanto, na proposta do governo de alteração na previdência específica da carreira militar, que se encontra parada numa comissão especial na Câmara, os militares de altas patentes terão novas gratificações incorporadas aos seus soldos, como uma espécie de compensação devido ao aumento do tempo de serviço necessário para acessarem a aposentadoria. Aumento este, inclusive, que será muito inferior aos que sofreram os demais trabalhadores brasileiros.

O absurdo é tão grande, que este privilégio abarca apenas a cúpula dos militares, sendo que a ampla maioria dos militares será mais atingida pelas mudanças, e sem a benção de “gordas” gratificações. Um escândalo.

Especialmente os Generais ocupam cargos no governo e se utilizam deles para defender seus próprios privilégios. Basta.

É necessário organizar a nossa indignação. As direções das centrais sindicais e dos movimentos sociais combativos devem retomar imediatamente o calendário unificado de mobilizações. Unir às nossas lutas para derrotar o Governo Bolsonaro nas ruas.