Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), a desigualdade dos brasileiros atingiu o maior patamar já registrado no 1º trimestre de 2019. De acordo com o índice utilizado, a desigualdade vem subindo desde 2015, que as pessoas que ganham menos sofrem mais os efeitos da crise do que os que possuem renda maior, e após a crise, os ricos tiveram aumento de 3,3% da renda acumulada. Já os mais pobres, tiveram uma queda de mais de 20%.
Dados da LCA Consultores/IBGE mostram que o número de pessoas em situação de extrema pobreza no país aumentou de 2016 para 2017, de 11,2%(13,34 milhões) para 14,83%(15,83 milhões). Representando retrocessos após anos de diminuição desse índice, ressalta, ainda, crescimento da miséria no Sudeste com mais de 3.27 milhões de pessoas extremamente pobres, em especial nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Aprofundando as condições precárias de vida da maioria da população, o DIEESE atualizou o custo médio do conjunto de alimentos que compõe a cesta básica, e constatou, no mês de julho, que a cesta mais cara foi de Porto Alegre (R$ 493,22), São Paulo (R$ 493,16) e Rio de Janeiro (R$ 479,28). Com base na cesta mais cara, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima que o salário mínimo deveria equivaler a R$ 4.143,55, ou seja, 4,15 vezes o mínimo de R$ 998,00.
Em consequência dessa total perda de direitos, o Brasil tem 101 mil pessoas, sendo, 14 mil só no Estado do Rio de Janeiro vivendo em situação de rua, como aponta dados do IPEA, como resultado da crise econômica, o desemprego e a concentração de renda.
O país possui 18,6 milhões de brasileiros em quadro de distúrbios relacionados à ansiedade e 11,5 milhões de pessoas em depressão, considerando os registros da Organização Mundial de Saúde – OMS/2017.
Nessa situação, o que fazem nossos governantes? Nada para solucionar, apenas para piorar o quadro epidemiológico da população, como apontam os Indicadores da OMS:
- No ano de 2016 foram diagnosticados e registrados 66.796 novos casos e 12.809 casos de retratamento de TB no Brasil.
- No Estado do RJ/Abril 2018: ERJ tem o maior coeficiente de mortalidade por tuberculose.
- O estado do RJ está em 2º lugar entre as unidades federativas, de óbitos por HIV/AIDS; vive um crescente número de casos por Sífilis, sendo, sobressai a taxa de óbitos de nascidos vivos por Sifilis congênita.
- Mundialmente cresce a mortalidade, morbidade e a incapacidade atribuídas as principais doenças não transmissíveis e seus fatores como: hipertensão arterial, hipercolesterolemia, pouca ingestão de frutas e hortaliças, excesso de peso ou obesidade, falta de atividade física e consumo de tabaco. Levando a doenças cardiovasculares, a diabetes tipo 2 e determinados tipos de câncer.
Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU, a população negra apresenta os piores indicadores de saúde se comparadas aos brancos, vivem com menos qualidade, mais vulnerável a doenças, pois está sob maior influência dos determinantes sociais de saúde, ou seja, as condições em que vive e trabalha, a insalubridade, as baixas condições sanitárias ás quais estão submetidos. A soma desses indicadores de vulnerabilidade aumenta a risco de perder a vida.
Este quadro afirma a perda total de direitos que determinam a saúde das pessoas como acesso ao trabalho e habitação digno, alimentação adequada, saneamento básico, transporte e lazer. Levando ao quadro de adoecimento físico e mental.
Exigimos:
A revogação da EC95;
Que seja instituída a Lei de Responsabilidade Sanitária, responsabilizando gestores que não melhorarem o perfil social e epidemiológico do seu povo;
Fortalecimento da Atenção Básica com ampliação da Estratégia de Saúde da Família e da Rede de Atenção Psicossocial;
Política de trabalho e renda.
*Cintia Teixeira é militante do setorial de saúde do PSOL , corrente Resistência
Comentários