Ao contrário do que afirma a campanha midiática em torno da Lava Jato, realizada desde 2014 pela grande imprensa (especialmente a TV Globo), o objetivo desta operação nunca foi limpar a política brasileira da corrupção.
A corrupção na política é parte inerente do sistema capitalista. Sistema este que a Lava Jato nunca se propôs sequer impor limites. Na verdade, sua ação visou ainda por cima abrir ainda mais a economia brasileira para que avançasse um novo processo tanto de privatizações e como de internacionalização da nossa economia.
O objetivo político central da operação foi construir uma narrativa que justificasse o golpe parlamentar do Impeachment e sua agenda reacionária, avançando em contrarreformas que destruíssem direitos históricos do povo trabalhador, sempre disfarçado de um discurso de uma pseudo-modernização do Brasil.
Por muito tempo, o consenso autoritário em torno desta operação jurídico-policial contaminou até setores da esquerda brasileira. Diante dos graves erros e concessões políticas e programáticas que os governos petistas fizeram as grandes empresas e bancos, uma parte da esquerda avaliou equivocadamente que seria oportuno embarcar num tal sentimento anti-petista, que já estava sendo dirigido por uma nova direita e pela extrema-direita, pelo menos desde as marchas reacionárias que se iniciaram em março de 2015.
A independência política da classe trabalhadora e do conjunto dos explorados e oprimidos é um princípio para os socialistas. Portanto, a luta contra a conciliação de classes não pode ser “terceirizada” para setores da classe dominante, que sempre fizeram do apoio a Lava Jato o caminho principal para sua retomada direta do governo, para aplicar uma agenda ultra-neoliberal.
Dilma (PT), ainda no governo, tentou aplicar e intensificar contrarreformas que buscavam atender os ditames do mercado. Mas, os governos do PT não teriam mais condições de aplicar “com mão de ferro” os ataques aos diretos sociais que era exigido pelo mercado e que estamos enfrentando desde o golpe parlamentar de 2016, seja com Temer seja agora com o neofascista Bolsonaro.
A divulgação dos vazamentos das conversas secretas e comprometedoras do ex-juiz Moro, de Dallagnol e de outros procuradores da Lava Jato abriram uma espécie de “caixa de pandora”, demonstrando de forma inequívoca os reais objetivos desta operação, que já dura mais de 5 anos.
Lava Jato com prestígio abalado
As publicações do Intercept Brasil e de outros órgãos da grande imprensa de nosso país vem colocando a nu todo o conluio que foi montado para justificar o Impeachment; condenar sem provas Lula, transformá-lo num preso político e afastá-lo da possibilidade de concorrer à presidência. Desta forma, fica evidente que a Lava Jato influenciou ilegalmente nas eleições de 2018.
A defesa dos direitos políticos de Lula, mais uma vez, não se confunde com qualquer apoio ao seu projeto político de conciliação de classes. Fomos da oposição de esquerda aos governos do PT de aliança com a velha direita e, hoje, seguimos lutando contra a política de conciliação de sua direção. Evidenciada, por exemplo, no apoio dos governadores do PT e de outros partidos de oposição estão dando a pontos fundamentais da contrarreforma da previdência social de Guedes e Bolsonaro.
Entendemos a luta pelo fim da prisão política de Lula como parte da luta mais geral da luta contra o golpe e sua agenda reacionária; e em defesa das liberdades democráticas, seriamente ameaçadas pela escalada autoritária representada pelo governo Bolsonaro. Negar a defesa ou a importância desta luta é deixar de dar um duro combate a um aspecto central do projeto golpista em curso em nosso país.
Com início e desenvolvimento da #Vazajato não só se ampliou o desgaste da operação,mas gerou também outra conseqüência: muitas das organizações da esquerda que mantinham um apoio a esta operação, ou apenas faziam exigências a ela, começam – uma a uma –abandonar essa política extremamente equivocada. Esperamos que essa correção de rumo, mesmo que parcial, possibilite uma unidade política em torno do combate unificado ao caráter reacionário da Lava Jato e a defesa dos direitos políticos de Lula.
Combater mais uma manobra dos procuradores
Diante de crescente percepção da opinião pública sobre o caráter seletivo e reacionário da Operação Lava Jato, Dallagnol e os procuradores de Curitiba tentam mais uma manobra espúria.O pedido de progressão da pena do ex-presidente Lula para um regime semi-aberto, nada mais é que uma tentativa – meio atabalhoada, é verdade – de escamotear o desgaste da Lava Jato.
Apostam em ganhar tempo, para “baixar a poeira” e tentar tirar o foco do debate sobre a liberdade de Lula, do afastamento de Moro do Ministério da Justiça e da instalação no Congresso Nacional de uma CPI que investigue a #Vazajato.
A decisão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ilegalidade de que sejam as delações que deem a última palavra nos julgamentos no âmbito da Lava Jato, confirmada hoje, pode chegar até a ameaçar algumas das Sentenças tomadas por consequencia da operação. Mas, a virada deste jogo, de verdade, só poderá vir de uma ampliação qualitativa das lutas de resistência. Não devemos confiar que tanto o STF como o Congresso Nacional vai parar de fato os desmandos da Lava Jato.
Atualmente, a questão política central está muito acima do tipo de regime que será executada a prisão política de Lula. A necessidade urgente é anular as Sentenças de Sérgio Moro, demonstrando o caráter seletivo e ilegal de suas decisões e procedimentos.
Por isso, nossa estratégia deve ser ampliar e fortalecer nas ruas às mobilizações contra os duros ataques aos direitos sociais e democráticos desferidos por este governo. E, da mesma forma, seguir demonstrando para a maioria da população o conluio da Lava Jato.
. Lula Livre Já.
. Afastamento de Moro do Ministério da Justiça.
. CPI da #Vazajato já
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