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BRASIL

Vereadores de Santo André (SP) a um passo de proibir a educação sexual e de gênero nas escolas

A segunda votação do projeto pode ocorrer nesta terça, 17 de setembro.

Lígia Gomes*, do ABC

O projeto de lei proíbe a discussão em todas as escolas do município de temas de gênero, além de vedar expressamente o trabalho de orientação sexual nas escolas. Exceto pelos cinco representantes do PT, que foram contrários, todos os demais 16 vereadores foram favoráveis ao projeto.

O projeto é integralmente baseado em informações errôneas, em argumentos falaciosos, como o do proponente do projeto, vereador Sargento Lobo (SD): “É comprovado que, numa dinâmica com crianças, os meninos vão no carrinho e as meninas na boneca. Isso não é assunto que cabe nas escolas.

Em sua sanha repressora, o vereador ignora que não é disso que trata a educação sexual e de gênero nas escolas, mas de salvar a vida das nossas meninas e mulheres, de combater o bullying e o sofrimento mental de meninas e meninos que não se adequam aos padrões normativos, de construir conhecimento para a prevenção de gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, relacionamentos abusivos. Enfim, trata-se de efetivamente construir uma educação para a vida em sociedade.

Quatro meninas de até 13 anos
são estupradas por hora no Brasil

Tragicamente a votação foi realizada na mesma semana em que foram divulgados os dados de que quatro meninas de até 13 anos são estupradas por hora no Brasil, a maioria por pessoas próximas ou conhecidas, muitas vezes em casa. A escola tem a obrigação de ajudá-las a compreender o abuso, e de atuar em defesa das meninas. Justamente o que os vereadores de Santo André querem proibir.

Nesse contexto, o troféu incoerência vai para o vereador do PSDB, André Scarpino, que votou a favor do projeto, mas com a ressalva de que “90% dos casos de abuso sexual se dão dentro do convívio familiar. Então acredito que o ambiente de discussão é na escola”. Como a escola poderá discutir o assunto com a proibição que ele ajudou a aprovar segue sendo um mistério.

Todos à Câmara para barrar o projeto

Ativistas LGBTQ+, educadores, estudantes, junto a outros movimentos que defendem uma educação sem censura e partidos como o PSOL e PT convocam todas e todos a pressionar os vereadores da sessão da câmara dos vereadores do dia 17 de setembro, a partir da 15h. É preciso mostrar que esse aceno reacionário da maioria dos vereadores custará vidas, e que nossos direitos não podem ser servidos numa bandeja para saciar aqueles que só se satisfazem com a miséria alheia.

*Com informações do Diário do Grande ABC